Mulheres especiais

Universo feminino

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Ângela Bauer exibe toda sua feminilidade com estilo em Sunset Beach, Hawaii. Foto: Bruno Lemos / Lemosimage.com.

Dedico esta coluna a todas as meninas, moças, mulheres e senhoras que surfam ou estão aprendendo a surfar. Nós somos especiais!

 

Dividimos uma sensação única, proporcionada pela coragem e força de entrar no mar com uma prancha que tem quase o dobro do nosso tamanho e depois expressar de forma graciosa e natural nosso estilo e feminilidade.


Este surf proporciona uma sensação fantástica e todas nós dividimos este prazer. Temos algo em comum, sabemos o bem que o surf de longboard faz para a saúde física, mental e emocional da mulher. Podemos falar que até espiritualmente também, pois a interação com a força da natureza proporciona um tipo de meditação.

 

Sentimos que existe uma força muito grande que comanda aquele momento de conexão entre o céu, a terra e o mar. Resumindo, tudo isso muda a vida da pessoa para melhor!


Aqui na praia da Macumba (RJ), existe uma galera que dá a maior força para a mulherada. Shapers, empresários, técnicos e principalmente locais como Abílio Fernandes, Edu, Marcus Pinto, Claudio Cebola, Ari Nelson, Silvio e Davi Spilman, que no swell de abril me incentivou a dropar ondas de até 2,5 metros.

 

Obrigada galera! Sem a força de vocês eu não surfaria assim. Essa é uma das vantagens de surfar no nosso pico local, os amigos incentivam e se acontecer alguma coisa eles estão ai para ajudar.

 

Uma vez quebrei a prancha em Sunset e o mar estava subindo, me apavorei e gritei “help” para um cara que estava entrando. Ele simplesmente falou para eu remar para o canal com o pedaço que sobrou da minha prancha e foi embora. No Brasil, todo mundo se ajuda e a maioria dos homens incentivam e gostam de ver a mulherada no outside.


Lógico que existem homens covardes, que desrespeitam as mulheres de alguma maneira dentro d?água, mas ainda bem que são poucos. No meio do surf sempre tem homens de verdade no mar, para nossa segurança!


Fico impressionada com a turma de mulheres maduras do técnico de surf Alan Gandra, que através das aulas  e dos treinos se organizaram e descobriram o prazer de viajar para surfar com as amigas em picos como Peru e Costa Rica, como é o caso da Mônica e da Eliana.

 

É muito legal ver as mulheres com mais de 40 anos começando a surfar. A diferença no corpo é rápida e com certeza posso afirmar que o surf de longboard rejuvenesce!


Passeando de bicicleta pela praia da Macumba, conheci um time de surfistas de longboard da nova geração que encheu meu coração de alegria. Vi de longe no calçadão duas meninas carregando os longboards na cabeça, pranchas grandes demais para elas e que com certeza foram herdadas dos pais.

 

Não me agüentei e fui falar com elas. Foi assim que conheci a Gabriela de 13 anos. Perguntei se elas gostariam de começar a competir e a Gabriela disse: “Meu irmão participa das competições e eu também gostaria de começar a competir”.


Depois fiquei sabendo que ela é filha do Rubinho, dono do quiosque da 5W, que também surfa de long. Realmente a nova geração dessa categoria é basicamente formada por famílias de surfistas.


A Nilma, local da praia da Macumba, é apoiada pelo namorado Felipe, que também é shaper e faz as pranchas especiais para ela.


A Stephane, do Recreio, está aprendendo com o namorado Ninho da Rifty e já mostra garra e estilo. A Marcele e a Ariel, de 15 anos, estão surfando com a prancha dos pais e por aí vai.


Esse movimento está crescendo por todo o Brasil. No Rio Grande do Sul temos o exemplo da pioneira Deise do site ondas do Sul. A nova geração de longboarders está chegando para ficar!
 
Estou dando aula para uma mulher de 48 anos que sempre quis surfar e agora encontrou uma oportunidade para aprender. Esta aula me incentiva muito pois vejo que a vontade de aprender é mais forte que todos os obstáculos.

 

Só de estar no mar remando e curtindo a natureza de um outro ângulo, os sinais de vitalidade e alegria já são visíveis no corpo desta mulher. É impressionante como o surf faz bem para a saúde mental também, pois a pessoa sai da água com uma energia diferente, com uma calma aparente e uma felicidade estampada no olhar.

 

O bom do longboard é que não existe limite de idade nem de peso, muito menos do tamanho do mar pois até nas espumas ficamos em pé e nos divertimos deslizando sob as águas.


Moro no Recreio, na praia da Macumba, um lugar mágico e especial. Esta minha aluna mora na Barra, então vou dar essa aula de bicicleta. Fui numa loja especializada em bicicletas chamada Ciclo Ponto e comprei uma bicicleta Kobe, que é montada de acordo com a necessidade do cliente.

 

Ela é de alumínio para agüentar a maresia e tem o guidom alto para manter a postura ereta, além de um banco macio e confortável especial para mulheres. Coloquei um rack para pranchas e às 7 da manhã, uma vez por semana, vou pela ciclovia até a Barra para dar esta aula.

 

São 45 minutos pedalando tranqüilamente. A ciclovia fica de frente para o mar e grande parte dela fica na Reserva, ao lado de um canal de água doce. Imagina de um lado o mar de outro as montanhas e o canal que parece um grande lago espelhado.

 

É muito lindo e o visual nunca é o mesmo, as cores do céu e do mar estão sempre diferentes. Sempre vou procurar as ondas com minha bicicleta, quando acho o pico perfeito tranco a bike no cadeado e vou surfar.

 

Desta forma supero a dificuldade de transporte do longboard e faço exercício ao mesmo tempo. Usando a bicicleta como meio de transporte ajudamos a despoluir o planeta.


Vou de bike trabalhar, ao mercado, visitar os amigos e vejo cada visual irado da natureza que se estivesse dirigindo não ia nem perceber. Sabem que agora já existe o dia nacional do ciclista? Este projeto é de autoria da deputada Solange Amaral, que também criou a frente parlamentar em defesa do ciclista.


Quem sabe um dia destes não teremos o dia do surfista? Afinal o surf tem um papel importante em relação à proteção à natureza pois precisamos dela para praticar este esporte.

 

A Surfrider Foundation promove eventos de conscientização da população em relação ao lixo na praia e num desses eventos participou como voluntária a vereadora Silvia Pontes, que ficou responsável por remover o lixo na areia e ficou impressionada com a quantidade de pontas de cigarro.

 

Desde então, começou a pensar numa solução para o microlixo na areia das praias. Foi então que criou o projeto “Dia Municipal de Limpeza das Praias”, que se aprovado será comemorado dia 29 de Abril.


Já existem vários projetos de arrecifes artificiais, mas os empresários precisam investir mais neste setor que contribuirá para o futuro saudável do esporte, pois a cada dia que passa tem mais surfista dentro d?água e com a criação dos arrecifes poderemos também ter mais ondas para suportar o crescimento do esporte.

 

Isso também vai contribuir com a natureza, pois desta forma aparecerá mais vida marinha através da formação de corais, algas e conseqüentemente mais peixes.


Gostaria de dividir a beleza e a qualidade das ondas da praia da Macumba com todos aqueles que gostariam de conhecer esse pico, por isso estou montando a minha escola de surf e ecologia neste local.

 

Tive que me afastar das competições neste momento para poder me dedicar totalmente a escola que pretendo inaugurar antes do verão. As aulas de surf em inglês estão sendo realizadas em parceria com o  Riosurfnstay, que também oferece hospedagem.

 

Para checar é só acessar o site Rio Surf n Stay.
 

Boas ondas e muito aloha para todos!