Garrett Mcnamara mostra o fundo de seu “magic carpet”. Foto: Sylvio Mancusi. |
Quais são as medidas, outlines e peso das pranchas de tow-in quando as ondas ultrapassam os 50 pés de face?
Essa pergunta já me foi feita diversas vezes, desde que comecei a praticar a modalidade mais propicía para surfar as maiores ondas do planeta.
Se compararmos as primeiras pranchas usadas para o tow-in com as usadas hoje, constatamos que são verdadeiros snowboards.
Em 1995, Darrick Dorner, Laird Hamilton e Buzzy Kerbox foram os primeiros surfistas a serem rebocados por um zodiac, no outside de Backyards. Eles usaram suas Waimea Guns, ou melhor, suas pranchas tradicionais de remadas de Waimea para desfrutarem do tow-in nas paredes mais longas e difíceis de serem surfadas no braço de Phantoms e Backyards, na ilha de Oahu.
Pato e sua 6’2 com cerca de 10 quilos feita por Avelino Bastos. Foto: Sylvio Mancusi. |
Ficou mais do que provado que as pranchas grandes só eram necessárias para a entrada na onda, e que na nova modalidade a velocidade e vontade de rabiscar nas imensas paredes eram mais fáceis à bordo de foguetes, bem menores do que os convencionais.
Não somente diminuíram de tamanho, como de largura, mas em contrapartida ficaram bem mais pesadas. No outside de Jaws, no último 10 de janeiro, as pranchas variavam de 5’10 a 6’10, com peso variando de 6 a 10 quilos.
Ficou provado nas filmagens que as pranchas em torno de 5’10 eram muito pequenas e os surfistas que as usavam estavam mais sobrevivendo do que curtindo o passeio nas grandes e pesadas paredes.
Jamie Stearling mostra o quiver para a próxima temporada no Pacífico Norte. Foto: Sylvio Mancusi. |
Laird usou uma 6’2, tamanho que vem mantendo nas últimas três temporadas, enquanto Burle e Eraldo usaram uma 6’10 – por sinal a mesma que utilizaram na Tow-in World Cup, quando terminaram na terceira colocação.
Mesmo surfando altas ondas, Eraldo confessou: “Depois de analisarmos o que rolou no dia, decidimos que iremos fazer pranchas um pouco menores na próxima temporada. Realmente as pranchas de 6 a 6’3 estão em nossos planos”. Danilo Couto usou um design de Timpone, o bullet, e Resende uma 6’6 do shaper Eduardo Piccollo em Jaws.
O shaper Eduardo Picollo tem feito altas pranchas de tow-in para todos os big riders brasileiros nas últimas temporadas ? Pato, Resende, Eraldo, Burle, Couto, eu e, conseqüentemente, aproveitando todo o “feedback” dos atletas e de sua função como backshaper do renomado John Carper – há cerca de cinco anos em Oahu.
O peso tem variado e muito, dependendo das condições do dia, afinal se o vento estiver muito forte são necessárias pranchas mais pesadas, e se a parede das ondas estiverem lisas elas podem ser mais leves.
A prancha 6’2 do local de Maverick’s, Flea Virostko, é um pouco mais larga do que as usadas em Jaws. Foto: Sylvio Mancusi. |
Porém, o peso tem variado mesmo entre 6 e 10 quilos, dependendo das condições citadas acima. O fundo mais usado é o concave por toda extensão da prancha.
A largura varia de 15 ¼ até 17, e a borda de 1 ½ a 2 polegadas, a gosto do freguês e do shaper. Ondas como Maverick’s, Cortes Bank e os outsides reefs de Oahu são desfrutados com pranchas mais largas, e Jaws, por ser uma onda mais cavada, necessita de menos largura de meio.
O outline também tem sido bem variado. No geral, as rabetas mais largas e o bico mais fino. Porém, designs como o “bullet”, do shaper Timpone, de Maui, e agora incorporados por Brewer, têm sido testados e aprovados nas mais diferentes condições.
Trata-se de um outline de uma prancha 6’10, por exemplo, mas com o bico cortado, tornando-se assim uma 6’2, sem bico – em uma explicação grosseira. Um outline avantajado, porém sem bico. Na minha opinião, essa prancha é perfeita para um surf até 15 pés. Eu prefiro o shape tradicional quando o “high surf advise” está acionado.
Sylvio Mancusi e seus novos foguetes do havaiano Dick Brewer. Foto: Maria Mancusi. |
A curva, por sua vez, tem sido bem reta – entre a rabeta e o meio, com uma curva um pouco acentuada no bico. Dessa forma o bico não fica muito em contato com a água, e a falta de tamanho é compensada com uma rabeta mais larga, no formato de um outline paralelo ao meio.
Nessa minha última trip aqui no Chile, pude verificar os foguetes de alguns dos melhores atletas da modalidade feitos por shapers que estão acompanhando e adaptando suas pranchas desde o começo da modalidade, como Dick Brewer, Rusty e Timpone.
Alguns shapers brasileiros, como Avelino Bastos, Luciano Leão e Beto Santos também têm realizado um bom trabalho nesse sentido.
As duplas Garrett e Ikaika Kalama, Flea Virostko e Josh Loya e Jamie Stearling e Troy Allotis trouxeram pranchas aptas a dropar o que aparecesse pela frente e eu dei uma checada no quiver dos big riders.
Garrett trouxe uma 6’1 com um bico mais largo e cerca de 5 quilos – feita pelo mago dos shapes Dick Brewer (o mesmo shaper de Laird, Darrick Doerner, etc). Desde o nascimento do tow-in, Mcnamara ainda deixou um local (acima do pé da frente e do trás) para poder colocar mais 5 quilos extra, divididos em 2,5 no bico e na rabeta da prancha e presos por um parafuso (lastros usados em mergulho – no cinto) se achar necessário.
Flea também tem uma 6’1 do shaper Rusty que usa nos maiores dias de Maverick’s. Jamie Stearling tem em sua capa duas pranchas para ondas enormes. São duas 6’2, uma de John Carper e outra de Dick Brewer. Pato tem uma 6’2, feita por Avelino Bastos, com 10 quilos e que pretende usar em sua empreitada ao Pacífico Norte nesta temporada de inverno.
Eu estou com duas pranchas feitas por Dick Brewer em sua última estada no Brasil, uma 6’2 e outra 6’3 – com cerca de 5 quilos cada, mas com encaixe como os de Garret para colocar pesos extra dependendo das condições do mar.
Aloha!