Motaury Porto

60 anos no auge

Aos 60 anos, fotógrafo redescobre surfe na piscina de ondas da Surfland em Garopaba (SC).

0

Fotógrafo, surfista, e amante dos esportes aquáticos, Motaury Porto pega onda na Surfland em Garopaba (SC). Na ocasião, ele caiu com uma Zabo Surf Boards, 5’2” – 30 litros.

Legend da fotografia, Motaury começou na Fluir e  é autor do livro Muitas Águas. Lançado em 2013, Muitas Águas reúne as crônicas dele publicadas no Waves.

Perto de chegar aos 60 anos de idade, Motaury revela como foi a experiência de pegar onda na piscina Surfaland:

Outro dia desses cheguei em casa e falei pra minha esposa: “Acabo de começar um novo esporte”- Ela respondeu: “Mais um???” e demos risada.

Isso porque já venho desde 2017 na prática constante do foilsurf, além do kitesurf wave, SUP wave e surfe de pranchinha. Aliás, o surfe de pranchinha já tinha praticamente desistido, afinal de contas, já surfo desde meus 8 anos de idade (1972), na época com as pranchas de isopor.

O que me desestimulou no surfe, foi o crowd constante e em muitas das vezes, a qualidade das ondas, que deixam a desejar; sendo que no foilsurf, seja na prone surfing (remada) ou no tow foil (rebocado), as possibilidades são muito mais amplas. Mas isso até um amigo meu, Lucas Petroni (Mico), que mora em Santos (SP), vir até a recém inaugurada Surfland em Garopaba (SC), onde resido parcialmente durante o ano, para pegar umas ondas, isso no final de novembro do ano passado.

Inicialmente não me empolguei, pois não botava muita fé na onda da piscina. Mas minha impressão mudou completamente, ao ver a máquina gerando aquelas potentes e perfeitas ondas.

Meu coração disparou e senti aquela vibe gostosa que sentia quando comecei a surfar ou quando ia pegar onda em um novo pico ou surftrip. Era à noite, e minha sessão foi a última, que naquele início ainda ia até 23 horas.

Resumindo, redescobri o surfe, e principalmente, o surfe de piscina.

Tive uma certa dificuldade para pegar o jeito nas primeiras sessões, pois tem uma dinâmica bem diferente do mar. Seja pela flutuação da prancha na água doce, seja pelo drop na onda e leitura de cada uma delas, já que existe um cardápio de ondas, sim, um cardápio de ondas com várias opções, para todos os níveis. Eu inclusive já vi uma prancha se quebrar ao meio e já estourei uma cordinha minha.

A onda que tenho me dedicado é a Avançado Plus (T 2 – B 1). Ainda não fui na Expert Barrels (B2 – B3), mas logo irei investir nessa sessão.

O que está sendo incrível é que sempre tive dificuldade para entubar, um ponto fraco no meu surfe, e agora tenho treinado e dedicado horas e horas pra me aperfeiçoar. Outro fator muito legal, é que em 50 minutos (o tempo de cada sessão) pega-se no mínimo 10 ou 12 ondas, e somos muito exigidos no condicionamento físico.

Com relação ao empreendimento, é algo espetacular. Parabenizo todos os envolvidos na construção deste maravilhoso projeto, que está gerando receitas para a economia regional, com a criação de dezenas de novos empregos diretos e indiretos, com fornecedores das mais diversas áreas, fomentando o turismo no município e Estado de Santa Catarina, já com muita força econômica no cenário nacional.

Tenho encontrado vários amigos e feito novos também. Um deles que sempre encontro e faz um trabalho primoroso lá é o Amauri “Piu” Pereira; surfista que junto com Fábio Gouveia e Teco Padaratz, ajudaram a abrir as portas para o Brazilian Storm nos anos 1990.

Acredito que as piscinas ajudarão e muito, na evolução dos surfistas, seja para amadores ou profissionais.

Aproveito, já que tenho mais de 30 anos de experiência com fotografia de surfe, para agradecer os fotógrafos do Surfland aqui de Garopaba, pois graças ao trabalho deles, posso ter minhas ondas e agora tubos, registrados.

Nem nos meus melhores sonhos imaginaria aos 60 anos estar vivendo esse sonho, um sonho real, surreal.