Lixo mundial desemboca no litoral brasileiro

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#As praias do litoral norte baiano – mesmo algumas estando praticamente inabitadas – têm sofrido com a sujeira e o descaso de embarcações que passam pela costa brasileira. Durante o carnaval deste ano, o fotógrafo e surfista Fabiano Prado percorreu a pé 86 quilômetros de praia e coletou embalagens de lixo de cinco continentes.

Fabiano caminhou entre o trecho das praias do Forte e a do Sítio do Conde, litoral norte da Bahia. Segundo ele, algumas vezes chegou a percorrer de 4 a 8 quilômetros sem ver ninguém.

Nesse trajeto, Prado recolheu 94 embalagens industriais estrangeiras: 68 procedentes de 27 países diferentes e outras oito de origem desconhecida – com o rótulo ilegível ou escrito em grego, árabe ou japonês.

A procedência desse entulho foi classificada de acordo com a lista da European Article Number (EAN), que classifica materiais a partir dos três primeiros dígitos do código de barras, fornecendo assim o país fabricante. Os EUA foi o país com maior índice de entulho coletado. Em segundo veio a África do Sul, seguida pela Alemanha. Havia sujeira também da Indonésia, Argentina, Canadá, Espanha, Índia, Tailândia e Cheju Island (ilha localizada no mar da China Oriental).

Foram encontradas 22 garrafas plásticas de água, 21 latas de sprays (inseticidas e desodorantes), além de embalagens de leite, sucos, produtos de limpeza, refrigerantes e latas de comida. E mais centenas de sinalizadores, dezenas de lâmpadas, todas de origem estrangeira – de acordo com o modelo, tipo de bocal e filamento.

#”Essas embalagens são jogadas ao mar por embarcações estrangeiras, como veleiros particulares, cargueiros, cruzeiros, marinha mercante e de guerra. Os entulhos chegam à costa trazidos por correntes marítimas”, explica Fabiano.

“Esse lixo não pode ter sido jogado na praia por turistas estrangeiros, porque algumas praias chegam a ser desertas. Também não há rótulos que indiquem a importação, sendo assim, pode-se concluir que estes produtos não foram comprados ou adquiridos no Brasil, disse Prado”.

O Projeto Mama (Mamíferos Marinhos) registrou a morte de um golfinho na Bahia, ocorrida após a ingestão de um saco plástico de arroz Uncle Beans dos EUA. Outro golfinho morreu após ter engolido uma lata de Pepsi.

Fabiano é baiano mas mora em Portugal. Ele planeja expor suas fotos em Portugal e na Alemanha, onde também pretende devolver o lixo alemão, no porto de Hamburgo. Ele também enviou as fotos para serem analisadas e expostas pelo Banco Mundial.