A equipe brasileira terminou na segunda colocação no ranking por equipes e mostra que o ouro é só uma questão de tempo. Foto: Ricardo Macario. |
Das seis categorias em disputa, tivemos pelo menos um atleta na final de quatro categorias, ficando de fora somente no Bodyboard Masculino e no Tag Team.
Faturamos uma medalha de ouro com Marcelo Freitas no Longboard, duas de prata, com Teco Padaratz na Open e Naymara Carvalho no Bodyboard Feminino, e uma de bronze com Andréa Lopes no Surfe Feminino.
Na última edição do ISA Games, em 2002 na África do Sul, o Brasil ficou em terceiro lugar e o vice este ano mostra que no próximo temos tudo para trazer novamente o ouro – como aconteceu no ano 2000 em Maracaípe (PE).
A Austrália foi a grande campeã do torneio, com o Brasil logo atrás. Foto: Ricardo Macario. |
Além da eliminação precoce de Jussemir Junior, Marcelo Coutinho e Martins Bernardo na Open e dos bodyboarders Bruno Invyk e Roberto Bruno, além da jovem Marina Werneck no Surfe Feminino, um julgamento duvidoso tirou o ouro das mãos de Teco nos segundos finais da prova.
O tahitiano Hira Ternatoofa foi o campeão da categoria Open por menos de 10 décimos, somando 17.33 pontos em uma disputa acirrada e emocionante com o brasileiro, que fez 17.26, com o australiano Mark Richardson em terceiro (15.16) e o sul- africano Sean Holmes na quarta posição, com 11.77 pontos.
Teco Padaratz ficou com a medalha de prata na Open e por muito pouco não venceu. Foto: Ricardo Macario. |
Porém, Hira veio logo atrás em uma boa onda e também fez duas boas manobras no outside, mas caiu ao tentar conectar a onda, quando já havia soado a buzina indicando o término da bateria. Suspense geral. Teco saiu da água mancando e foi ajudado pelos companheiros, que já comemoravam a vitória para o Brasil. Quando foi anunciada a nota dele, 9 pontos, a torcida brazuca explodiu.
Teco deu tudo de si na final e saiu exausto, carregado com forte dor na perna. Foto: Ricardo Macario. |
Todos gritavam e vibravam a conquista do ouro quando foi anunciada a nota do taitiano, um 8.3, que virou em cima de Teco e ficou com o título, acabando com a alegria do Brasil. Teco e a equipe mal puderam acreditar, e o título foi para as mãos de Hira, que também não acreditou.
“Eu já estava muito feliz em fazer a final, principalmente depois de ter perdido e corrido pela repescagem. Esse título é uma recompensa pelo trabalho realizado aqui no Equador e um dos mais importantes da minha carreira”, disse o taitiano ao ser carregado pela torcida.
O brasileiro saiu de cabeça erguida e teve uma participação fundamental na equipe brasileira, contribuindo com toda sua experiência de 15 anos de circuito mundial, sempre orientando os mais novos durantes as reuniões diárias da equipe e também antes das baterias.
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Hira Terinatoofa também lutou muito para chegar à final e mereceu a vitória por sua história no surfe. Foto: Ricardo Macario. |
O título de Marcelo Freitas no Longboard também foi conquistado com muita emoção em um duelo particular com o sul-africano Jason Ribbink, que ao lado de Freitas foi um dos destaques da competição. O brasileiro dominou boa parte da final, mas sempre com Ribbink na cola. Quando faltavam cerca de cinco minutos para o término, Jason veio em uma onda que poderia complicar a vida de Freitas, mas acabou caindo e perdeu a prancha, que foi parar nas pedras.
Marcelo Freitas (fundo) e Jason Ribbink travaram um duelo de gigantes no Longboard, com o brasileiro levando a melhor. Foto: Ricardo Macario. |
“Esse título é um dos mais importantes da minha carreira e lutei muito para chegar até aqui. Agora é só comemorar essa conquista minha e do Brasil”, desabafou Freitas, que não escondeu a forte emoção durante a entrega de prêmios, faturando o único ouro para o Brasil na competição ao somar 14.33 pontos. Ribbink ficou em segundo, com 13.74, e o aussie Joshua Constable em terceiro, com 11.83, com o francês Antoine Delpero somando 9.93 na quarta colocação.
Marcel Freitas se emocionou com o terceiro título consecutivo na competição. Foto: Ricardo Macario. |
A outra medalha de prata do Brasil veio com a campeã mundial Neymara Carvalho no Bodyboard Feminino, que acabou atrás da australiana Kira Llewellin em mais uma disputa exclusiva entre as duas pelo ouro.
Kira abriu a bateria com uma nota acima de 8, o que nas condições do mar era um fator crucial para tentar a vitória. A brasileira chegou a colar com duas notas fortes, mas no final prevaleceu a melhor escolha de ondas da aussie, que somou 15.99 pontos contra 12.06 de Neymara.
A espanhola Marina Taylor ficou com a terceira colocação com 9.32 pontos e a inglesa Claire McGowen terminou em quarto lugar com 5.96.
“Participar dessa competição foi uma experiência muito boa e apesar da minha experiência também aprendi muito aqui. Acabei não
A aussie Kira Llewellin venceu no Bodyboard, com Neymara Carvalho em segundo e Marina Taylor, da Espanha, em terceiro. Foto: Ricardo Macario. |
Apesar da bela participação de Andréa Lopes no Surfe Feminino, com a medalha de bronze em um honroso terceiro lugar, quem roubou a cena foi mesmo a peruana Sophia Mulanovich, campeã absoluta da competição com um desempenho excepcional. Desde as primeiras baterias ela já dava mostras que seria uma adversária difícil de ser vencida e que a vitória era só uma questão de tempo.
Andréa veio por fora e mesmo caindo para a repescagem teve uma atuação convincente e chegou até a final, que teve a norte-americana Julian Christian, outra surfista que mostrou talento e competência, e a aussie Sheridan Shields, que ao lado da compatriota Jessica M-Dyer formava o esquadrão de elite da Austrália.
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A brasileira Andréa Lopes ficou em terceiro no Feminino, com Julian Christian (EUA) em segundo e Sophia Mulanovich em primeiro, faturando o ouro para o Peru. Foto: Ricardo Macario. |
O Bodyboard Masculino contou com dois representantes da equipe espanhola, um feito impressionante para a delegação, que terminou na sexta colocação no ranking geral por equipes. Mas o campeão foi o australiano Andrew Lester, que conseguiu duas notas altas e somou 18.03 pontos, com o espanhol Yeray Martinez na cola, marcando 17.83 pontos, o francês Nicolas Capdevile em terceiro (17.43) e Álvaro Padron na quarta colocação, com 12.16 pontos.
Delegação equatoriana recebe o troféu por sediar a competição. Foto: Ricardo Macario. |
Depois de premiados todos os atletas individualmente, a equipe australiana subiu ao pódio para receber as medalhas e o troféu pela primeira colocação no ranking por equipes, prática normalmente realizada pelos primeiros quatro colocados em todas as edições do ISA Games. Após a festa australiana, a equipe brasileira já se preparava para subir quando Manolo Lozano, presidente da Federação Equatoriana de Surfe, pediu a presença do
O capitão da equipe Teco Padaratz recebe o troféu pelo vice-campeonato do Brasil no ISA Games 2004. Foto: Ricardo Macario. |
capitão da equipe para receber o troféu pela segunda colocação.
Sem entender direito o que se passava, Tec Padaratz subiu ao palco e ficou surpreso ao perceber que não havia medalhas para o Brasil e que o troféu era na verdade um improviso, pois ninguém havia providenciado a premiação para o segundo, terceiro e quarto colocados.
A indignação foi geral e ainda em cima do palco Teco chegou a dizer para Lozano e Fernando Aguerre, presidente da ISA, que a tristeza e a frustração nos olhos dos atletas não tinha preço e que eles teriam que dormir com esse peso em suas cabeças, pois nenhuma reparação futura poderia resolver aquilo.
Mais tarde, durante o jantar de comemoração do Brasil, no restaurante Ipanema, do brasileiro Omar, que praticamente virou um membro da delegação durante os oito dias de
Brasil rumo ao ouro em 2006. Foto: Ricardo Macario. |
Felizmente isso não tirou o brilho da conquista brasileira nem diminuiu a importância deste evento para o surfe mundial, que reuniu pessoas e culturas diferentes em prol de um esporte que tem em suas mais profundas raízes todos os valores que as olimpíadas agregam. Em 2006 vamos em busca do ouro.
Confira a galeria de fotos completa do ISA World Surfing Games 2004 no Equador.