Quiksilver Pro

Fanning implacável na França

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Mick Fanning conquista seu terceiro título na França. Foto: © ASP / Kirstin.

Espetacular. Não existe outra palavra para descrever o último dia do Quiksilver Pro, vencido pelo australiano Mick Faning em Culs Nus Beach, Hossegor, França, encerrado neste sábado (2/10).


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Em ondas com cerca de 3 metros e séries maiores, ele derrotou o eneacampeão mundial Kelly Slater na grande final do evento, por 16.90 a 6.74 pontos.

Atual campeão mundial e defensor do título da etapa francesa, esta é a

Mick Fanning em um de seus muitos tubos em frente à multidão. Foto: © ASP / Cestari.Foto: © ASP / Cestari.

terceira vez que o australiano vence uma etapa do ASP World no país e a primeira que ele vence Kelly em uma final.

 

Entre tubos imensos e condições traiçoeiras, ambos enfrentaram momentos extremos e realmente difíceis para o surf na remada no confronto final.

Depois de performances alucinantes no decorrer do dia, na final, o melhor que Slater consegui foi uma onda nota 3.57 e alguns caldos horríveis para sobreviver no outside.

Fanning abriu o duelo com um lindo tubo de frontside para a direita e saiu pela frente da cortina para o delírio da multidão que lotou as areias do pico. Pelo canudo completado, ele foi premiado pelos juízes com 7.17 pontos.

Kelly Slater encara o vagalhão francês. Foto: Rabejac / Quiksilver Europe.

Em poucos momentos os atletas estiveram próximos dentro da água. Apesar de ser uma final homem-a-homem o grande adversário a ser dominado foi o oceano.

E Fanning provou da fúria deste adversário quando uma bomba, talvez a maior do dia, explodiu em sua frente enquanto ele retornava ao outside. Em uma cena impressionante, ele foi literalmente ejetado para fora do mar e reapareceu próximo à areia.

“Foi difícil. Kelly e eu estávamos conversando sobre como seria posssível ter se posicionado no pico. Havia muita água em movimento e foi super difícil. Eu fui literalmente martelado quando tomei aquela onda na cabeça e ela quase me matou. Ou você estava no lugar certo ou não estava. Tive a sorte de estar em dois momentos”, explica Fanning completamente ofegante.

Mesmo abalado com o caldo sinistro, o australiano não deu o braço a torcer pediu ao jet para colocá-lo novamente no outside. Momentos depois de pagar o preço da ousadia e com muita atitude, ele foi premiado com um tubo irado, sumiu atrás das placas e saiu limpo comemorando ao final, para selar definitivamente sua vitória com mais 9.73 pontos e sair da água para comemorar.

Minutos depois a buzina soou e Kelly nada pôde fazer. Diante da complicada situação ainda passou maus bocados para sair da água e ficou duas ondas debaixo d’água. “Achei que fosse apagar. Tomei um sufoco e fiquei preso lá embaixo por duas ondas. Ainda bem que acabou”, diz Kelly Slater aliviado e longe do foco das câmeras e entrevistas, depois de sair da água.

Passados os sufocos, os momentos de inferno e de glória, Fanning comemorou sua vitória em águas francesas. “Esta sensação é muito boa. No ano passado as ondas não estavam realmente bombando. Este ano, isto quase que não parecia um campeonato de surf, mas sim um bando de caras entubando sem parar por alguns dias”, brinca o atual campeão mundial.

Com este resultado, Fanning pula da quinta para a terceira posição do ranking, uma posição mais favorável a apenas três provas para o final da temporada. “Eu ainda tenho muito trabalho a fazer e os outros caras têm uma boa distância de pontos a minha frente. Mas isto já é um começo. Estou indo agora para Portugal e espero me divertir”, finaliza Mick Fanning.

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Kelly Slater a caminho do tubo nota 10. Foto: © ASP / Kirstin.

Slater nota 10 Apesar de ser vencido pelo mar na última bateria do evento, Slater apresentou performances fenomenais nas baterias anteriores e pegou um tubo melhor do que o outro.

Na primeira semifinal do dia, contra seu compatriota Brett Simpson, arrancou a única nota 10 do campeonato com um tubaço de frontside para a direita, no qual ele simplesmente sumiu e segundos depois, quando muitos já desacreditavam, reapareceu comemorando na última saída.

“Isto é a razão da nossa vida. Isto é insano. As ondas mais insanas estão no outside hoje. Eles simplesmente estão lá e você não quer ficar seis segundos dentro, quer ficar 10”, comenta Slater adrenalizado logo depois da bateria em que obteve a nota máxima.

Brett Simpson tem melhor resultado da carreira. Foto: © ASP / Kirstin.

“Não era uma daquelas ondas clássicas. Foi um pouco sem graça no começo, mas eu estava só esperando ela bater na parte rasa da bancada. Agarrei o mais forte que pude na parte superior da onda para perder velocidde, mas minhas quilhas soltaram e acabei escorregando para baixo com o bico da prancha. Pensei que tinha estragado tudo, mas como cheguei na base, minhas quilhas agarraram novamente, pude encontrar a linha novamente e funcionou”, complementa Slater, ao detalhar a onda nota 10.

E quando o assunto foi a final, Kelly Slater reconheceu o adversário. “Foi muito difícil lá fora e eu não consegui nada além de alguma pancadas. Parabéns ao Mick fanning por encontrar duas ondas boas no outside”, elogia o eneacampeão mundial.

Semifinais O norte-americano Brett Simpson, depois de uma ótima atuação nas quartas e de atropelar o australiano Daniel Ross, nada pôde fazer para deter Slater na semi e foi eliminado por 15.13 a 3.00 pontos.

“Esta são as melhores ondas que já surfei em uma competição na minha vida. Minha bateria de manhã foi mágica, mas de tarde não consegui encontrar uma onda para salvar minha vida, porém está tudo bem, este é o melhor resultado da minha carreira. Estou muito feliz por finalmente apresentar um resultado decente e espero continuar nesta boa fase em Portugal”, comemora Brett Simpson.

O australiano Adrian Buchan foi outro que sofreu do mesmo mal na semifinal contra Mick Fanning e foi eliminado por 17.67 a 11.40. “Está realmente difícil lá no outside. Você tem que estar no pico para pegar a onda certa. Isto provavelmente teria me dado a nota que eu precisava. Estou feliz com o resultado e isto me coloca em boa posição para ir a Portugal”, diz Ace Buchan, que assumiu a sexta posição do ranking.

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Jordy Smith segue na segunda posição do ranking. Foto: © ASP / Cestari.

Vice-líder do ranking O sul-africano Jordy Smith não entrou no ritmo nesta manhã e caiu nas quartas-de-final diante do inspirado campeão, que o venceu por 14.00 a 8.76.

“Nem todas ondas estão boas lá no outside. Elas são como diamantes brutos a serem lapidados. Foi uma pena que não consegui pegar nenhuma das boas lá fora, mas tudo bem. Acho que todos no Tour estão tentando dar o seu melhor para evitar que Kelly conquiste seu décimo título, mas o que você pode fazer?”, indaga Jordy Smith.

Brazucas Entre os brasileiros, o potiguar Jadson André ficou com a nona posição na competição, enquanto o paulista Adriano de Souza encerrou na 25ª. Com estes resultados, Mineirinho ocupa a nona posição do ranking e Jadsona a décima.

Dia épico entra para a história do circuito na França. Foto: © ASP / Kirstin.

O catarinense Luli Pereira foi o único juiz brasileiro no quadro de árbitros da competição. Ele é o juiz que já julgou mais baterias do ASP World Tour neste ano e deu seu parecer sobre esta etapa memorável.

“O dia foi espetacular e as condições extremamente difíceis para os atletas, exigindo compromisso total. Recompensamos quem estava assumindo o maior risco e apresentando a melhor técnica nos tubos. Enfim, um dia especial para o surf mundial”, finaliza o juiz brasileiro da ASP Iternational.

Agora a caravana segue para Portugal, que no último ano recebeu a etapa móvel do evento e conquistou seu espaço fixo no calendário. A janela de espera tem início na próxima quinta-feira (7/10).

 

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Mick Fanning assume terceira posição do ranking. Foto: © ASP / Kirstin.

Resultado do Quiksilver Pro 2010

 

1 Mick Fanning (Aus)

2 Kelly slater (EUA)

3 Adam Melling (Aus)

3 Brett Simpson (EUA)

5 Daniel Ross (Aus)
5 Michel Bourez (Tah)
5 Kieren Perrow (Aus)
5 Jordy Smith (Afr)

9 Jadson André (Bra)

9 Owen Wright (Aus)

9 Taylor Knox (EUA)

9 Tom Whitaker (Aus)

25 Adriano de Souza (Bra)

 

Ranking do ASP World Tour depois de sete etapas

 

1 Kelly Slater (EUA) – 48.000 pontos

2 Jordy Smith (Afr) – 40.750

3 Mick Fanning (Aus) – 39.500

4 Taj Burrow (Aus) – 32.250

5 Dane Reynolds (EUA) – 32.00

6 Adrian Buchan (Aus) – 28.500

7 Bede Durbidge (Aus) – 27.750

8 Owen Wright (Aus) – 26.500

9 Adriano de Souza (Bra) – 25.500

10 Michel Bourez (Tah) – 22.000

10 Andy Irons (Haw) – 22.000

10 Jadson André (Bra) – 22.000