Bodyboard é luz para crianças da Rocinha

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Atleta do Rocinha Bodyboard Club, Juninho é o atual campeão carioca profissional. Foto: Go for it – o filme.

Quem nunca ouviu falar de São Conrado? E da Rocinha? Se a resposta for negativa, posso citar o Pepino, a esquerda mais tubular do Rio de Janeiro e a preferida pelos bodyboarders.

 

Com isso fica quase impossível não reconhecermos esse pico, que tem se destacado no cenário dos campeonatos estaduais e brasileiros por seus atletas locais.

 

Para a surpresa de muitos, eles não vieram dos condomínios de luxo do bairro, mas sim da maior favela do Estado, a Rocinha.

 

Desde o ano passado venho acompanhando o crescimento de um projeto que envolve o bodyboard e as crianças da comunidade. Fruto de muito trabalho e dedicação, ele é realizado por Wanderley Silva, o Lei, também morador da Rocinha e bodyboarder há mais de 15 anos.

 

Virley Rodrigues é um dos alunos de Lei. Foto: Renata Cavalleiro.

Com o objetivo inicial de treinar os competidores locais, Lei abriu uma escolinha para os atletas da favela. Logo sua escolinha ficou famosa entre os moradores e atraiu dezenas de crianças em busca de uma alternativa saudável de vida, que até então parecia privilégio de poucos.

 

Ele se recorda de quando começou seu projeto, com apenas cinco alunos.

 

“No início, eu ia treinar os competidores daqui da Rocinha, mas as crianças começaram a chegar, querendo participar também. Eu pensei: Meu Deus, não posso dizer não às minhas crianças. Hoje trabalho com quase cem crianças e tomo conta de cada uma como se fosse meu filho, deixo de castigo e dou parabéns, elas são a minha maior riqueza.”

 

Ricardo Ramos, o “Chocô”, dropa uma onda de sonho em São Conrado. Foto: Renata Cavalleiro.

Lei ensina as crianças da favela a levarem uma vida saudável, totalmente dedicada ao bodyboard, longe da violência que circula nas ruas do bairro. 

 

Graças ao projeto, já conseguiu matricular quase 100% de seus alunos em escolas públicas, conseguiu tirar muitas crianças das drogas e, por mais incrível que pareça, conseguiu adoção para algumas delas.

 

Estas não possuíam lar e agora estão sendo criadas por moradoras do local, que acreditam e incentivam seu trabalho.

 

Surfar em São Conrado é mais que pegar altas ondas. Cada vez que encontro uma daquelas crianças lindas e felizes por estarem no mar, volto para casa com as energias renovadas.

 

Penso em como podemos ser ricos só por fazer alguém sorrir, principalmente quando o sorriso é fruto da esperança daqueles que não tinham perspectiva e de repente, se encontram mais perto do que nunca da linha do horizonte. Ficam esperando que a próxima onda venha revelar um verdadeiro campeão.