Beau Young, o novo campeão mundial de longboard

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O australiano Beau Young.
Foto: Rafael Sobral.
O australiano Beau Young, filho do surfista lendário Nat Young, aos 26 anos repetiu os passos do pai e tornou-se o novo campeão mundial de longboard ao vencer o Oxbow World Longboard Championship 2000, evento anual que, desde 1989, define o campeão mundial. Este evento foi realizado no canto sul da praia do Rosa em Imbituba entre os dias 1 e 8 de Outubro. Confira abaixo a entrevista que ele concedeu logo após a bateria final que disputou com o californiano Joel Tudor.

Há quanto tempo você começou a surfar de longboard?
Eu comecei a surfar de longboard faz seis anos. Eu aprendi a surfar de longboard observando ao meu pai (Nat Young) e ao meu amigo Joel Tudor, por isso que consegui chegar a ser o que sou hoje.

Qual o seu relacionamento com Joel Tudor?
Existem apenas três pessoas que eu tenho como meus melhores amigos, e Joel Tudor é um deles.

Como foi o clima na bateria final?
O clima foi de amizade, como se estivéssemos surfando juntos em San Diego ou na Austrália.

É a sua primeira vez no Brasil?
Sim, eu queria ter vindo antes para outros campeonatos, mas estive ocupado em outras atividades com meus patrocinadores. Eu não tinha idéia de como aqui era bonito.

Beau Young comemora o título.
Foto: Rafael Sobral.
Você pretende voltar ao Brasil?
Com certeza, enquanto estas baleias e estas pessoas maravilhosas estiverem por aqui, eu voltarei.

Você ficou assustado com as baleias tão próximas de vocês na água?
Não, pois o mar é das baleias e eu não tenho porque ficar assustado com elas.

O que você achou da Praia do Rosa?
Eu gostei muito, estou aqui há vários dias e no caminho para praia eu podia admirar a natureza vendo corujas e outros animais. Eu acho que a união da natureza com o surf proporcionou uma excelente atmosfera para o campeonato.

O que você acha do circuito mundial que será realizado no próximo ano?
Eu acho que será muito bom para todos, pois o longboard além de um esporte é uma arte e assim nós poderemos ter a chance de expressar nossa arte quatro vezes no ano ao invés de uma. Além disso, tenho muitos amigos que são excelentes surfistas e com um circuito eles terão mais chances de conseguir bons resultados.

Você surfa também de pranchinha?
Não tanto agora, eu costumava participar do WQS (Segunda Divisão do Surf Mundial), mas optei pelo longboard porque o clima é muito melhor. No longboard os amigos são concorrentes entre si, mas independentemente do resultado todos se cumprimentam a sair da água. Entre os longboarders o relacionamento é muito mais amistoso.

Beau Young radicaliza no Rosa Norte. Foto: Rafael Sobral.
Você já se sentiu pressionado quanto a ser um campeão por ser filho de um grande campeão como Nat Young?
Não, Eu nunca recebi nenhuma pressão de meu pai e só aprendi muito com ele, se o seu pai é um capitão você vai quer ser um capitão. Eu quis ser surfista como meu pai para também poder conhecer o mundo.

O que você acha do critério de julgamento para o longboard?
Eu acho que o critério atual de 50% clássico e 50% radical é o ideal, pois como estamos entrando no ano 2000, as manobras radicais também devem ser valorizadas e o clássico, como o hang ten, tem que continuar, pois é a essência do longboard.

Bonga Perkins afirmou que está na hora do longboard ser levado ao extremo. O que você acha disso?
Eu acho que eventos como o realizado em Puerto Escondido no México onde tínhamos praticamente apenas tubos em ondas grandes são muito válidos, pois não basta você ser um excelente surfista em ondas de um pé, você deve ser capaz de surfar em qualquer condição para ser um bom surfista. Os longboarders podem ser excelentes tube riders como os surfistas de pranchinha.

Beau Young descola um tubo no Rosa Sul durante sua primeira bateria no mundial de 2000.
Foto: Rafael Sobral.
Em que cidade você nasceu?
Eu nasci na Austrália em Graffit, um lugar no interior cerca de 8 horas ao norte de Sydney. O meu pai tem uma fazenda lá onde costuma passar parte de seu tempo.

Onde você costumava surfar quando era garoto?
Eu me mudei de Graffit quando tinha 2 anos e costumava surfar num local em Palm Beach em Sydney chamado de Kids Corner (Recanto dos garotos).

O que você achou do julgamento deste campeonato?
Eu acho que as notas de certa forma foram baixas, porém justas, pois quando o atleta realmente arriscava uma manobra no outside ele conseguia uma boa nota.

Qual o seu pico favorito?
Realmente são tantos. Provavelmente uma praia perto da casa da minha mãe, onde passo a maior parte do tempo. Pouca gente costuma surfar lá, pois é uma longa caminhada e a onda não é realmente tão boa, mas eu gosto muito de surfar lá.


O que você acha do longboard feminino?
Eu acho que longboard foi feito para as mulheres, pois na pranchinha você tem que mostrar muita força e no longboard você deve mostrar estilo, graça e suavidade. Não há nada mais bonito do que ver uma garota caminhando para o bico.

Qual a sua opinião sobre preservação das praias?
Um lugar como este, com baleias e golfinhos, torna mais clara a necessidade da preservação das praias, pois caso contrário não haverá mais nada para os filhos dos nossos filhos. Todas as pessoas que praticam esportes aquáticos deveriam se unir para realmente fazer alguma coisa, pois são em lugares como estes que eles passam a maior parte do seu tempo.


Na sua opinião, quais brasileiros poderiam se tornar campeões mundiais de longboard?
Eu acredito que dois brasileiros poderiam ser campeões mundiais de longboard. Um deles seria Phill Rajzman que é um surfista extraordinário, o outro seria o garoto (Danilo Mulinha) que eu enfrentei na primeira bateria, ele surfa muito bem para a sua idade (15 anos). Eu acredito que se ele se manter concentrado no surf e tiver uma boa cabeça para que seu talento não suba a cabeça, com certeza ele terá grandes chances de ser campeão mundial.

Você faz alguma preparação física?
Eu surfo bastante, faço alongamento, apoio e yoga todos os dias.

Você faz alguma coisa com relação à parte de psicologia do esporte?
Eu tento acreditar em mim mesmo. Além disso, sei que todos são muitos bons e que muitas vezes as baterias são definidas por diferenças de apenas meio ponto. Se eu perco tento acreditar que só não foi o meu dia, e isto é tudo.

Você ainda vai a escola?
Não, terminei o científico quando tinha 18 anos e desde então tenho me concentrado só no surf.