Ótimo público lota a praia das FAE no primeiro dia de competição. Foto: Ricardo Macario.

Neste sábado teve início a disputa pelos títulos em jogo no ISA World Surfing Games 2004, em Salinas, Equador. Dos quatro atletas brasileiros que caíram na água, Marcelo Coutinho, Martins Bernardo e Teco Padaratz venceram as baterias de estréia. Apenas Jussemir Júnior não conseguiu a vitória e disputa a repescagem na próxima segunda-feira.

 

Foram realizadas apenas as baterias Open, devido as difíceis condições do mar na praia das FAE, com ondas pesadas de 2,5 metros na série e forte correnteza para dificultar os atletas. Não havia tempo para sentar na prancha nem para respirar, a única opção era remar e surfar e a escolha de ondas era fator determinante para o resultado das baterias.

 

Teco Padaratz estreou com vitória no ISA Games em condições bem difíceis. Foto: Ricardo Macario.

Coutinho caiu na primeira bateria do dia contra o venezuelano Jean Shaffer (segundo), o irlandês Stephen Conwell (terceiro), e o guatemalteco Christian Guzman (quarto), com os dois últimos mandados para a repescagem. Com a maré seca e ondas quebrando sem parar, o brasileiro optou por pegar o máximo de ondas para garantir a maior pontuação, tática que acabou dando certo.

 

Na nona bateria, o jovem Martins mostrou disposição ao surfar com uma prancha pequena para as condições ? 5?10 ? e acabou não só vencendo, como marcou uma das maiores médias do dia, cerca de 15 pontos, com o equatoriano Carlos Gonçalves classificado em segundo lugar.

 

Martins Bernardo teve um bom desempenho neste sábado e saiu vitorioso. Foto: Ricardo Macario.

?Logo que entrei, peguei uma onda ruim e fiquei preso na correnteza, achando que os adversários poderiam pegar a boa e eu teria que correr atrás do prejuízo. Mas quando voltei, achei uma boa e consegui encaixar boas manobras, garantindo uma nota alta. Depois veio outra e administrei o resultado?, explicou Bernardo.

 

Jussemir disputou a 16a bateria em um momento de condições difíceis e acabou pecando na escolha de ondas.

 

Apesar de ter surfado bem e remado com vontade, mostrando ótimo preparo físico, ele acabou dando azar em algumas ondas que não proporcionaram espaço para tudo o que o brasileiro podia fazer. O atleta local Felipe Rodriguez acabou aproveitando o conhecimento do pico e venceu, com o venezuelano Roberto Dias em segundo lugar.

 

Jussemir Júnior surfou bem, mas pecou na escolha de ondas e agora disputa a repescagem. Foto: Ricardo Macario.

O último brazuca a representar o país foi o experiente Teco Padaratz, que teve que suar a camisa para manter a primeira posição até o final da bateria, no pior momento do mar, com a maré bem cheia e uma correnteza traiçoeira que não deixava o atleta alcançar o outside. Depois de insistir bastante, ele conseguiu um 7,5 e carimbou a passagem para a segunda fase da competição, com o venezuelano Pedro Rangel em segundo lugar.

 

?O mar estava muito difícil e tentei pegar as ondas que estavam oferecendo parede para manobras, o que não era nada fácil de achar. Gastei muita energia e saí da água tonto, mas consegui marcar um 7,5 e sair com moral da bateria?, falou Teco logo depois da bateria, visivelmente cansado e com uma forte dor na coxa esquerda.

 

As ondas estavam pesadas, mas o mar teve alguns momentos de perfeição. Foto: Ricardo Macario.

Neste domingo, caem novamente no mar todos os competidores que venceram na Open, além do longboarder Marcelo Freitas e dos bodyboarders Roberto Bruno e Bruno Invyk, que terão duas fases pela frente. A repescagem e o Feminino acontecem somente segunda-feira. A previsão indica uma pequena perda de força do swell, mas as ondas devem continuar grandes para mais um dia de disputas no ISA Surfing Games.

 

Assalto e morte ? Apesar do clima de festa envolvendo as 27 delegações e a população equatoriana, que lotou a praia neste sábado, dois acontecimentos mancharam a competição até o momento.

 

Teco Padaratz saiu exausto da bateria e precisou da força de Marcelo Coutinho para aliviar uma dor na coxa.. Foto: Ricardo Macario.

Apesar dos insistentes avisos feitos pela locução do evento durante o dia, orientando os banhistas para que evitassem entrar no mar devido à violência das ondas, à correnteza e à grande quantidade de pedras, era comum ver pessoas desafiando a força das águas. Um homem acabou morrendo afogado depois de ser levado pela correnteza, que também trouxe o corpo de volta.

 

 A quantidade de lixo deixada pelo público também incomodou, sem que nenhuma atitude fosse tomada pelos responsáveis, apesar de todas as recomendações feitas pelos locutores. Por fim, o drama vivido pela delegação mexicana, assaltada no caminho de Guayaquil a Salinas, dias antes do evento, também carimbou negativamente a copa do mundo do surfe.

Quem disse que no Equador no hay chicas? Foto: Ricardo Macario.

 

Sem dinheiro, documentos e até mesmo equipamentos, os mexicanos estão literalmente na ?roubada? no Equador e lamentam que nenhuma providência tenha sido tomada pelo governo.

 

?Como equipe, oferecemos nossa ajuda e nos colocamos à disposição para ajudar no que for possível, pois isso poderia ter acontecido com qualquer um, inclusive a gente?, disse Teco Padaratz, lamentando a ocorrência com os irmãos mexicanos.

 

Confira a galeria de fotos do ISA World Surfing Games 2004 no Equador.

 

Ricardo Macario viaja por