#Há alguns anos, cansada de esperar por soluções dos governantes, a comunidade da praia Grande, em Ubatuba (SP), decidiu bancar a construção de uma estação de tratamento de esgotos.
Na época, foi uma iniciativa inédita, pois a coleta, o tratamento e a disposição de efluentes domésticos sempre foi feita por órgãos estatais.
Em geral, em outros municípios da zona costeira, o máximo que existia era um sistema de disposição oceânica por meio de emissários submarinos, com lançamento do esgoto sem tratamento.
O processo de viabilização do projeto em Ubatuba foi lento, pois o órgão responsável pelo esgoto no Estado de São Paulo (detentor do monopólio) deu um jeitinho de atravancar as coisas, mas, mesmo assim, depois de um tempo a estação já estava funcionando.
A rede coletora atende aproximadamente 2.014 unidades habitacionais, o que corresponde a mais ou menos 15 mil pessoas, e atualmente a estação está se expandindo para atender quatro mil residências.
O esgoto passa por diversos tratamentos dentro da estação: peneiras, caixa de areia, decantador, sistema de aeração prolongada, torre biológica e decantador final.
Ao final do tratamento, a demanda biológica de oxigênio (DBO ? principal indicador da carga poluidora do esgoto) é reduzida em cerca de 30 vezes, e somente então o efluente é lançado em um córrego.
O lodo proveniente dos tanques de decantação é prensado, seco, misturado à serragem e vendido como adubo, considerado um excelente recompositor dos nutrientes do solo.
O custo da construção da estação ficou cerca de 70% mais barato do que o das estações do governo, uma vez que a obra foi inteiramente fiscalizada pela própria população e nenhuma verba se perdeu em superfaturamentos, propinas e desvios e outros caminhos estranhos.
E o melhor, o custo de operação sai por R$ 10 por residência. Pense bem, por essa quantia você tem a certeza de que não está poluindo o ambiente e que sua praia está livre dos esgotos. Eu acho um preço bem razoável e que vale a pena, e você?
De qualquer modo, este é um exemplo a ser seguido em outras praias de nosso país: Moradores e turistas juntos garantindo um banho sem riscos e comerciantes conscientes de que praia suja é sinônimo de prejuízos.
E quando o governo não faz sua parte, que pelo menos não atrapalhe as iniciativa da comunidade.