Bagus

Dias de sonho na Indonésia

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Thiago Machado decola em Nias. Foto: Dirceu Dabul Junior.

Depois de viajar da Gold Coast (Leste da Austrália) até Margaret River (Oeste), chegou a vez de conhecer a Indonésia. Assim, foi logo no início de setembro que mais um sonho se realizou, ao desembarcar na turística ilha de Bali.

 

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Tumulto no aeroporto, pessoas querendo carregar minhas bagagens e pedindo gorjeta foram as primeiras coisas que me chocaram e me mostraram as diferenças sociais e culturais entre Austrália e Indonésia.

Em seguida, percebi mais uma diferença: o trânsito (motos por todos os lados, barulho e desorganização; uma loucura total).


Tiago Dias experimenta a força de Padang. Foto: Dirceu Dabul Junior.

Após chegar ao hotel, soltei minha bagagem e resolvi sair pra conhecer a noite de Kuta (praia mais popular de Bali e onde fiquei os três primeiros dias). Minutos depois já encontrei alguns brasileiros e comecei a me sentir mais em casa.


Após o choque cultural, comecei a me familiarizar por encontrar várias similaridades com o Brasil – povo acolhedor, pobreza, desorganização e mais liberdade foram as principais delas.

Nos primeiros dias, aluguei uma moto e fui direto a Uluwatu. Apesar de pequenas, as ondas proporcionaram uma boa diversão, e pude desfrutar do lugar paradisíaco. No terceiro dia, aluguei um carro, fui ao aeroporto e peguei dois amigos, Fabiano e Thiago (Macaco), que vinham da Gold Coast.

 

De lá fomos a Padang Padang, onde alugamos um quarto em uma pousada perto da praia. Devido ao intenso crowd nas praias da região, resolvemos, então, explorar outras partes da ilha.


Foi incrível a quantidade de bancadas de corais que encontramos por lá, é onda por todos os lados. Porém, para quebrarem nas condições ideais, dependem muito da variação das marés, ventos e ondulações.


Assim, um conhecimento dessas variáveis é essencial para se pegar boas ondas; nesse ponto não demos muita sorte, mas um dia, por nos perdermos, terminamos descobrindo uma praia com boas ondas e sem muita gente na água.


Cansados de enfrentar o trânsito caótico para achar ondas sem crowd, resolvemos partir para a afastada ilha de Nias. Para isso, precisaríamos enfrentar uma viagem longa, pegar três aviões e mais uma perua que nos levaria a Langundri Bay.

 

Na pilha, resolvemos ir, e então compramos nossas passagens. Na volta do aeroporto, já à noite, resolvemos parar no Mc Donalds, onde fomos saber que tinha acontecido um terremoto muito forte para aqueles lados e até rolava um boato de tsunami. ?Agora é tarde, já compramos a passagem e dificilmente irá acontecer outro?, pensamos.

 

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Visual de Uluwatu. Foto: Arquivo pessoal Tiago Dias.

No outro dia, já dentro do avião, ficamos sabendo que um ainda mais forte tinha acontecido horas atrás. Só que era mais tarde ainda, não tínhamos mais como sair do avião.

 

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Ficamos preocupados, mas logo nos tranqüilizamos ao saber que, para onde íamos, estava tudo numa boa.

Depois de longa viagem, finalmente chegamos a tão esperada Lagundri Bay. Estava pequeno e vento maral, foi um pouco decepcionante para quem esperava chegar e encontrar as ondas perfeitas tão sonhadas. No entanto, no fim de tarde a situação já começou a mudar e já tinha algumas ondas.

Fabiano passeia pela pista em Nias. Foto: Arquivo pessoal Tiago Dias.

Nos outros dias foi subindo, subindo, e ficando cada vez melhor, até que infelizmente o Fabiano deslocou o ombro e tivemos de voltar para que ele fosse a um hospital.

Enfim, ficamos três dias e pegamos ótimas ondas, mas segundo comentários dos que ficaram, nos dias seguintes ficou ainda melhor, quebrando ondas de 6 a 8 pés, com altos tubos. Fazer o que? Acidentes acontecem.

Depois de passar uma noite num hospital, vendo TV a cabo, e enfrentar todo o caminho de volta, chegamos novamente a Padang Padang, com ondas ainda maiores que os outros dias.

Fomos pra água e lá vi o que era tubo de verdade. Assustador… Além dos tubos serem enormes e a bancada rasa, o crowd dificultava ainda mais a situação dentro d?água.

Foram momentos de muita tensão, até que meu amigo Thiago pegou sua primeira onda, na qual quebrou a prancha ao meio. Foi quando resolvi sair da água sem ao menos pegar uma onda.

No outro dia aumentou ainda mais e decidimos procurar outros lugares para surfar. No terceiro dia, depois de mais uma procura sem sucesso, percebemos que tinha baixado um pouco e o crowd desaparecido. Foi quando podemos pegar algumas ondas sem pressão e eu pude pegar o tubo da minha vida.

 

Depois de já ter surfado algumas ondas, alguns tubos, e até ter ido parar no coral uma vez, comecei a ficar mais à vontade com as ondas. Foi quando entrou uma da série, resolvi atrasar para entrar no tubo e, de repente, percebi a onda crescendo e o tubo jogou muito mais que eu esperava.


Tentei acelerar no desespero, mas terminei sendo engolido pela onda. Felizmente fui jogado para trás e nada aconteceu, apenas perdi uma botinha dando joelhinho na próxima da série.

Dias depois, meus amigos foram embora, e restando poucos dias para eu ir também, resolvi ficar pela região aproveitando a praia. No resto do tempo, tirei fotos e fui fazer umas compras antes de voltar para a Austrália.

 

Depois de mais um sonho realizado, estou de volta ao lugar onde nasci, cresci, aprendi a surfar e do qual estive afastado por muito tempo. Muito realizado, estou de volta, junto a minha família e encontrando amigos, uma coisa muito boa que se perde quando se viaja por tanto tempo. Porém, tudo foi ótimo e me trouxe muito aprendizado.