Australianos dominam final do Onbongo Pro 2002 em Floripa

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Chris Davidson faturou o Onbongo na Mole depois de passar dois anos sem uma vitória. Foto: Nilton Santos.
Todo mundo esperava que, dos seis brasileiros classificados para as quartas-de-final, pelo menos um deles estaria na decisão. A vitória australiana na praia Mole deixou um gosto amargo na garganta da imensa torcida que acompanhou o quinto e último dia do Onbongo Pro Surfing com nível 6 estrelas, em Florianópolis.

 

Estava tudo perfeito: as ondas rolando direto com 1,5 metros em média, uma boa estrutura montada para o evento e a multidão que lotou a praia com o final de semana ensolarado. Só faltou um surfista brasileiro disputando a final.

 

Na primeira bateria do domingo, o potiguar Danilo Costa ficou em terceiro. Dois australiano marcharam adiante, Chris Davidson e Nathan Webster.

 

Praia lotada para assistir as finais do Onbongo WQS. Foto: Felipe Fernandes.
Na segunda bateria do dia, Edgar Bischoff também ficou em terceiro. Armando Daltro e o australiano Darryl O´Rafferty se deram bem e avançaram. Na terceira bateria, Renan Rocha ficou em quarto, mas Peterson passou, com Travis Logie em primeiro. Na última bateria, das quartas, foi a vez de Victor Ribas perder a vaga. Só restaram, então, dois brasileiros na semifinal, contra dois sul-africanos e quatro australianos.

 

Divididos em duas baterias, os brasileiros se esforçaram e pegaram as ondas das séries, evitando deixar que os estrangeiros obtivessem muita vantagem.

 

O lance mais discutível aconteceu na segunda semifinal. Peterson Rosa liderava e foi caindo de posições, ficando em terceiro lugar, quando a bateria terminou. O sul-africano Greg Emslie e o australiano Richard Lovett passaram.

 

“A gente sempre leva multa por qualquer reclamação, mas eles vivem errando e nunca admitem isso”, declarou Peterson para a assessoria de imprensa da ASP/South America.

 

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Peterson Rosa liderou toda a bateria semifinal e no final foi eliminado. Protestou com veemência e deve ser multado pela ASP. Foto: Nilton Santos.
“Isso é uma vergonha!. Eles vivem prejudicando os brasileiros lá fora e vêm fazer isso também em nosso país?”, protestou Peterson, que deve receber uma multa da ASP pela atitude que gerou grande confusão na arena do evento.

Peterson ficou com o quinto lugar e o prêmio de U$ 2,6 mil. A mesma colocação também foi obtida por Armando Daltro. Ele pegou ondas muito consistentes.

 

Ao contrário de Peterson, o baiano não questionou o julgamento. Como nos últimos dias, Chris Davidson estava insipirado e venceu a primeira semi, classificando-se pra decisão, junto com o também australiano Nathan Webster.

 

Por outro lado, Armando Daltro garantiu o seu retorno à elite mundial do WCT com o quinto lugar no Onbongo Pro Surfing 2002, mesma posição conquistada pelo também classificado Peterson Rosa.

“O objetivo foi cumprido. Eu estava bastante preocupado nestes últimos dias, porque

praticamente todos os meus adversários também estavam passando, mas deu tudo certo e com mais este bom resultado minha vaga está finalmente confirmada”, disse Daltro.

 

Todos os caminhos levam ao Onbongo na praia Mole. Foto: Felipe Fernandes.
Além dele, mais quatro brasileiros – Victor Ribas (RJ), Fábio Gouveia (PB), Paulo Moura (PE) e Danilo Costa (RN) – aparecem na nova lista provisória dos 15 do WQS, que é totalmente dominada pelos australianos.

 

Chris Davidson saiu na frente na bateria final, com nota 7,67. Richard Lovett acompanhou de perto, fez 6,33, e logo em seguida, tirou 4,83 pontos, assumindo a liderança.

 

Uma direita majestosa se armou e veio quebrando. Foi a maior onda e a que mais abriu durante a final. Ninguém estava lá fora esperando. Greg Emslie pegou no rabo e foi embora esculachando. Reagiu, tirando 8,33.

 

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Vice-campeão do Onbongo, o australiano Richard Lovett assume a liderança do WQS. Foto: Nilton Santos.
Chris Davidson precisava somente de 2,85 para virar o resultado, quando dropou uma direita abrindo. Vestindo a camiseta vermelha, Davidson meteu três batidas muito fortes de frontside, invertendo a prancha.

 

A nota foi 9,5. Ficou, então, muito complicado para os demais competidores. Davidson deixou todos precisando de uma combinação de duas notas, por alguns minutos.

 

Richard Lovett foi quem mais batalhou pelo primeiro lugar na bateria final. Caiu pra segundo lugar. Ficou tentando reverter o resultado. Ele inclusive dropou a mesma onda do campeão, só que veio surfando a esquerda. Davidson entrou antes e era dele a prioridade, caso eles se encontrassem na junção.

 

Percebendo a situação de risco, Lovett aliviou e saiu antes pra não ser anotada uma interferência e pôr tudo a perder. Davidson meteu sua terceira e fulminante manobra na junção, sem amarelar da pressão, marcando a nota máxima entre os finalistas.

 

A condição do mar foi ficando difícil depois dessa onda, pois o vento nordeste se intensificou, deixando as ondas mais mexidas. A maré cheia também fazia as séries demorarem muito.

 

A Onbongo armou uma estrutura maneira para receber o WQS. Foto: Felipe Fernandes.
Ninguém mais conseguiu uma nota alta pra alcançar Davidson. Greg Emslie ficou em terceiro e Nathan Webster em quarto lugar.

Vice-campeão da etapa, Richard Lovett passou a liderar o ranking do WQS.

Ele venceu recentemente uma etapa 6 estrelas do Circuito WQS na França. Chegou na etapa em quarto lugar do ranking.

 

Lovett explorou esquerdas, enquanto a maioria de seus adversários estiveram pegando mais as direitas no meio da praia Mole.

 

Durante a final, as séries que rolaram no canto esquerdo, fora da área de competição, eram bem maiores e mais perfeitas. As ondas que chegavam na área de competição estavam menores e fechando.

 

“Antes do vento entrar, tinha muito boas ondas, com tubos rolando, consegui boas notas”, afirmou Richard Lovett. “Ficou difícil encontrar as ondas boas na final, a maré subiu muito”, disse ele.

 

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Onbongo Pro Surfing, praia Mole 2002. Foto: Felipe Fernandes.
O campeão também elogiou a condição do mar durante toda a competição. “Pensei que as ondas daqui seriam ruins e pequenas, mas um bom swell rolou, no começo um pouco mexido, depois melhorou, ficando mais clean”, disse Davidson, que passou todas as baterias em primeiro lugar.

 

Ao vencer os três atletas da primeira divisão do circuito mundial, Davidson mostrou que está mesmo numa fase excepcional. Na final, ele fez o mesmo que vinha fazendo nas outras cinco baterias que participou, pegando as primeiras ondas das séries e sempre tirando notas altas no início.

 

A apresentadora Marieva empresta seu charme ao campeonato WQS na praia Mole. Foto: Felipe Fernandes.
“Era só sentar e esperar a onda boa”, declarou. Foi a sua primeira vitória na temporada. Com ela, Davidson garantiu seu retorno ao Circuito WCT, em 2003.

Na lista dos 15 competidores classificados pelo ranking WQS para a primeira divisão, estão Victor Ribas (RJ), Fábio Gouveia (PB), Paulo Moura (PE) e Danilo Costa (RN).

 

Muitos surfistas que participaram do evento na praia Mole seguem direto para o Hawaii, onde vão treinar para a última prova do WQS, que será realizada entre os dias 12 e 23 deste mês.

 

O evento no North Shore também é de nível 6 estrelas, sendo que terá uma pontuação superior à do Onbongo Pro Surfing, por se tratar de um campeonato num pico com ondas muito fortes e perigosas.

 

Onbongo Pro Surfing, praia Mole 2002. Foto: Felipe Fernandes.
O Onbongo Pro Surfing 2002 foi uma realização conjunta da FECASURF (Federação Catarinense de Surf) e a ASP (Assocation of Surfing Professionals), com patrocínio da Onbongo e CODESC, apoio do Governo do Estado de Santa Catarina, Prefeitura Municipal de Florianópolis e Fundação Municipal de Esportes, com divulgação da Rede Atlântida FM e Revista Fluir. 

 

A competição distribuiu US$ 100 mil em prêmios, sendo que o vencedor Chris Davidson arrecadou U$10 mil e somou 2.500 pontos no ranking WQS.

 

Mauro Ribeiro, diretor-presidente da Onbongo, esteve em ação diariamente para promover a etapa de sua empresa. Colocou placas, colou cartazes e ficou muito emocionado na cerimônia de entrega de prêmios.

 

Ele revelou que sempre teve o sonho de patrocinar um evento como este. Satisfeito com o resultado, Mauro disse que no ano que vem fará outra etapa do Circuito Mundial na praia Mole. A Onbongo atua há 15 anos no mercado nacional de surfwear.

 

A perna brasileira de 2002 foi encerrada sem nenhuma vitória verde-amarela, mas o Onbongo Pro Surfing 2002 foi um grande sucesso de público e principalmente de ondas, que rolaram com boas condições em todos os dias do campeonato (Colaborou João Carvalho).


 

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Armando Daltro conseguiu um bom resultado e disputa o WCT no ano que vem. Foto: Nilton Santos.
Resultado do Onbongo Pro Surfing

 

1 Chris Davidson (Aus)

2 Richard Lovett (Aus)

3 Greg Emslie (Afr)

4 Nathan Webster (Aus)

5 Armando Daltro (Bra)

5 Peterson Rosa (Bra)

 

 

RANKING WQS 2002 – após 44 etapas

 

1 Richard Lovett (Aus) 11.075
2 Toby Martin (Aus) 10.357
3 Jake Paterson (Aus) 10.356
4 Chris Davidson (Aus) 10.251
5 Nathan Webster (Aus) 9.885
6 Pat O’Connell (EUA) 9.840
7 Vitor Ribas (Bra) 9.420
8 Luke Stedman (Aus) 9.223

Gatinhas durante o Onbongo Pro Surfing, praia Mole (SC). Foto: Felipe Fernandes.
9 Armando Daltro (Bra) 9.180
10  Fábio Gouveia (Bra) 9.015
11  Tim Curran (EUA) 8.908
12  Paulo Moura (Bra) 8.793
13 Tom Whitaker (Aus) 8.728
14 Trent Munro (Aus) 8.544
15 Danilo Costa (Bra) 8.530
16 Ben Bourgeois (EUA) 8.520
17 Greg Emslie (Afr) 8.492
18 Chris Ward (EUA) 8.340
19 Guilherme Herdy (Bra) 8.183
20 Flávio Padaratz (Bra) 8.115

 

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