O ano 2000 começou sem muitos motivos para comemoração. Na penúltima semana, ocorreu o maior vazamento de óleo da história da Baía de Guanabara, no Estado do Rio de Janeiro.
Cerca de um milhão e trezentos mil litros de óleo vazaram de um duto que liga a refinaria de Duque de Caxias à Ilha D’água. Segundo a Petrobrás, a tubulação rompeu devido à uma provável fadiga do material ou à movimentos do solo, porém há testemunhas que contestam o fato e apontam a falta de manutenção e fiscalização como prováveis fatores que causaram o desastre.
Outra coisa não explicada pela Petrobrás é o fato de o fluxo no oleoduto só ter sido controlado depois de cerca de seis horas de vazamento. De acordo com as informações divulgadas na imprensa, apenas depois de duas horas o vazamento foi detectado e depois disso, ainda se passaram quatro horas até que o fluxo fosse fechado.
O que já se sabe é que o óleo já atingiu a maior parte da baía, e até mesmo algumas praias oceânicas. Os manguezais da região foram duramente atingidos, e o óleo se acumulou sobre as árvores e os sedimentos, dificultando ainda mais qualquer tentativa de minimizar a situação. Conhecendo os efeitos de derramamentos anteriores, provavelmente as árvores deverão morrer, assim como milhares de caranguejos, caracterizando um impacto ambiental sem precedentes na região.
Centenas de aves estão sendo recolhidas por voluntários, que estão cuidando delas e retirando o óleo que recobre suas penas. Cerca de 70% delas deverá sobreviver. Além disso, milhares de peixes já estão aparecendo mortos em diversos pontos da baía. O pior é acúmulo de óleo nos tecidos dos peixes sobreviventes, tornando-os impróprios para o consumo humano. Isso comprometerá a pesca na região nos próximos meses, talvez até anos. A empresa declarou que irá restituir os pescadores de todos os prejuízos. Será mesmo?
A areia das praias está suja de óleo e ainda é possível ver extensas manchas sobre a água. Mas existe também um perigo invisível: depois de certo tempo, uma parte do óleo se volatiliza e outra começa se aglutinar, formando bolas de piche que afundam e se depositam no fundo oceânico, causando efeitos muito tóxicos para os organismos que habitam o fundo.
Alguns funcionários já foram afastados e o governo federal multou a Petrobrás (que é uma empresa do próprio governo federal) em R$ 50 milhões. Mas desconfia-se de que tudo vai acabar em pizza assim que o assunto for esquecido, conforme publicado nos principais jornais do país.
Como diria o Casoy: É UMA VERGONHA!