Angela

Evolução cor-de-rosa

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Angela Bauer durante o Mundial de Longboard disputado na França. Foto: Arquivo pessoal.

Morei muitos anos no Hawaii, onde estudava e pegava onda de bodyboard. Quando voltei ao Brasil, conheci o Daniel Friedmann no primeiro campeonato internacional de long no País.

 

Achei muito legal e comecei a ter aulas com ele, que também shapeou minha primeira prancha.

 

No meu terceiro mês fui à Costa Rica competir no primeiro festival de longboard feminino. Entre 64 mulheres, fiquei em 25º lugar, então pensei: acho que levo jeito!!!

 

Abandonei tudo para me dedicar ao longboard. Comecei a ter aula particular de yoga com o mestre Danilo e a fazer aula de natação. Mudei meus hábitos alimentares, assistia filmes de longboard diariamente e aos 34 anos virei atleta profissional!!!

 

Chis Stocker, Luiza Tavares e Angela Bauer: representantes do Brasil no primeiro mundial de longboard feminino. Foto: Divulgação.

Meus primeiros patrocinadores foram a Rhyno Foam, que até hoje garante o meu equipamento, e a academia KS, onde aprendi a nadar de verdade.


O problema é que não havia nenhum campeonato de longboard feminino no Brasil. Então resolvi fundar a Women´s International Longboard Association (WILA) junto com a Luiza Tavares, Cris Pires, Tânia Candemil, Márcia Portes e outras atletas.

 

O longboarder Thiago Mariano deu a maior força criando nosso primeiro site. Através da WILA, conseguimos oficializar o primeiro circuito de longboard feminino do Brasil pela Feserj.

 

Na época, o presidente era o Milton, que deu o maior apoio! A gente ajudava na premiação e eu garantia as atletas. Muitas vezes tive de sair pedindo para as competidoras de pranchinha participarem também da categoria Longboard, pois não havia atletas suficientes na época.

 

Na primeira etapa do primeiro circuito brasileiro de longboard, perdi por muito pouco para a atleta de pranchinha Ana Paula Mello, que participava de quase todas as baterias.

 

Usei tudo o que aprendi na minha faculdade de Marketing e promovi a WILA e o longboard feminino no Brasil, Califórnia, Hawaii e Peru. Eu e a Luiza chegamos a dar aulas gratuitas de longboard na escola de surf da Rip Curl em Lima, Peru.

 

A Kim Hamrock organizou a primeira reunião da WILA em Huntington Beach e a galera compareceu em peso; a Cássia Meador tinha apenas 16 anos e já estava empolgadíssima com o fato de a gente se unir em busca do profissionalismo.

 

A idéia era todas formarem clubes, associações, fazer matérias para revistas e nos unirmos para um dia poder acontecer um mundial de longboard.

 

Voltei ao Brasil e me dediquei a isso. Com a ajuda do Maraca e do Otavio Pacheco, incluímos a categoria feminina no evento internacional da Red Bull em Maresias e tivemos pela primeira vez uma premiação em dinheiro e aparição em todas as mídias!

 

Convidei pessoalmente a Kim e a Desiree De Soto para competirem no Brasil. Elas deram um show para nós, que estávamos começando.

 

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Marcia Portes é uma das pioneiras do longboard feminino brasileiro. Foto: Rafael Sobral.

Foi no Brasil que conseguimos a participação das mulheres pela primeira vez num evento mundial da ASP, na época patrocinado pela Oxbow, que também me patrocinava. As ondas estavam grandes e a gente mostrou coragem ao entrar no mar e competir naquelas condições.

 

Esse fato chamou a atenção do mundo para nós, brasileiras, que apesar da pouca experiência conseguimos nos organizar e reunir mulheres suficientes para participar da competição. Nesse evento, a WILA patrocinou a atleta mais nova da época e um grande talento, a Mainá Tompson.

 

Daí pra frente não paramos mais. Na reunião da WILA, em Maresias, decidimos que era muito importante ter uma categoria amadora para incentivar a nova geração.

 

Cris Pires em ação no Kana Miss Cup realizado em Las Cavaliers, França. Foto: ASP Europe.

Então, junto com o Recreio Surf Clube, a WILA patrocinou o primeiro circuito amador de longboard feminino no Rio e Janeiro, trazendo novos nomes como Cris Goulart, Juliana Reis e Raquel Christiane. 

 

A galera do Sul tratou de se organizar e fez um belo circuito, trazendo mais mulheres para a nova tribo. Atletas como Tânia Candemil e Sabrina Olas incentivaram muitas meninas de suas cidades, aumentando o número de atletas nos campeonatos.

 

Fico muito feliz com todo esse desenvolvimento e hoje em dia temos atletas suficientes para dar continuidade aos campeonatos e representantes da categoria que estão lutando por melhores premiações, como Cris Pires e a Sabrina Olas.

 

Estávamos indo muito bem também em Pipeline, com um evento só para mulheres organizado pela Bety de Polito.

 

Porém, este ano resolveram não dar a permissão para que o evento aconteça no ano que vem e quem estiver a fim de participar do protesto envia um e-mail a Bety ([email protected]).

 

No mundial deste ano, o destaque foi para a nova geração, que detonou! A Kelia Moniz, de apenas 14 anos, ganhou da campeã francesa Claire Karabatsus, e a francesa Justine Dupont, de apenas 15 anos, foi vice-campeã. Ambas começaram a competir de pranchinha e encontraram um futuro brilhante no longboard.

 

O Brasil conseguiu uma vitória na Expression Session através da atual campeã brasileira Karina Abras, que mandou a manobra mais radical. A Cris Pires e a Sabrina Olas também evoluíram bastante e subiram no ranking. Eu não me dei bem, não por falta de surf, mas por falta de um técnico e controle do meu nervosismo.

 

No primeiro dia de treino, quebrei minha prancha nas pedras. O campeão francês Thimote foi muito gentil comigo e me emprestou a prancha dele de competição; prancha boa, mas super frágil. Treinei com ela de manhã, antes da minha bateria com a maré vazia.

 

Na hora da minha bateria, a maré estava alta e as ondas batiam nas pedras. Eu, que já estava traumatizada, resolvi pegar outra prancha para não quebrar a dele e acabei surfando com uma prancha que não conhecia.

 

O bom das competições é que você também aprende muito sobre si mesmo. E a vida é assim, cheia de altos e baixos; um dia você perde e no outro ganha! O que não podemos perder é o senso de humor! Hehehe!

 

Gostaria de dar os parabéns à atleta Shayana Avelino, de apenas 19 anos, que venceu o Rbarros de longboard recentemente, na praia da Macumba. Ela tem mostrado muito estilo e está melhorando a cada dia que passa. Parece uma havaiana e incentiva sua irmã menor a surfar de longboard também. É o futuro do longboard feminino!!!!

 

Espero que o esporte continue crescendo e em breve tenhamos a categoria Master!!!! Afinal, surfar de longboard é um estilo de vida e quem começa não quer parar nunca!!!! Boas ondas a todos, com muita paz e amor!

 

Aloha!