Ithaka

Pranchas reencarnam em Sampa

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Depois de passar pela Europa, Japão, México e Estados Unidos, o projeto Pranchas Reencarnadas, do artista plástico californiano Ithaka, desembarca nesta quinta-feira (14/10) na galeria paulista Alma do Mar, Vila Madalena (SP).

O coquetel de lançamento começa a partir das 19 horas e a mostra vai até o dia 6 de novembro.

 

Entre as peças em exposição, destacam-se Soulmates, Lure, Octo-Heart Alien, Jussara, Ondas Platinadas, Amanari, entre outras, além de quadros que reproduzem algumas delas.
 
“Depois de expor na Califórnia, onde vivi durante a maior parte da minha vida, é uma satisfação muito grande trazer o projeto novamente ao Brasil, país que hoje em dia considero minha casa”, reconhece o artista, radicado no Brasil desde 2005.
 
Há 20 anos Ithaka transforma pranchas velhas ou quebradas em refinadas obras de arte contemporânea. Trata-se de uma excelente alternativa para um material com restritas opções de reciclagem, que possui resíduos perigosos devido às propriedades de inflamabilidade e toxicidade.

“Trabalhar com pranchas me satisfaz plenamente, pois une a minha paixão pessoal pelo surf e pelo mar, com o lado artístico que busca diferenciadas possibilidades de reconstrução”, comenta o artista.
 
Aos 16 anos, pintava elementos do mar em qualquer coisa que via pela frente. Seis anos depois, depois de quebrar uma prancha, resolveu pintá-la e alterou completamente sua forma utilizando um serrote.

“A partir daí, nunca mais pintei em telas ou peças de madeira. As pranchas personalizaram minha arte”, diz.
 
Reconhecido internacionalmente, transformou mais de 200 pranchas e participou de exposições em vários países. Em junho passado realizou uma grande mostra no espaço conhecido como The Camp, Costa Mesa, onde reuniu peças surpreendentes e a nata do surf californiano.

 

No Brasil, lançou a série Jurema, produzida sob influência da flora brasileira, em que mistura galhos quebrados e sementes aos blocos .“Deixei a forma da prancha natural e usei detalhes orgânicos. É uma série baseada na natureza”, explica.
 
Ithaka nasceu no Sul da Califórnia, possui descendência grega e viveu em várias partes do mundo a procura de ondas e riqueza cultural. Depois de conhecer o Brasil em 2001, morou durante quatro anos e meio no Rio de Janeiro e recentemente mudou-se para o litoral paulista.

O artista começou a surfar aos 12 anos no Hawaii, quando passava férias com um amigo em Maui. “Pescava em um barco no canal de Honolua Bay quando vi caras pegando tubos. Eram as imagens das revistas. Na hora pensei, tenho que fazer isso”, recorda.
 
Ele já visitou e surfou na Grécia, Marrocos, Quênia, Tanzânia, Cabo Verde, Indonésia, Nova Zelândia, México, Austrália, entre outros países. No ano passado, visitou Grécia, Hawaii, Fernando de Noronha e recentemente esteve no Peru.

No litoral grego, descobriu boas ondas no mar Mediterrâneo. “Morei lá anos atrás, mas não havia surfado. Desta vez, com a ajuda da tecnologia, peguei altas ondas, além de desbravar novos picos. A Grécia possui três mil ilhas, tem muitas possibilidades, com um litoral recortado e fundos bons. Foi engraçado encontrar ondas na terra dos meus avós”, diz.
 
Ithaka caminha pela arte, cinema, música, a fotografia e a escrita. Lançou também CDs de rap.

As habilidades deste artista polivalente são totalmente interligadas ao mar.

 

“Estou envolvido com todas as manifestações da mesma forma. Nunca tive uma verdadeira razão para escolher uma ao invés da outra. Estas múltiplas facetas me definem não como artista, mas como ser humano”, filosofa.