Mais um Pipe Masters que se vai! O evento que é como uma final de copa do mundo.
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Teahupoo conseguiu um status gigante nos últimos anos e merece, pois surfar aquela onda deve ser uma experiência grotesca. Conheço profissionais que dedicam a vida a surfar Pipe. Vários já me disseram que surfar em Teahupoo o buraco é mais em baixo.
Mas não há surfista profissional que não sonhe com esta conquista. Pipe povoa a mente de qualquer ser humano que pense em surf e até dos que não pensam!
Pipeline tem um ligação tão profunda com o esporte, que é impossível falar em Hawaii e não falar nesse famoso spot. Mas vamos ao campeonato.
Falarei sobre o último dia, do qual as ondas cor de chocolate tiraram um pouco o brilho, já que normalmente o pico apresenta um tubo oco e cristalino.
Kelly’Slater ou Kelly Slaves? Ele tomou de assalto o circuito, no alto de seus 36 anos massacrou adversários que anos antes o haviam dado como ultrapassado.
Com uma conduta profissional, limpa e saudável, ele é o maior surfista da história e um dos maiores atletas também, além de ser o garoto propaganda perfeito para qualquer marca.
Surfou com uma prancha 5´11″. Ele reduziu seis polegadas do bico e o deixou mais arredondado, em uma triquilha que apresentava a quilha do meio maior que as duas laterais. Pronto! Começa outra moda ou revolução no surf! Ele saía de tubos impossíveis no Backdoor!
Assisti ao evento confortavelmente na casa da Red Bull, que pertence à mais santista de todas as havaianas: Tânia. Uma mordomia e um ângulo que dava para ver perfeitamente como ele ia passando sessões impossíveis dentro do tubo.
Ele ia como se estivesse abrindo portas dentro dos tubos. O de Backdoor estava espremendo no fim
e algumas vezes no meio da onda rolava uma seção irregular. Slater ia arrombando essas sessões, parecia intocável, inderrubável (boa essa) e indestrutível.
Também tomou duas vacas horríveis. A vaca que ele levou em Pipe foi umas das mais bizarras que já vi em um campeonato.
A bateria final, eu tive o prazer de assistir ao lado de nosso herói Adriano de Souza, que ficava estarrecido com cada absurdo feito por “Slaves”. Eram drops atrasados, colocadas no tubo ultrapassando o limite e um posicionamento absolutamente perfeito.
Timmy Reyes quase joga um balde de água fria e tira Slater do evento. Reyes tem sido um dos melhores no free surf e pegou altos tubos, mas aí vemos como as coisas funcionam na vida do Slater.
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Não dá para descrever em palavras, o que é ver um surfista que estava em combinação virar uma bateria em 30 segundos com duas ondas. Coloquei os vídeos em meu blog e só entrar e assistir.
Slater pegou um bom tubo para Pipeline e voltava remando, quando se forma uma onda meio que do nada. Reyes ignora e a onda dá meio que uma encavalada e forma em cima do cara. Tubão! Alias, tubaço! Slater vira e transforma Reyes em seu escravo também.
Na bateria final Chris Ward surfou bem, mas o show, o ano e o evento eram de Slater, que deve ter acabado com o recorde criado por Rabbit Bartholomew para Mick Fanning, com o título de surfista que mais dominou o tour.
Kelly dominou, nesse que parece ter sido o seu melhor ano de sua carreira, o que ele fará no ano que vem? Caso decida correr,
provavelmente alguns anunciem uma aposentadoria forçada!
Bruce Irons já deixou o tour e na sua última bateria precisava de uma nota inferior a 7.00 pontos. A onda salvadora veio no último segundo. Ele dropou e entubou. Fez a parte dele, mas os juízes não deram. Isto foi a gota d´água, para quem há pouco tempo atrás, em sua matéria de despedida feita pela revista Surfing, agradeceu aos juízes por pontuarem a mais suas notas, durante os anos em que correu o tour.
Desta vez não foi bem assim. Saiu xingando a entidade de alguns nomes dos quais às vezes acho que merece mesmo chamada, afinal na bateria do Mineiro beirou o ridículo. Mineiro pegou altas ondas, o moleque realmente está representando e está focado.
Na bateria final já estava começando o oba-oba, distribuição de cerveja e tequila. Mostrando disciplina, ele foi para sua casa e disse que está avesso às festas, namorando já há alguns anos com a Claudia. Realmente acho que temos ali um campeão do mundo.
Um campeão não se faz só dentro do mar. Equilíbrio dentro e fora dele são importantíssimos na vida de um atleta e pelo que vi nosso tão esperado título está por vir.
Uma hora não vai adiantar a má vontade dos juízes, eles terão que se dobrar ao surf do garoto prodígio brasileiro, que esse ano ficou entre os top 10 no ranking.
Voltando ao evento, a bateria final foi uma festa. O público idolatra Slater e ele sabe como tratar o povo, do jeito que o povo gosta. Sempre tira fotos com a galera antes e depois das baterias, sempre tratando a todos com atenção.
Enfim um super surfista. Profissional que serve como exemplo não só como surfista e atleta, mas como ser humano, que apesar de todas as glórias conquistadas, consegue antes da bateria final parar e tirar fotos com seus fãs, dividir a alegria com uma multidão.
Mais um Pipeline Masters…
Que venha o próximo!
Para conferir mais fotos e vídeos do Billabong Pipeline Masters 2008 acesse o The Blog.