A história começa assim:
E-mail do Tour Manager da ABRASP para Neco Carbone
#
Neco,
Acabamos de receber o cancelamento do Cisco Araña para o OXBOW e com isso abre-se uma vaga no time. Como o próximo da lista é você, gostaria de saber se você estaria apto a ocupar esta lacuna.
No aguardo de sua pronta resposta,
Klaus Kaiser
Resposta do e-mail
Klaus,
Desculpe a demora, estava com problemas técnicos e fiquei alguns dias inoperante. Gostaria muito de me abraçar nessa vaga, mas não precisa nem dizer que a coisa tá preta, e está muito difícil de conseguir recursos. Pode chamar o próximo.
Abraços Neco.
Pelo que pôde ser observado nesse e-mail que recebi e respondi à ABRASP, eu fui convocado para o Mundial e tive que deletar assim como o Cisco, meu antecessor deletou, tenho certeza que pelo mesmo motivo, acredito que ninguem iria deixar de ir porque “não está a fim”. Mesmo dentre os que estão indo, sei de atletas que estão fazendo das tripas coração para conseguir custear suas despezas. Muitos dos top do Brasil apesar de terem logotipos em suas pranchas não são cobertos integralmente por seus patrocinadores e acabam bancando do próprio bolso a verba de marketing para a empresa que representam.
A missão de escrever a cobertura do evento para as revistas é disputadissima pelos atletas, pois esse é um argumento de peso a ser apresentado ao patrocinador do atleta (ou aspirante a jornalista) na hora de negociar o custo da viagem . Chega até a ser cômico, mas imaginem o cara sair da bateria, se enxugar e ir para a sala de imprensa trabalhar na cobertura para a revista…
No meu caso, como pai de família tenho que ser racional e não me deixar levar pela emoção, por isso tive que passar a bola. Se eu fosse com recursos próprios minha família iria passar aperto, é isso eu não quero para eles de jeito nenhum !
Me desculpem pelo “baixo astral” , mas é importante que todos saibam qual é a “bateria” mais difícil que os competidores brasileiros enfrentam.