Suelen Naraisa

Cem vezes Suelen

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Suelen Naraisa comemora bicampeonato na Joaquina (SC). Foto: James Thisted.

Direto do Hawaii, Suelen Naraisa fala com exclusividade sobre a conquista do bicampeonato brasileiro de surf profissional e as metas para 2011.


A atleta é recordista em número de finais disputadas (12) e com a vitória na Joaquina (SC), ultrapassou 100 baterias vencidas no circuito brasileiro.


Na entrevista abaixo, a ubatubense exalta o surf feminino no Brasil, pede maiores incentivos para as atletas e afirma ter chegado a hora de buscar uma vaga entre as melhores do mundo.

 

Gostaria que falasse um pouco sobre a conquista do bicampeonato brasileiro…

 

Quando venci o brasileiro de 2009, título que buscava há muito tempo, dei uma relaxada. Em fevereiro deste ano, infelizmente, perdi meu avô. Ele era uma pessoa muito presente na minha vida. Fiquei sem chão, sem saber o que fazer. Então descobri que a primeira etapa do BSP 2010 aconteceria em Ubatuba.

 

Caramba, pensei, competir em casa sem a presença dele vai ser muito difícil. E como foi. Enfim, ganhei a etapa e descobri que existia um novo propósito na minha vida: vencer o circuito pela segunda vez. Afinal, era isso que ele gostaria de ver. Com ajuda da família, do marido, dos fãs e das pessoas que trabalham comigo, fui em busca do objetivo como nunca e obtive sucesso. 

 

A final na Joaquina foi sua 12ª final no Circuito Brasileiro Profissional. Das 12, você venceu a grande maioria: nove. Como faz para se dar bem nas finais? Tem alguma tática ou preparação especial?   

 

A preparação é feita antes dos eventos, tanto a física quanto a psicológica. Quando chego para correr a etapa sinto-me completamente preparada. Assim, em qualquer evento que for, estarei 100%. Isso, com certeza, dá maior confiança para o atleta.  

 

Você é recordista – ao lado da Tita Tavres – em baterias vencidas no circuito brasileiro profissional. Tita venceu pouco mais de 100, você venceu exatamente 100 baterias. Como analisa o “recorde”? 

 

Entrei no circuito brasileiro muito nova, com apenas 16 anos. Tenho bastante experiência nas disputas e uso esse conhecimento ao meu favor. 

 

Lembra-se de alguma bateria especial?

 

Tenho muitas baterias guardadas na memória, mas existe uma em especial. Foi quando ganhei meu primeiro evento em Itamambuca, lugar onde aprendi a surfar. Com certeza, esta bateria marcou minha vida.

 

Na Joaquina, você dedicou o título ao seu técnico Jacob, a sua psicóloga Giorgia e ao seu preparador físico Renato. Gostaria que falasse um pouco sobre a importância de uma boa preparação fora dá água.

 

Há alguns anos, percebi que não adianta só praticar o esporte. Para ser um atleta profissional de verdade, você precisa de uma combinação de fatores que maximizem seu potencial. No surf, por exemplo, são três fatores imprescindíveis: pegar onda, trabalhar a parte física e a parte mental. Há cinco anos percorro este caminho e agora estou colhendo os frutos. Por isso agradeço a equipe que me dá esse suporte. 

 

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Suelen Naraisa aproveita o começo da temporada no North Shore de Oahu, Hawaii. Foto: Francisco Chagas / Photochagas.com.

Como avalia o surf feminino atualmente no Brasil? 

 

O surf feminino brasileiro não deixa a desejar ao de nenhum outro país. Temos o melhor circuito nacional do mundo e atletas de nível. O que falta mesmo é incentivo dos patrocinadores. Sou privilegiada e agradeço a Nicoboco por acreditar no meu potencial. Mas como fã do surf brasileiro, deixo aqui o meu apelo às marcas.

 

E a evolução técnica das atletas brasileiras?

 

Sem comentários. As meninas dão aéreos, colocam para baixo nas maiores e soltam a rabeta como nunca. Acho que não preciso falar mais nada.

 

Existe uma nova safra de boas atletas no surf nacional. Alguma garota chama sua atenção? 

 

Duas garotas chamam minha atenção: Sandra Maria, atleta de Ubatuba e a cearense Larissa dos Santos, que este ano foi campeã do Circuirto Petrobras. Ela chegou com tudo e tenho certeza que veio para ficar. Ela é muito nova e já quebra. 

 

Em 2011, a legend Tita Tavares estará de volta ao circuito brasileiro profissional. O que isso representa para o surf feminino brasileiro em geral?  

 

É um grande nome e surfa muito. Sei que tem muito a ensinar a todos nós.

 

Quais os planos para 2011? 

 

Me dediquei muito tempo a um objetivo (referindo-se ao bicampeonato brasileiro) e só iria desistir quando conseguisse conquistá-lo. Agora é o momento das novas metas. Participo do WQS há alguns anos, mas em 2011 vou com tudo em busca da vaga na elite mundial. Quero correr o WQS, sem abrir mão do circuito brasileiro profissional. Penso em fazer no mínimo duas trips. Uma para a Indonésia, lugar onde nunca estive e que gostaria de conhecer e outra com as meninas, minhas companheiras de viagem. 

 

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