O australiano Jesse Faen é um sujeito de sorte. Apesar de não disputar baterias, não ter a mesma fama nem assinar contratos milionários com as maiores marcas de surfwear do mundo, pelo menos em alguns aspectos ele leva a mesma boa vida dos Top 45 do circuito mundial WCT.
Aos 30 anos, Faen é assessor de imprensa, ou diretor de mídia, da ASP (Association of Surfing Professionals) há sete e desde então viaja pelo mundo acompanhando o tour em busca das melhores ondas em lugares paradisíacos – e não tem planos de largar essa boquinha tão cedo.
No primeiro dia da janela do Nova Schin Festival
WCT Brasil 2004, com o evento cancelado por falta de ondas na praia da Joaquina, aproveitamos para saber mais sobre a vida desse simpático aussie, natural de Queensland, que sem dúvida nenhuma possui o trabalho dos sonhos da maioria dos surfistas.
Como começou seu envolvimento com a ASP?
Estou trabalhando integralmente para a entidade há cerca de sete anos, mas antes fiquei por três anos em revistas especializadas. Fui convidado para ser editor da revista australiana Waves, onde fiquei por dois anos, e depois fiquei um ano na Surfing Magazine, na Califórnia. Em
A etapa de Jeffreys Bay é uma das favoritas do australiano. Foto: Tostee / ASP World Tour.com. |
Como é ficar fora de casa boa parte do ano, viajar o mundo e estar longe da família?
Bem, reconheço que tenho um dos melhores empregos do mundo, desde que você seja surfista e queira passar o ano viajando pelo mundo, envolvido com o surf e todo o seu meio. Mas na verdade é uma rotina cansativa para todos os envolvidos, pois você fica fora de casa e afastado dos amigos e da família. Na verdade, as pessoas que estão no circuito acabam se tornando sua família, e a cada ano que passa as coisas vão ficando mais fáceis com relação aos detalhes de viagens e etc. Sinto que aprendi muito nesses sete anos de viagens ininterruptas e mudei bastante depois das inúmeras experiências que tive em diversas partes do mundo.
Qual é sua etapa favorita no circuito mundial?
O tour mudou bastante nos últimos anos, desde que estou na ASP. Antes íamos aos lugares em busca de grandes públicos e nem sempre na melhor época ou nos melhores lugares para a prática do esporte. Se as ondas não colaborassem, todos saiam frustrados, mas depois que o circuito passou a ser realizado em lugares como Teahupoo, Fiji e Florianópolis, todos ficam ansiosos para chegar nesses lugares e curtir. Não existe um lugar atualmente que eu não queira ou não goste de ir. Mas J-Bay é um lugar especial para mim, sempre pego boas ondas e o astral é muito positivo, assim como Teahupoo. Mas preciso me programar bem para poder surfar, pois quando começam as disputas, começa o meu trabalho.
Quais as suas expectativas para a etapa brasileira do WCT?
Eu acho que Luke Egan definiu perfeitamente hoje na coletiva o que todos no tour pensam sobre esta etapa. Florianópolis é o melhor lugar no Brasil para acontecer um evento do WCT. Todos sabem que é um lugar maravilhoso e mesmo sendo um beach-break, sabemos que nas condições certas podemos ter ondas excelentes, como em point-breaks. Mas o mais incrível e o entusiasmo das pessoas com relação ao surf. Existem paises que as pessoas comparecem à praia e tudo mais, mas ninguém liga para o evento, não entendem as regras da competição. Aqui é diferente, pois são multidões gritando e vibrando na beira da água, eles têm os tops como ídolos e são apaixonados pelo esporte e tudo o que envolve o meio.
Para finalizar, você possui algum plano para o futuro, pretende ficar na ASP por muito tempo?
Bem, é difícil dizer, pois realmente adoro o que faço e sei que tenho muita sorte. No momento não tenho nenhum plano que não esteja envolvido com o surf. Estou solteiro, acabei de construir uma casa no Chile e pretendo viajar o mundo por mais alguns anos ainda. No futuro posso não ir para todas as etapas, mas sempre estarei trabalhando com o surf profissional.