Seria até exagero, mas pode-se afirmar que o surfe proporciona uma sensação de juventude por tempo indeterminado para quem o pratica. Basta perguntar a um surfista por quanto tempo ele ainda pretende deslizar sobre as ondas.
A excitação e a adrenalina que este esporte tão encantador proporciona são ilimitadas. Sensações como a de passar por dentro de um tubo, a explosão de um lip, uma manobra bem acertada ou simplesmente descer a parede de uma onda não tem nada a ver com a data de nascimento.
A prova viva dessa reflexão está bem nítida em competições como o Petrobras Longboard Classic, encerrado neste domingo na praia da Macumba, Rio de Janeiro, na qual sagrou-se campeão o local de Saquarema, Jeremias da Silva, o Mica, 40 anos.
?Não tem segredo, o importante é se dedicar e treinar bastante.
Atualmente, temos uma nova geração muito boa. Mas na hora o que conta mesmo é a experiência. Na verdade está tudo na mente. Se estiver focado, com certeza você obterá bons resultados, pois a vida é cheia de aprendizados?, analisa Mica, que conquistou o título de campeão brasileiro ainda na semifinal.
Há mais de 30 anos no surfe, o santista Picuruta Salazar já venceu cerca de 140 campeonatos e já foi eleito por diversas vezes como o maior surfista de todos os tempos pela Revista Fluir. Apelidado como ?Gato?, por nunca cair da prancha, Picuruta, 48, não pára e ainda, segundo ele, pretende competir por mais 20 anos.
?Na realidade a gente permanece na briga devido à experiência e o fator sorte contribui muito. As duas coisas fazem com que você se torne um verdadeiro campeão e isso se adquire com anos de competição?, garante o nove vezes campeão brasileiro, só para citar
alguns de sua imensa lista de títulos.
Para o jovem surfista carioca Roger Barros, 19, é um grande aprendizado e um imenso prazer estar na água com grandes ícones do esporte. ?É um incentivo a mais para mim, pois eles servem de exemplo. Uma coisa é competir, outra é se manter durante tanto tempo?, disse Roger, que compete na categoria Profissional.
Segundo Picuruta, o surfe não tem idade – o mais importante é estar na água competindo e surfando. ?É um elogio saber que a molecada surfa se espelhando em mim, me sinto lisonjeado. Quem sabe eles vão ser o Picuruta do futuro??, questiona o veterano cheio de disposição.