#Durante o Rio Surf International, etapa do WCT realizada em outubro, na Barra da Tijuca (RJ), a equipe Waves conversou com o Top 44 Flávio “Teco” Padaratz, brasileiro melhor colocado no ranking WCT 2000, ocupando a nona colocação. Há dez anos disputando o WCT e bi-campeão do WQS (divisão de acesso do circuito), Teco foi um dos primeiros surfistas brasileiros, junto com Fábio Gouveia, a competir no Circuito Mundial, e é responsável direto pelo alto nível que o surf brasileiro se encontra atualmente. Nessa entrevista, Teco mostrou muita serenidade e confiança, peças importantes para a conquista de seu objetivo, o título mundial.
Quais suas expectativas para o final do ano?
Bom cara, eu tô me concentrando mais na escolha das minhas ondas e esse lance de expectativa… descobri que o segredo é não ter expectativa. O negócio é entrar na água e mandar bem sem perder a concentração.
O fato de você ser um veterano no Tour te passa mais confiança ou você sente mais pressão por ter que passar experiência para os novatos?
Ajuda porque eu consigo ter mais calma nas baterias, e a experiência só ajuda, ela não traz nenhum tipo de pressão em minha cabeça.
Você uma vez declarou que seu maior adversário é você mesmo, e que você procura não olhar as ondas dos seus adversários. Como é essa história?
A parada é a seguinte, eu tenho consciência do meu potencial e sei até onde eu posso chegar. Em uma bateria que eu escolher bem as ondas e surfar o que sei, provavelmente vou ganhar. É ai que eu tiro a concentração do adversário. Tem um livro que eu li que diz: “você tem que encarar seus adversários como parceiros de trabalho”.
Sua linha de surf evoluiu visivelmente, hoje em dia você tem um surf mais fluido e sua linha está mais bonita. A que você atribui essa mudança?
Pois é, meu surf era “freakado” demais, às vezes eu mexia a prancha sem necessidade. Foi quando eu saí do Tour e aproveitei para viajar, surfar ondas melhores e desenvolver uma linha de surf e de pranchas melhores. Demorou dois anos para que eu desenvolvesse a prancha ideal. Como a velocidade é o segredo do meu surf, as pranchas ficaram mais retas, o que me proporcionou uma melhor troca de borda.
O critério de julgamento mudou e teoricamente os juízes estão valorizando mais as manobras de vanguarda. Qual a sua opinião sobre esse novo critério? Você acha que realmente as manobras modernas estão sendo valorizadas ou ainda está ocorrendo uma transição?
Sem dúvida nenhuma estamos passando por um momento de transição, mas o julgamento mudou e nós tivemos um exemplo bonito do novo critério. Foi na bateria entre o Taj Burrow contra o Greg Emslie. O Greg pegou uma onda e fez várias manobras e o Taj pegou uma onda de três manobras, sendo que a segunda foi linda e ele ganhou quase um ponto a mais que o Greg pela radicalidade da manobra.
E na sua opinião, esse é o caminho?
Na minha opinião, o fato de o cara julgar onda por onda dificulta demais o julgamento. Sempre vai ter uma onda junto da outra e o juiz vai ficar preso a uma nota que ele deu antes. Aí tem que compensar aquela que ele errou, e ele tem pouco segundos para avaliar quanto valeu uma onda. Eu acho que o cara poderia avaliar a atuação de cada atleta na bateria e no final tirar suas conclusões do desempenho do atleta na bateria inteira. Assim o atleta está livre para surfar como ele quiser e quantas ondas ele quiser, sem precisar ficar indo até a beira. Basta chegar no outside e mostrar o que sabe. Mas até que chegar nesse ponto deverá ter muitos testes.
Como estão suas pranchas? Você traz várias para o campeonato ou escolhe uma de acordo com as condições?
Eu procuro ter uma prancha que se adapte a qualquer tipo de condição, a não ser quando o mar muda muito. Eu tenho uma 6’2″ que sempre uso em condições normais.
Você tem liberdade para testar pranchas de outros shapers?
Sim. Eu sempre tive essa liberdade. Tanto é que eu já usei dessa liberdade durante alguns anos, mas eu tenho um compromisso com meus patrocinadores e as logomarcas têm que estar na prancha. Pela primeira vez na vida eu não sinto a necessidade de usar outras pranchas e eu tenho pranchas para todas as condições.
Quanto tempo mais Teco Padaratz no WCT?
Bom, isso só depende de Deus. Por mim vou ficando, né? Ano que vem ainda vai melhorar. E a única coisa que eu realmente sei é que não é hora de sair.