Califórnia sedia Congresso de Medicina Esportiva

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Luis Neguinho, Flávio Ascânio e Marcello Árias. Ascânio e Árias são considerados uns dos maiores pesquisadores científicos do surfe no Brasil. Foto: Divulgação.
Os professores e surfistas Marcello Árias e Flávio Ascânio, coordenadores da Unipran, do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), em Santos, participam do 50º American College of Sports Medicine, maior congresso de medicina esportiva do Mundo.

 

O evento está sendo realizado em São Francisco, Califórnia, e segue até domingo (dia 31) nos Estados Unidos. Árias e Ascânio apresentarão dois trabalhos científicos realizados com surfistas profissionais.

 

Eles participam anualmente desse renomado encontro científico desde 1997 e nesses seis anos já apresentaram mais de 15 trabalhos na área das ciências do esporte. Sete deles foram direcionados aos esportes com prancha, sendo dois sobre o skateboard e cinco sobre o surfe, o que os qualifica como uns dos maiores pesquisadores do assunto no Brasil.

 

“Tais pesquisas enfocam, na maioria das vezes, as adaptações sofridas pelo organismo em resposta à prática desses esportes. Uma vez publicadas, elas podem nortear uma série de ações em benefício dos praticantes desses esportes, pois embasam o trabalho de treinadores, técnicos e fisioterapeutas envolvidos com o assunto”, afirma Árias.

 

No ano 2000, os dois apresentaram dados inéditos sobre a capacidade cardiorrespiratória de surfistas profissionais brasileiros, além de outro trabalho demonstrando, claramente, alguns desequilíbrios musculares que podem ocorrer com a prática do surfe e favorecer o aparecimento de futuras lesões.

 

Marcello Árias em Rocky Point, Hawaii. O professor também é nota dez dentro da água. Foto: Arquivo Pessoal.
“Atualmente, tais dados são utilizados na Unipran, em um programa de preparação e reabilitação física destinado aos praticantes de surf, batizado de Integral Surf Training”, comenta Ascânio.

 

“Esse programa conta com treinamentos específicos para essa classe de esportistas, envolvendo parte aquática, yôga, além de um trabalho de força complementar, que visa reconquistar o equilíbrio muscular perdido devido às exigências impostas pela prática diária do surf”, acrescenta.

 

No congresso deste ano, eles estarão apresentando trabalhos sobre a capacidade anaeróbia dos surfistas. “A capacidade de realizar exercícios de altíssima intensidade e de curta duração. Posteriormente, tais dados também poderão nortear futuras ações de uma enorme gama de profissionais”, diz Árias. Vale destacar que alguns pontos tornam esses dois pesquisados diferentes dos demais.

 

O principal é que apesar da formação científica, eles são assíduos praticantes de surf e skate e ainda continuam participando de competições pelo Brasil. “Isso não nos torna somente teóricos, um problema geralmente encontrado nas ciências em geral”, destaca Árias. Por se manterem na ativa, ganham, com facilidade, a colaboração de vários esportistas de ponta, que têm servido como voluntários para as referidas pesquisas.

 

Entre eles Picuruta Salazar, Eduardo Bagé, Paulo Kid, Adriano Teco e Roni Hipólito. “E por último, temos recebido total apoio da Unimonte, que tem investido muito na capacitação e estruturação do surf e dos esportes com prancha no Brasil, seja patrocinando eventos e atletas, ou investindo em cultura, pesquisa de ponta e conhecimento”, ressalta Arias.

 

A Unipran entrou em atividade em 2001 e também é responsável pela criação do curso de pós-graduação em surf e esportes com prancha, o primeiro no Mundo chancelado por uma instituição de ensino superior, reconhecida pelo MEC. “Estamos na 2ª turma do curso e a aceitação é muito boa”, completa Arias.