Wilson Nora encara as mandíbulas de Jaws

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Wilson Nora estreou em Jaws no maior swell do inverno havaiano até o momento. Foto: Kin.
O maior swell do inverno havaiano marcou a estréia do baiano Wilson Nora nas poderosas ondas de Jaws, em Maui.

 

No dia 15 de dezembro de 2004, uma ondulação enorme invadiu o Hawaii e fez picos como Jaws e Waimea quebrarem em condições épicas.

 

Dois dias antes do enorme swell, Wilson Nora surfou ondas de 15 a 20 pés em Jaws.

 

“Adorei a experiência, apesar de ser muito pouco quando se tratava de 40 ou 50 pés de onda. Mas foi irado, tive como parceiro o meu irmão Yuri Soledade. Até temos planos de consolidar esta dupla, pois foi sucesso total”, fala Nora.

O baiano fez bonito e encarou algumas ondas de responsa. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.

 

No dia em que a “cobra fumou” em Jaws, com séries ultrapassando os 40 pés de face, os big riders brasileiros não queriam puxar o baiano em virtude da sua pouca experiência.  

 

“Era um dia de muito risco, não só pra minha pessoa, mas também para os equipamentos. Vale ressaltar que eu não tinha nada, tudo o que usei foi emprestado”, conta Nora.

 

O swell foi bastante disputado. Os melhores big riders do mundo pegavam ondas seguidamente, sem chance para iniciantes. 

 

Persistente, o baiano continuou sentado no canal até que o crowd esvaziasse uns 60% e ele conseguisse surfar umas ondas acima de 30 pés, que era o seu objetivo. “Foi um dos dias mais felizes da minha vida. Surfei Jaws, saí ileso, com o sorriso do tamanho do mundo”, recorda Nora.

 

O atleta passou praticamente o dia inteiro na água, de 8 da manhã até 4 da tarde, e destacou que os brasileiros estavam arrebentando. “Fiquei amarradão com o desempenho de Danilo, Yuri, Haroldo, Eraldo, Resende e os demais”, diz Nora.

 

 

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Nora ficou amarradão com o desempenho dos brazucas no enorme swell. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.

Nora só pôde experimentar o peso das direitas de Jaws quando Carlos Burle perdeu a prancha e foi buscá-la nas pedras.

 

Enquanto o pernambucano foi resgatar seu equipamento, seu companheiro Eraldo Gueiros rebocou Wilson Nora em duas ondas.

 

“Eram ondas relativamente pequenas comparando às maiores do dia. Tinham cerca de 20 a 25 pés, mas acredito ter surfado ondas maiores em seguida, quando fui puxado pelo Pato. Surfei em torno de oito ondas com ele”, lembra o atleta.

 

“A galera estava cansada, já era final de tarde, metade dos jets havia saído da água. Aí, pude pegar umas ondas maiores, com o Pato me rebocando”, conta.

O atleta revela que pretende voltar a Jaws com equipamento próprio e adequado. Foto: Kin.

 

O também baiano Kevin Kennedy estava na mesma situação que Nora. Cheio de disposição e pouca experiência. Acabou se dando mal ao vacar em sua segunda onda e sofrer uma grave lesão no joelho. “Ele garantiu que vai superar o problema e voltar a Jaws com força total”, afirma Nora. 

 

Sensação – Para Wilson Nora, a sensação de pegar a primeira onda foi inexplicável. “Sabia que estava desafiando os meus limites, apesar de ter certeza de que eu podia mais. Quando saí da primeira onda, lembro de ter dito ao Eraldo: agora eu quero vir numa grande”, fala o atleta, lembrando que a primeira tinha uns 20 pés.

 

O atleta afirma também que estava bem tranqüilo no dia anterior. “Se chegasse lá e não tivesse condições, seria uma parada normal eu não encarar as ondas. Isso foi maneiro porque me deixou dormir tranqüilo e acordar descansado. Estava confiante e preparado psicologicamente”, revela.

 

Ao chegar em Jaws e ver as ondas, o baiano ficou amarradão e impressionado com o espetáculo que a natureza proporcionava diante dos seus olhos. “Eram ondas gigantescas e que me instigavam de surfá-las. Era um dia especial e eu não podia sair dali sem pegar uma”, fala Nora.

 

Nora revela que pretende voltar a Jaws com equipamento próprio e adequado para tentar o feito inédito dos seus conterrâneos Yuri e Danilo, que é entubar de backside naquela perfeição gigantesca. Segundo ele, os dois são os únicos no mundo que realizaram essa façanha em Jaws.

 

Para finalizar, o atleta agradece a Bruno Lemos pelas fotos, Yuri Soledade pelo apoio moral e viabilização do jet-ski para chegarem ao pico, a Pato e Eraldo por terem acreditado e puxado o baiano nas maiores ondas da sua vida.