Ohana Pupo

Família surfa unida

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A pré-estréia do filme Ohana Pupo acontece na próxima terça-feira (2/9) no Cine Olido, em São Paulo (SP).

 

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O documentário de Munir El Hage retrata a trajetória do surfista profissional Wagner Pupo, que aos 40 anos é um dos surfistas mais constantes do Circuito Brasileiro Profissional. Há 16 anos ele se mantém entre os top 16 do ranking.

 

O nome do filme vem da cultura havaiana, na qual a palavra ?Ohana? expressa o valor e a importância da base familiar na formação do caráter e estrutura dos indivíduos.

 

De origem humilde, Wagner é natural de Itanhaém, litoral Sul de São Paulo e atualmente reside com sua família em Camburi, litoral norte.

 

Da união com sua esposa Jeane nasceram seus três filhos, Miguel, Samuel e Dominik, que herdaram do pai o talento para o surf.

 

Miguel Pupo, 17, o filho mais velho do casal, é uma das grandes promessas do surf brazuca e já se destaca nas competições internacionais. Os dois mais novos já dão indícios de que trilharão o mesmo caminho.

 

O Cine Olido fica localizado à Avenida São João, 473, Centro, São Paulo (SP). A exibição do filme será às 19:30. Os convites podem ser retirados gratuitamente com uma hora de antecedência.

 

Para obter mais informações, entre em contato pelo telefone (0xx1) 3331 8399 ou acesse o site Ombak Imagem.

 

Em entrevista exclusiva ao Waves.Terra, Munir El Hage fala sobre a produção independente de Ohana Pupo. Confira abaixo.

 

Há quanto tempo você começou a captar material para o filme?


Há cerca de três anos atrás. A primeira coisa que eu filmei na vida quando comprei minha câmera de vídeo foi o casamento do Wagner Pupo. Em vários dias que não tinha sol para fotografar eu pegava a câmera e filmava. Quando me dei conta eu já tinha um bom material.


Na seqüência eu comecei a conversar com o meu cunhado, Rafael Mejias, uma pessoa de extrema importância na realização do filme, sem ele nada teria acontecido. Ele já conquistou diversos prêmios importantes e trabalha há mais de 20 anos com televisão. Juntos, desenvolvemos um roteiro, dirigimos, produzimos e editamos.

 

Então a idéia do filme veio a partir de um material que você já tinha em mãos?

 

Já tínhamos muita coisa capturada, então roterizamos o filme e fomos atrás das imagens que faltavam, como as entrevistas com Picuruta, Fábio Gouveia, Teco Padaratz e outros.

 

Qual é a importância da família na carreira de um surfista profissional?

 

A família é tudo! É a primeira noção de sociedade humana, que já começa dentro da própria casa. A maneira que você lida com as pessoas na rua é uma extensão do teu comportamento dentro de casa. A base familiar tem extrema importância em todos os aspectos da vida de um surfista.

 

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Família Pupo participa da evolução do surf em cada uma de suas gerações. Foto: Munir El Hage.

Qual é a diferença de começar no surf hoje em dia e na época em que o Wagner começou?


Hoje o surf é uma profissão, deixou de ser um hobby ou qualquer outra coisa meio ?zen?. Passou de um esporte a uma profissão. Hoje ganha-se dinheiro e vários atletas estão muito bem, com uma estrutura de marketing por trás.

 

A geração do Wagner contribuiu de alguma maneira para isso?

 

Com certeza! Não só a dele como principalmente a geração anterior, que inclui nomes como Picuruta, Tinguinha e outros, que ainda surfaram juntos durante um tempo. Esses eram os caras que quebravam. Venciam campeonatos e não ganhavam nada em troca.


Eles lançaram o surf para o mercado brasileiro e depois veio a geração

Wagner Pupo acompanha a mudança dos critérios competitivos. Foto: Munir El Hage.

que começou a colher os frutos do surf como profissão. Entre eles estão Teco Padaratz, Renan Rocha, Zé Paulo, Wagner Pupo, Piu Pereira, Fábio Gouveia e outros, que foi a galera que já veio com um respaldo maior, sendo pagos para isso. Essa geração transformou o surf realmente em profissão no Brasil.

 

Você acha que os filhos do Wagner já começam um passo a frente na carreira de surfista por estar em outra época e ter o apoio da família?


Com certeza sim! Antigamente o cara tinha que surfar escondido e muitas vezes apanhavam e tinham suas pranchas quebradas quando seus pais descobriam. No filme mesmo podemos ver o momento em que o pai do Wagner falece e a mãe dele diz que ele teria que trabalhar para sustentar a família. A galera da geração antiga teve muito peito de lançar esta profissão.

 

Como foi desenvolvida a trilha sonora do filme? Qual é a diferença de ter uma trilha sonora exclusiva?

 

O responsável pela trilha foi Eduardo Anabella, ele tem uma banda que chama ?Imperdíveis? e tem até vários clipes na televisão.


Ele domina o ?After Effects? e finalizou o nosso filme, além de criar toda trilha sonora. Tirando a cena dos pescadores no início do filme, todo restante do filme se passa com a trilha sonora desenvolvida por ele exclusivamente para este trabalho.

 

Tudo que é feito exclusivamente para alguma coisa traz um carinho e um cuidado especial, não está se dando um jeito para adaptar as coisas e sim criando algo novo. O Edu passou dez dias na minha casa, fazendo a trilha sonora e desenvolvendo as artes do filme. Eu sozinho não teria feito nada.

 

Você pretende fazer outros filmes?

 

No momento, sinceramente eu não tenho nenhum outro projeto. Este filme deu muito trabalho por ser um documentário, não é um clipe de cenas de ação. O roteiro foi estudado e bem cuidado, porém foi uma produção independente, não tivemos nenhum apoio.


Eu até gostaria de fazer vários filmes com apoio. Este foi um filme totalmente caseiro, dentro da minha realidade, filmado nas praias aqui ao redor. É muito difícil trabalhar com isso sem apoio. Depois que eu terminei o filme, só tenho fotografado, por enquanto, que é algo pelo qual eu tenho uma grande paixão.

 

O filme ficou pronto graças a bons profissionais que acreditaram em uma história bacana. Agradeço muito ao Eduardo Anabella e Rafael Mejias.