A primeira etapa do Oxbow WLT chegou ao fim e teve como campeão o australiano Harley Ingleby, que venceu o havaiano Duane de Soto numa final sem muitas emoções em Tahara, Japão.
Clique aqui para ver as fotos
Clique aqui para ver mais fotos
O dia de competição foi uma verdadeira maratona. Começou às 7:15 com a 11ª bateria do primeiro round, que marcou a estréia de Phil Rajzman na competição.
A estréia do ?jogador? foi marcada pela sua consistência e forte presença de espírito, que acaba deixando seus adversários indiretamente pressionados. O havaiano Noah Shimabukuro tentou mas não conseguiu nada que ameaçasse a vaga de Phil no segundo
round.
Os destaques da primeira fase foram o francês Antoine Delpero e o americano Taylor Jensen, que marcaram altos somatórios e tiveram notas acima dos 9.00 pontos, mas os brasileiros Bagé, Bahia e Phil mostravam-se sintonizados e que poderiam ir bem longe na competição.
Uma bateria brasileira abriu o segundo round, com Bagé levando a melhor sobre Amaro Matos. A bateria foi bem dinâmica, mas burocrática, talvez pelo respeito entre eles que são velhos conhecidos dos circuitos brasileiro e mundial.
O vento terral começou a soprar muito forte e o ?Pagé? conseguiu se sair melhor que o ?Amarildo?, que apesar de uma boa escolha de ondas, parecia estar sendo atrapalhado pelo vento. O placar foi de 9.75 para o carioca, contra apenas 6.65 do guarujaense.
A quarta bateria prometia uma disputa interessante, com o atual campeão Bonga Perkins enfrentando Carlos Bahia, que surfou e competiu com maestria na fase anterior.
Por isso eu estava colocando muita fé no Bahia, mas ele adotou a tática de sair pegando logo duas ondas no começo e não teve sorte nas escolhas. O havaiano esperou pela série e apesar de um pouco inseguro na sua primeira onda, marcou 8.00 pontos, para depois apenas administrar o resultado. Quando Bahia desacelerou um pouco, esboçou uma reação com duas notas acima dos 6.00 pontos, no momento que precisava de um 7.26 para reverter o resultado.
O Phil foi o destaque do round, marcando o maior somatório (16.10 a 15.40) contra o perigoso americano Taylor Jensen. A segunda onda do Phil deve ter deixado muita gente de olho arregalado lá no Japão. O ?Yellow Monkey? colocou toda sua força para arrancar um 9.10 dos exigentes juízes do WLT.
Bagé abriu as quartas-de-final contra o havaiano Duane de Soto, mas não conseguiu a sintonia das outras fases e acabou dando adeus ao evento. Na minha opinião, faz tempo que Duane vem ganhando atenção especial no julgamento, tendo suas notas valorizadas em algumas situações, se bem que essa bateria com o Bagé ele realmente venceu.
Mesmo assim o brasileiro conseguiu uma excelente quinta colocação e se mantém na mesma posição que terminou o ranking do ano passado. Chega na etapa das Maldivas em posição privilegiada para conquistar o seu tão sonhado título mundial.
Na sequência, Bonga esmagou seu compatriota Keegan Edwards, que parece ter respeitado muito o campeão. Na terceira bateria, Phil acabou com a marra do francês Antoine Delpero, que vinha fazendo grandes apresentações.
A força e tranquilidade dele se sobressaíram ao estilo de Delpero, que mais uma vez ficou no quase, para decepção dos chefes da Oxbow, que tanto o paparicam. Harley Ingleby atropelou o tricampeão mundial Collin McPhillips para fechar a fase.
##
A primeira semi foi para a água com um duelo de havaianos. Dessa vez, Bonga não conseguiu encontrar as melhores ondas e não foi páreo para Duane de Soto, que abriu a disputa com uma onda excelente que lhe valeu 8.50 pontos e ainda somou mais um 7.10 para carimbar a faixa do campeão.
Clique aqui para ver as fotos
Clique aqui para ver mais fotos
A segunda semi foi uma boa bateria, com Phil tentando a qualquer custo chegar à final, mas Harley Ingleby foi feliz ao encontrar duas ondas que lhe valeram o passaporte para a decisão.
Ele marcou duas ondas na casa dos 8.00 pontos, enquanto Phil fez
um 6.00 e um 7.50. Foi uma bateria que mostrou que resultados no surf se fazem no momento e o quanto uma competição pode ser ingrata, afinal Phil vinha sendo um dos grandes destaques do campeonato e Harley, apesar de surfar muito, não vinha tendo
apresentações tão convincentes.
A decisão estava montada com Harley contra Duane e mostrou também que uma bateria pode mudar o histórico de um atleta na competição. A vitória sobre o Phil deu novo brilho ao australiano, que se encaixou melhor na vala e superou o experiente havaiano, que marcou apenas 6.50 e 5.25, scores bem diferentes do que vinha marcando ao longo da competição.
Com um 7.00 e um 7.75, Harley venceu pela segunda vez no WLT e chega nas Maldivas com uma mão na taça, mas na bota dele tem surfistas de peso como Bonga e Phil, por exemplo, além do próprio Duane de Soto.
Este campeonato marcou alguns aspectos importantes que valem ser analisados. O primeiro é a respeito do julgamento, que mostra a valorização da evolução do surf de longboard. O noseriding continua sendo visto com bons olhos, e também não poderia ser diferente, afinal é o principal diferencial da modalidade, mas para arrancar notas altas no bico, é preciso se pendurar na parte crítica da onda e com velocidade.
Um nose feito dessa forma, aliado a manobras explosivas são fundamentais para garantir altos scores. No entanto, é possível fazer notas altas apenas na pancada, sem fazer um único bico, mas para isso tem que atacar o lip com vontade, como vinha fazendo o Phil nessa etapa.
Outro aspecto é o nível do longboard brasileiro, que a cada etapa mostra mais personalidade e identificação com o que o WLT exige. Em especial nessa etapa, Bahia, Bagé e Phil mostraram iniciativa e muita vontade de vencer.
Chamaram a responsabilidade e tranquilamente poderiam ter ido mais longe. Juntos com o resto do time podemos surpreender nas Maldivas, afinal temos bastante experiência com Picuruta, Amaro e Mica também.
Para finalizar, deixo aqui minha queixa a respeito do local escolhido para abertura do WLT. O Japão pode ser rico em cultura, o povo ser receptivo, e apesar de ter saído umas fotos boazinhas de ontem, a onda é bem fraca!
Está na hora de começarmos a pensar mais nas ondas do que nos interesses financeiros. Etapas no Hawaii e América Central (paraíso dos point breaks) seriam bem-vindas, pois o custo é mais baixo e as ondas não se comparam.
Falo isso porque apesar de não poder comparecer nessa etapa, sei exatamente como é ruim viajar para o outro lado do mundo para competir em condições fracas e até medíocres, como aconteceu na primeira fase desta etapa. Me imaginei lá e percebi de longe as dificuldades dos meus companheiros.
Claro que temos que agradecer à Oxbow por viabilizar duas etapas para o longboard, mas sugiro que comecem a pensar em um ?dream WLT?. A etapa nas Maldivas está confirmada e um pouco mais de esforço pode tornar esse sonho em realidade.
Parabéns ao time! Mais uma vez mostramos nossa força! Nas Maldivas estaremos juntos!
Resultados da primeira etapa do Oxbow WLT
1 Harley Ingleby (Aus)
2 Duane de Soto (Haw)
3 Phil Rajzman (Bra)
3 Bonga Perkins (Haw)
5 Eduardo Bagé (Bra)
5 Collin McPhillips (EUA)
5 Antoine Delpero (Fra)
5 Keegan Edwards (Haw)
9 Amaro Matos (Bra)
9 Carlos Bahia(Bra)
17 Jeremias da Silva (Bra)
17 Picuruta Salazar (Bra)