Nova geração afia as quilhas em Snapper Rocks

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Heitor Pereira aproveita toda a extensão da onda em Snapper Rocks. Foto: Nancy Geringer.
Diversos atletas brasileiros aproveitaram o intervalo de duas semanas entre as etapas do WQS em Margaret River, no oeste australiano, e Newcastle, em Sydney, para treinar nas ondas da Gold Coast, principalmente em Snapper Rocks.

 

Com a ausência dos Tops do Circuito Mundial, atletas como Heitor Pereira, Jihad Kohdr, Marcondes Rocha, Junior Faria e Emerson Piai foram os destaques dentro da água.

 

Quem também apareceu na última semana em Snapper foi o ubatubense Renato Galvão, atual campeão brasileiro do SuperSurf, acompanhado pelo conterrâneo Odirley

Renato Galvão está em sua primeira temporada na Gold Coast. Foto: Nancy Geringer.

Coutinho.

 

 

Galvão, 23, ainda não conhecia a Gold Coast e estava amarradão por surfar a famosa onda de Snapper.

 

“As direitas são iradas. É muito importante treinar onde os melhores atletas do mundo surfam. Parece que a onda quebra sempre perfeita. O crowd é pesado, mas tem muita onda”, disse o ubatubense.

 

Já Odirley Coutinho, 24, morou aqui durante cinco meses em 99 e estava feliz por voltar a região.

Emerson Piai, Heitor Pereira e Junior Faria: nova geração brazuca marca presença. Foto: Nancy Geringer.

 

“Foi muito importante o tempo que morei aqui, tanto para o inglês quanto para o aprimoramento do meu estilo dentro da água. Apesar do crowd, este é um dos lugares mais irados por onde passei”.

 

Esta também é a segunda vez que o paranaense Jihad Kohdr vem a Gold Coast. Assim como para Odirley, esta passagem teve um gosto especial, pois da primeira vez que estiveram aqui ainda não existia o Superbanks.

 

“Mudou bastante. Foi engraçado quando olhei desta vez. A onda ficou bem cavada, perfeita e rápida. Peguei um swell bom com ondas de 3 a 5 pés muito perfeitas. Tirei três tubos numa onda e fiquei impressionado”.

 

“Aqui é o lugar ideal para treinar. Meus surfistas favoritos são o Parko, Dean Morrinson e o Mick Fanning, locais do pico. E o meu forte são as direitas porque fui criado nas ondas de Matinhos, no Paraná”, comenta o surfista de 21 anos.

 

Para Jihad a receita para surfar com tranqüilidade é chegar devagar e se acomodar no pico, sempre respeitando os locais. Em seu terceiro ano disputando o WQS, o paranaense pretende conquistar uma vaga no WCT. “Já conheço bem os picos, sei quais pranchas devo usar. Mas, o fator sorte conta muito. O ano está apenas começando. Vamos ver se da para entrar para o WCT”, diz Kohdr.

 

No entanto, entre os atletas da nova geração, o paulista Emerson Piai é o que está morando aqui há mais tempo. Piai, 17, chegou na “Goldie” em dezembro passado, acompanhado pelo pai, com objetivo de aprender inglês e disputar os eventos Pro Junior na região.

 

Ele confessa que no início era mais difícil surfar. “Apesar de perfeita, Snapper é uma onda difícil. Quando cheguei quase não surfava, mas agora já estou me acostumando com a onda”, comenta.

 

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Emerson Piai está morando um tempo na Austrália, onde estuda inglês, treina e corre os principais eventos. Foto: Nancy Geringer.

Piai inclusive está testando as pranchas locais DHD, considerada uma das mais fortes fábricas australianas do momento.

 

A DHD pertence ao shaper Darren Handley, que patrocina os australianos Mick Fanning e Joel Parkinson. “É importante fazer testes deste tipo, pois estas pranchas foram feitas para serem usadas aqui”, explica.

 

O quarto de Piai virou o QG da galera. Ele recebeu os amigos guarujaenses Heitor Pereira e Junior Faria, bem como Jihad e Marcondes Rocha, um dos destaques na última semana.

 

O alagoano, 22 anos, mostrou muito apetite e

Marcondes Rocha é sempre um dos destaques na água. Foto: Nancy Geringer.
disposição. Ele não vacilava e sempre descolava uma boa onda,  distribuindo fortes pauladas de backside.
 
O crowd é justamento o único “problema” para a rapaziada. Mas, é facilmente contornado com receitas que todos possuem na ponta da língua. “Para escapar do crowd, o lance é ficar dando volta nos caras e torcer para eles caírem. Ai é só aproveitar”, sugere Piai.

 

Heitor Pereira, 19, esta pela segunda vez na Gold Coast. “Aqui é o lugar ideal par treinar, observar os pros na água”, comenta ele, que em sua primeira temporada correndo o WQS inteiro chegou ao Evento Principal em Margaret

2005 será um ano de muitas atividades para o guarujaense Junior Faria. Foto: Nancy Geringer.
River. “Minha meta é entrar para o WCT o mais rápido possível”.

 

Para Heitor, a grande vantagem de surfar Snapper é que a onda permite fazer praticamente todas as manobras possíveis. “Desde um tubo muito longo, até aéreos e batidas. Tem muita onda. Você erra a primeira manobra e tem a chance de corrigir logo em seguida”.

 

Com apenas 17 anos, o guarujaense Junior Faria desfruta sua primeira temporada na ‘Goldie’. “Uma das metas para este ano é treinar bastante em point-breaks. A primeira impressão que tive daqui foi alucinante, apesar de ainda não ter visto o mar realmente clássico”.

 

Faria afirma manter um bom ritmo de treinos em Snapper. “Vou ficar aqui por um tempo. Saio somente para correr o WQS e depois volto. Ai vou para Indonésia ficar um mês por lá e volto de novo, permanecendo aqui até junho. Este ano vai ser muito legal porque vou conhecer vários lugares novos”, diz o estreante no circuito mundial WQS.

 

Também estava na área o vicentino Alex Godói, que veio direto do Hawaii e permaneceu por mais de um mês treinando diariamente nas ondas da região. A Gold Coast também é um dos lugares favoritos para os estudantes/surfistas, como o capixaba Leandro Moulin, que estuda inglês há cerca de dois meses em uma escola localizada em frente a Kirra e está hospedado em Duranbah.

 

Campeão mundial Pro Junior em 2003, Adriano de Souza, o Mineirinho, no ano passado investiu em uma temporada treinando nas ondas da região e estudando inglês na mesma escola onde Moulin estuda atualmente.