#Líder do ranking no Festival Surftrip de Surf Feminino na categoria iniciantes, criada este ano para incentivar o aumento de competidoras no país, a ubatubense Suelen Naraisa pode comemorar o título neste final de semana (20 e 21/11) na 3ª e última etapa, na praia de Maresias, em São Sebastião.
O campeonato é o único no Brasil exclusivo para mulheres e reúne cerca de 50 surfistas. A atleta de 15 anos é considerada um das maiores revelações da nova geração e vem de vitória em casa na 2ª fase, na praia de Itamambuca. Mas o que poucos sabem é que este talento quase foi perdido.
Com apenas 10 anos de idade, quando ainda começava no surf, ela descobriu que sofria de câncer no rim. A doença já começava a se alastrar para o pulmão, fígado e baço e o tratamento acabou praticamente impedindo a prática de esporte.
Agora, Suelen está totalmente recuperada e dá uma lição de superação dos limites e força de vontade de viver. “Eu nadava e surfava e sentia muitas dores. Os primeiros seis médicos que fui disseram que eu tinha vermes e me davam tratamento totalmente errado. Foi só o sétimo médico que descobriu o câncer.
Quando fiz os exames, estava muito mal e todos achavam que eu não tinha mais chances de me recuperar”, conta Suelen com naturalidade. “Os médicos chegaram a dizer que eu não tinha mais cura, mas nunca desanimei. Tenho Deus no coração e minha mãe (Eliane) me ajudou muito. Eu sempre confiei que iria me curar.
Tinha muita vontade de voltar a surfar”, destaca a surfista, que teve de retirar um rim e operar a veia cava, além de fazer rádio e quimioterapia por três anos, quando perdeu os cabelos e quase teve de abandonar o surf e a natação. “Hoje, estou superbem, não sinto nada. Pelo contrário. Tenho uma imensa vontade de viver, curtir a vida e surfar muito”, acrescenta Suelen, que está cursando o 1º colegial e pretende fazer faculdade de Biologia, mas sem largar o surf. “Quero ser surfista profissional”, completa a atleta, que voltou a surfar e competir em 97.
No ano seguinte mostrou que era uma das grandes promessas do surf brasileiro, vencendo a etapa de abertura do Circuito Paulista, um dos mais fortes do país. ANDRÉA TAMBÉM SUPERA DOENÇA – Outro grande exemplo de vitória sobre a doença é o da carioca Andréa Lopes, coincidentemente também líder do ranking no Surftrip, mas na profissional.
Em 94, quando estava entre as Top 16 do Circuito Mundial, ela acabou sofrendo de anorexia nervosa (quando a pessoa perde totalmente o apetite e acaba expelindo tudo o que ingere). A pressão das competições e a busca exagerada por uma vida regrada, com alimentação natural, acabaram deixando Andréa com apenas 38 quilos (20 a menos que o seu normal). A recuperação foi gradual e a volta às competições aconteceu em 96.
Este ano, ela está em seu melhor momento. Foi pentacampeã brasileira amadora, venceu o WCT do Rio de Janeiro e pode sagrar-se campeã do Surftrip. “Foi uma barra, mas sabia que iria voltar com tudo. Sou raçuda e amo surfar”, destaca Andréa, 25 anos. O CAMPEONATO – O Surftrip distribui R$ 3 mil de premiação para as vencedoras da categoria profissional, além de pranchas para a iniciantes. Outro atrativo é a Goofy Girls Best Wave, prêmio extra de R$ 300 para a surfista que fizer a melhor onda da etapa.
Na pro, Andréa é a líder, com 2.595 pontos, seguida da potiguar Alcione Silva, com 2.385. Em 3º lugar aparece Tais de Almeida, de Saquarema, outra grande revelação do surf brasileiro. Com apenas 14 anos, ela pode sair de São Sebastião, com os dois títulos. É que na iniciantes, ela está logo atrás de Suelen. A diferença é só de 120 pontos.