Peterson Rosa faz apelo à mídia nacional

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Peterson pediu apoio à imprensa nacional. Foto: Nancy Geringer.
O paranaense Peterson Rosa, campeão da primeira etapa do SuperSurf em Maresias (SP), fez um apelo à mídia nacional durante entrevista coletiva após o evento, encerrado no último domingo (23/03).

 

Segundo ele, sem o apoio da imprensa não será possível conquistar um título mundial para o Brasil.

 

“A mídia é a culpada pelas empresas não patrocinarem os atletas. Os veículos nos esqueceram e não temos apoio. É por isso que muitos atletas sem patrocínio estão aí como a Tita e o Tinguinha (Lima). Hoje você abre uma revista e não tem nenhuma foto do Tinguinha e nem do Jojó (de Olivença). Com o apoio e a cobrança da mídia, com certeza as empresas vão colocar mais grana e patrocinar. Sem retorno ninguém gasta dinheiro”, disse Rosa.

 

O “Bronco”, como também é conhecido, começou a pegar onda aos 8 anos e aos 15 já era profissional e explicou que sempre contou com apoio de patrocinadores.” Sempre tive apoio e todo mundo sabe que as empresas de surfwear faturam muito dinheiro. A Tita foi terceira do mundo e está há mais de um ano sem patrocínio. Por isso não consegue correr o Tour. São necessários pelo menos US$ 35 mil para um atleta disputar todo circuito e um surfista sozinho não consegue se bancar”, explica o atleta.

 

O atleta mandou bem e ficou com o título da primeira etapa do evento. Foto: Ricardo Macario.
De acordo com ele, no exterior mesmo os atletas mais velhos contam com patrocinadores como é o caso de Mark Richards, 46, tetracampeão mundial.

 

“Hoje em dia você não vê os surfistas das antigas nos eventos no Brasil. E são graças a eles que o Peterson Rosa existe. Minha geração se espelhou muito nesses surfistas e não podemos esquecer esses atletas, caso do Paulo Matos, entre outros. Daqui há 10 anos vou ser como eles”.

 

“Admiro muito o Sportv, mas eu fico revoltado em ver a abertura do canal só com atletas gringos. O que acontece? Vamos botar brasileiros ali! A empresas de surfwear patrocinadoras dos atletas com certeza vão liberar as imagens. Vamos puxar para o nosso time, para o Brasil. Se a gente não tiver apoio, vai ficar impossível trazer o título mundial”, reconhece.

 

“Precisamos de todo mundo. Somos um grupo e precisamos nos unir cada vez mais. Eu sei que todos querem um campeão, mas para isso precisamos estar unidos, pensando  no mesmo objetivo e correr atrás do título. Você chega na Austrália e a mídia só fala dos australianos, o mesmo acontece com os americanos”, afirma.

 

Peterson pretende se aposentar dos eventos profissionais depois dos 40 anos. Foto: Nancy Geringer.

Segundo ele, o suporte que as empresas dão para os surfistas gringos no Brasil é muito diferente do que os brasileiros recebem quando estão lá fora.

 

“Quando eles chegam no Brasil é ônibus, segurança, carro no aeroporto, estadia, tudo para os gringos. Eles têm tudo. E quando o Peterson chega lá no Japão ou na Austrália? Vocês acham que tem alguém me esperando? Eu e toda elite do surf brasileiro temos que nos virar sozinhos, alugar carro, casa. Não tem nada fácil para nós. E eles ainda procuram dificultar da maneira que conseguem”, conta o atleta citando o exemplo dos locutores da ASP que, de acordo com ele, procuram falar o menos possível sobre os brasileiros, enquanto enaltecem as qualidades dos gringos.

 

“É por isso que se não tivermos o apoio da imprensa brasileira, não serão os australianos, nem americanos que vão nos apoiar”.

 

Peterson afirmou que pretende correr o Tour até os 35 anos e o circuito Brasileiro até os 40. “Enquanto tiver disposição e conseguir passar a arrebentação vou estar incomodando a nova geração”, prevê o atleta, que não ganhava uma etapa do circuito Brasileiro havia dois anos.

 

A vitória em Maresias foi sacramentada com floaters irados no crítico da onda, que fizeram com Peterson levasse a melhor sobre Sávio Carneiro. Um dos pontos fortes da performance do paranaense foi a vitória sobre seu irmão Maicon, em que ele pegou um tubão e tirou nota 10 unânime nas quartas-de-final, somando 18.33, contra 9.90 do brother.

 

Peterson tirou um tubo nota dez nas quartas, contra o irmão Maicon. Foto: Nilton Santos.
“Quando a Tita pegou o tubo nota 10 (nas quartas-de-final contra Juliana Guimarães), dei um toque no meu técnico que naquele mesmo local também poderia sair um tubo para mim. Eu também queria pegar um tubão. Parti para o outside, me posicionei e veio a série com uma onda por cima da outra. Tive paciência e consciência de atrasar a prancha e botar para dentro do tubo”, conta.

 

Sobre o circuito mundial, Peterson ainda não sabe o que pode acontecer por causa da guerra.

 

“Como rolou a Fórmula 1 na Malásia, acredito que os eventos não serão cancelados. No ano passado rolou uma pressão por parte dos americanos, estava um clima muito chato. Precisamos ver como vai ficar, se irão fechar aeroportos, se os americanos vão querer viajar e ficar longe da família. Até o momento não recebemos nenhum comunicado. Espero que não aconteça nada, o circuito está alucinante. Estamos na maior determinação para trazer o título mundial para o Brasil. Espero que não aconteça nada de grave e que essa guerra acabe logo para podermos correr o Tour em paz”.