Tecnologia a serviço do surf

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Rosenval Rolins (ao fundo) é o responsável pelo sistema de vídeo que auxilia os juizes. Foto: Ricardo Macario.

Já foi o tempo em que era comum ver surfistas derrotados em suas baterias correrem para o palanque para reclamar do julgamento.

 

Se antes os juizes dependiam basicamente do olhar apurado e da memória para avaliar as ondas surfadas, eles agora têm a tecnologia como principal aliada.

 

Um sistema digital de captação e reprodução de imagens quase em tempo real permite aos juizes ou ao juiz-chefe do SuperSurf rever uma determinada onda antes de confirmar a nota, garantindo muito mais precisão na hora de julgar.

 

O responsável pela ferramenta é o carioca

O jovem Daniel Ramos opera o programa que exibe quase em tempo real as ondas surfadas. Foto: Ricardo Macario.

Rosenval Rolins, videomaker da Abrasp que já realizava esse trabalho antes, só que no antigo sistema VHS.

 

?A evolução para a era digital proporcionou muito mais dinamismo e agilidade no processo, permitindo que os juizes tirem qualquer dúvida antes de dar a nota?, explica Rolins.

 

?Eu sempre estive envolvido com filmagem de eventos, desde a época que filmava os amadores. Comecei com uma super 8, fiquei um bom tempo no VHS e hoje todo nosso equipamento é digital. Foi uma grande evolução que beneficiou principalmente o esporte?, completa.

 

O juiz-chefe Paulo Mota comanda o quadro de juizes em Maresias: mais precisão no julgamento. Foto: Ricardo Macario.
Para realizar esse importante trabalho ele conta com a ajuda do jovem Daniel Ramos, técnico de informática de 19 anos que opera o computador e separa as ondas surfadas para serem exibidas sempre que solicitado pelo juiz-chefe.

 

?A possibilidade de poder tirar uma dúvida antes de confirmar a nota tornou o julgamento muito mais preciso e justo?, comenta o ubatubense Paulo Mota, juiz-chefe nessa etapa de Maresias.

 

?É complicado depender apenas da memória, que muitas vezes omite detalhes importantes que podem fazer a diferença?, diz Mota.

 

Ele conta que os principais casos normalmente envolvem situações de interferência, mas com a ajuda do vídeo é possível resolver os impasses sem maiores problemas.

 

?Antes os surfistas que se sentiam prejudicados saíam da água gesticulando e vinham direto para o palanque, dizendo que foram mal-julgados. E não tínhamos como mostrar para eles o porquê de determinada nota?, conta Mota. ?Agora eles chegam aqui, assistem as imagens, discutem conosco e muitas vezes pedem desculpas pelas reclamações?.

 

O locutor da etapa, Marcos Bukão, acostumado a presenciar tudo o que acontece na água e no palanque, acrescenta ainda que por conta disso, atualmente poucos surfistas se arriscam a questionar com tanta veemência a decisão dos juizes.

 

?Depois que os juizes passaram a contar com esse apoio, diminuiu muito o número de atletas dispostos a vir até aqui discutir, principalmente porque eles sabem que os juizes possuem muitos recursos na hora de julgar?, conclui Bukão.