Uma vergonha. Depois de 500 anos sendo lentamente reduzida em escandaloso processo de genocídio a olhos vistos, a população indígena foi novamente massacrada pelo Estado brasileiro. As cenas de violência policial contra os índios nos fizeram lembrar dos piores momentos da ditadura militar. A “festa” pelos 500 anos do descobrimento do Brasil, promovida por um desmoralizado FHC e por um ACM que há anos infelicita o país com sua truculência, parece ter sido inteiramente idealizada nos porões dos arapongas remanescentes do SNI.
Como brasileiros envergonhados com a absurda falta de respeito pela população indígena, aproveitamos este espaço tradicionalmente ocupado para tratar de questões ambientais igualmente relevantes. Mas não podemos ser hipócritas a ponto de lutarmos por praias limpas e fecharmos os olhos para a questão indígena, os verdadeiros donos do pico.
As comemorações dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil em 22 de abril foram marcadas por tumultos envolvendo Polícia Militar e cerca de três mil manifestantes. Policiais militares lançaram bombas de gás e dispersaram manifestantes com cassetetes índios e manifestantes que se preparavam para deixar a área da reserva indígena de Coroa Vermelha em direção a Porto Seguro. Pms prenderam 140 manifestantes de um grupo de três mil concentrado na praça central de Coroa Vermelha. Informações sobre o número de feridos eram desencontradas, variando de 30 a 40, segundo diferentes versões da PM e as diferentes fontes consultadas na internet neste domingo.
Os índios contaram com o apoio de estudantes, representantes de grupos de defesa das minorias e de sindicatos, estavam na praça central quando foram surpreendidos pelos policiais. Foram jogadas bombas de gás lacrimogênio e disparados tiros para o alto na tentativa de dispersar os participantes. Em meio à confusão, inúmeras pessoas ficaram feridas e 140 foram presas.
O tumulto prosseguiu quando policiais militares atiraram contra os índios e negros que furaram o cerco policial saindo de Coroa Vermelha em direção a Porto Seguro. Novamente houve agressões, bombas de gás lacrimogêneo e uso indiscriminado de cassetetes. Segundo o site do jornal paulista Diário Popular, as pessoas fugiam em direção à mata que cerca a cidade. Enquanto isso, helicópteros do esquema de segurança presidencial sobrevoavam a área.
O presidente da FUNAI, Carlos Frederico Marés, estava entre os manifestantes e colocou o seu cargo à disposição em caráter irrevogável. Quer dizer, até um servidor público de nível ministerial foi agredido. Mais tarde, a Tropa de Choque da PM, com 230 homens, voltou a reprimir violentamente a manifestação dos índios. Na ação, foram lançadas mais de 50 bombas de gás lacrimogêneo e usadas também balas de borracha.