ISA Games

Bodyboarders fora dos jogos

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Guilherme Tâmega venceu duas edições do ISA Games. Foto: Luis Claudio Duda.

A International Surfing Association (ISA), que organiza o ISA Games, considerado as olimpíadas do surf, divulgou esta semana que decidiu excluir o bodyboarding de suas competições.

Em nota oficial assinada pelo presidente da entidade, Fernando Aguerre, um dos motivos da exclusão foi o objetivo de criar um ISA Games somente de bodyboarding nos próximos anos.

Segundo o site oficial da ISA, com a saída do bodyboarding, o número de atletas cairia de 10 para 8, tornando mais barato os países enviarem seus representantes.


A International Bodyboarding Association (IBA), entidade máxima do esporte a nível mundial, não foi consultada. ?Estamos muito tristes com essa decisão. Enquanto vemos que o bodyboarding e surf buscam se juntar cada vez mais, uma decisão unilateral da ISA é tomada?, diz Terry Mckenna, diretor técnico da IBA.

Marcus Lima pode ter sido o último campeão de bodyboarding da ISA. Foto: Carlos Pinto.


Vale lembrar que o bodyboarding muitas vezes foi determinante para que o Brasil conseguisse ser campeão por equipes. Muitos nomes fizeram história no ISA Games como Guilherme Tâmega, Karla Costa, Daniela Freitas, Neymara Carvalho, Jefferson Anute e o potiguar Marcus Lima, que pode ter sido o último campeão mundial do ISA Games.


As principais entidades do surf a nível mundial já se manifestaram contra a decisão unilateral da ISA. Representando a Confederação Brasileira de Bodyboarding, o head-judge do circuito mundial, Chico Garritano, formalizou o protesto contra a decisão. ?A Confederação Brasileira de Bodyboard se expressa consternada com a decisão extremamente incompreensível e que não exprime a realidade de união entre o surf e o bodyboarding na maioria dos países, bem como a comunhão entre todos os desportistas da modalidade surf?.

Neymara Carvalho, Erisberto Abrantes e Uri Valadão durante ISA Games na Califórnia (EUA), em 2006. Foto: Ader Oliveira.


O presidente da Confederação Brasileira de Surf, Juca Barros, também lamenta. ?A Confederação Brasileira de Surf vem, nesta oportunidade, indignada, solidarizar aos atletas e todos os envolvidos na organização do bodyboarding e do surf pela infeliz decisão unilateral da diretoria da ISA pela retirada da modalidade do World Surfing Games”.


A Federação Portuguesa de Surf, FPS, que organiza o Sintra Bodyboarding Pro, também se manifestou. “A Federação Portuguesa de Surf, ao tomar conhecimento da decisão por parte da ISA em retirar o bodyboarding do World Surfing Games sem escutar as nações filiadas nem dando uma oportunidade de discussão e até de votação numa assembléia da International Surfing Association, vem mostrar o seu mais vivo repúdio e indignação por  esta posição que considera arbitrária e sem qualquer fundamento”.


Nos últimos anos, verificamos que a ISA anda a viver num mundo muito fechado, tomando decisões à revelia dos associados, não abrindo e até evitando espaços de discussão. A ISA prometeu anunciar em breve o ISA World Bodyboarding Games no formato igual ao Pro Junior.


Em depoimento concedido ao site SurfBahia, o campeão mundial Uri Valadão também lamentou a decisão da entidade. “Estou muito triste com esta notícia e acho que a decisão foi muito precipitada. O ISA sempre foi um evento muito marcante pra todos nós, brasileiros, por ser como as olimpíadas. Para mim sempre foi uma honra vestir a roupa de equipe brasileira e lutar por medalha, e agora, infelizmente, o bodyboarding não estará mais presente. O título do ISA era meu objetivo nos próximos anos, já que é o único título que me falta”, diz Uri.

Especula-se que o baiano seja o recordista de pontos na história do ISA Games. Em 2006, nas ondas de Huntington Beach, Califórnia (EUA), Uri somou notas 10 e 9.50, dando-se ao luxo de descartar 8.33 e 6.17.


Fonte Abbctour.net