Talento sem reconhecimento

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Sexto colocado no ranking do ano passado, Lucinho Lima rala para se manter no circuito. Foto arquivo: Nancy Geringer.
Há três anos o cearense Lucinho Lima passa pelo drama da falta de patrocínio.

 

Disputando a divisão de elite do surf nacional desde sua criação em 2000, o atleta foi sexto colocado no ranking final no ano passado e há dois anos figura entre os Top-16.

 

Lucinho não disputou o circuito apenas em 2001. Agora, aos 26 anos, ele passa por um momento crucial e pensa em abandonar as competições.

 

Depois de praticamente cinco anos no Rio de Janeiro, neste ano Lucinho voltou a morar no Titazinho, Ceará.

 

“Não tinha condições de manter uma estrutura no Rio. Por isso voltei para o Ceará para ficar mais perto da família. Sentia falta desse apoio”, comenta.

 

Para disputar as competições ele tem que se programar bem, pois muitas vezes viaja de ônibus. “Tenho que sair vários dias antes, mas se está tudo programado é tranquilo”, diz.

 

O dinheiro das premiações é o que sustenta o atleta e sua família. “Divido o dinheiro que ganho entre as competições, pois tenho que usá-lo quando viajo, e o restante vai para a família”, explica.

 

A falta de apoio desanima cada vez mais o competidor, que nunca viajou para fora do país para treinar em picos diferentes. “Com o que ganho, mal consigo viajar pelo Brasil para competir”, analisa.

 

Sendo assim, para evoluir as manobras só mesmo com muita determinação. “Assisto muito os filmes e procuro prestar muita atenção nas manobras que valem mais pontos. Aí, vou para água e só sossego quando consigo executá-las com perfeição”, revela.

 

“Por enquanto, vou alimentando apenas o sonho de competir e ganhar, enquanto o de viajar para picos alucinantes fica adormecido”, diz.

 

Lucinho conta está fazendo cursos no Ceará, mas conseguir um emprego e “levar uma vida feliz ao lado da família”. “O que eu tinha para mostrar, mostrei. Infelizmente, o surf é assim. Se você tem talento, precisa de apoio. Sem apoio não adianta nada ter talento”, avalia.

 

Apesar do desânimo, o competidor não hesita em responder qual sonho gostaria de realizar. “Quero muito arrumar um patrocínio e conhecer as Ilhas Mentawaii”, sonha Lucinho.