Desde a indústria têxtil até o estilo de vida, de geração em geração, o surf conquista mais espaço e a cada ano que passa, vincula sua imagem aos mais diversos produtos.
Para suprir este crescimento, muitas profissões precisaram ser acionadas. Administradores, designers, fotógrafos, jornalistas, músicos, arquitetos e até mesmo engenheiros, passaram a lucrar com aquilo que era uma atividade praticada por jovens, que muitas vezes viviam às margens da sociedade.
Muita coisa mudou, principalmente o que originou esse estilo de vida ou esporte, a prancha. Esta sim foi a grande mudança, dos pranchões de madeira, passando para fibra, alguns anos depois encurtando seu tamanho e em seguida variando suas curvas e quilhas, fizeram do trabalho artesanal de shapear uma prancha, algo cada vez mais
procurado pelo crescente número de surfistas.
Como resultado, hoje são produzidas em grande escala, passando por diversas etapas: computador, máquina, acabamento e laminação, para finalmente irem pra água.
Apesar de toda essa evolução e das pranchas estarem cada vez melhores, poucas pessoas pensam no resíduo deixado por este processo de fabricação.
Uma grande fábrica de pranchas chega a desperdiçar cerca de 150 quilos de resina por semana. Na maioria das vezes, a finalidade desse resto não é das melhores, uma vez que esse material não se recicla e acaba virando um forte tóxico no meio ambiente.
Pensando nesse desperdício, o arquiteto e artista plástico Elísio Tiúba resolveu explorar as possibilidades de aproveitamento do tal resíduo.
Há oito anos trabalhando em parceria com a Wetworks e o shaper Ricardo Martins, Tiúba acreditou que projetando um coletor de resina melhor, na fase de laminação poderia aproveitar aquele resto.
A partir daí teve a idéia de transformá-lo em tijolos de resina, que seriam peças decorativas com função estética a princípio. A idéia surgiu depois de algumas reuniões entre os sócios (Ricardo Martins, Joca Secco e Claudio Hennek), que por serem surfistas, também sempre tiveram preocupação com o meio ambiente.
Em seguida, Tiúba foi consultado e após aproximadamente um ano de estudo e pesquisa encontrou, talvez, a melhor solução até momento para o uso desse material desperdiçado.
Os protótipos ainda estão passando por alguns testes na universidade PUC-RIO, pois ainda existem algumas dúvidas sobre o uso desse material na parte estrutural. Acredita-se que dentro de poucos meses as peças de resina farão parte de inúmeros projetos, tanto residenciais como comerciais, incluindo lojas, bares e lanchonetes.
?Uma das principais inovações do produto seria o possível uso de imagens dentro da resina, caracterizando assim o espaço a ser projetado?, comenta Tiúba, que está muito feliz com sua nova idéia e acredita que seu projeto poderá ser implementado em todas as fábricas que desperdiçam resina.