Motivado pelo desejo de divulgar personagens e registros da cultura do surf em Florianópolis (SC), o diretor Ademir Damasco superou diversos obstáculos para produzir o documentário Cupim.
Ao longo de um ano de filmagem, ele registrou as peculiaridades que fazem do surfista Adilson Cupim um surfista lendário da praia do Campeche.
Por meio desta figura emblemática e controvertida, Damasco discute diversos temas relacionados à cultura do surf na capital catarinense e suas intensas transformações ao longo do tempo.
Nativo da ilha e integrante da primeira geração de surfistas de Florianópolis na década de 70, Ademir Damasco acompanhou de perto o crescimento do surf em Floripa.
Ele encontra na inusitada história do polêmico Cupim uma maneira de divulgar alguns aspectos que moldaram o surf em Florianópolis ao longo das últimas quatro décadas. Na entrevista abaixo Damasco fala sobre o filme previsto para ser lançado em janeiro de 2011.
Como surgiu a ideia de fazer um filme sobre o Cupim? Foi difícil convencer ele a aceitar participar do projeto?
O documentário Cupim, é o meu oitavo trabalho audiovisual e estou em pré-produção de Outono, que vou fazer em 2011.
Gosto muito de personagens, as histórias de pessoas me fascinam. O Adilson Cupim é meu amigo há quase 30 anos e é um personagem fantástico. Estava devendo para galera um documentário sobre surf, mas queria algo diferente, e o Cupim é este “algo”.
Antes de começar a filmar, fiquei um ano conversando com ele, tentando convencê-lo. Acabei vencendo no cansaço e fiquei mais um ano convivendo e participando do seu dia a dia.
Explique um pouco sobre a história e características deste personagem? O que faz dele uma figura tão polêmica?
Adilson Cupim tem 48 anos, e 34 de surf. Surfa todo dia, faça chuva ou faça sol, com onda ou não. Talvez seja um dos caras que mais surfou ondas no mundo.
Tem personalidade forte, exige respeito para com os locais, e por causa disso, sempre teve dificuldades para lidar com o crowd. Tem aparência estranha, tem uma prancha estranha (ele mesmo faz), dirige um carro estranho.
Mas, por traz desta aparência, tem um cara cultural, é oleiro (atividade quase extinta na ilha) e tem seu próprio “boi de mamão”. Não fuma, não bebe, não usa drogas, é um cara correto. O surf moldou toda a sua vida. Sempre o surf primeiro, depois o resto. Virou lenda!
Conte um pouco sobre a produção deste filme, como desafios da filmagem, tempo de produção, equipe envolvida e previsão de lançamento?
O documentário terá 40 minutos e não tem apoio financeiro, faz parte do idealismo de quem gosta de filmar.
É um trabalho 100% autoral, que consumiu um ano de trabalho com orçamento zero e três elementos constantes na equipe. Eu como roteirista, produtor e diretor, Gustavo Damasco (filho de Ademir) camêra/edição/ assistência de direção, e Aline Sayuri Yamada – still e produção.
Estamos em fase final de edição, com lançamento previsto para a segunda quinzena de janeiro, no salão paroquial da Igreja São Sebastião, localizada no Campeche.
Qual a sua expectativa em relação a este documentário? Que mensagem você deseja transmitir?
O surf na ilha tem 40 anos, já temos histórias próprias, já passou por gerações. Conhecemos muitos gringos – australianos, americanos, havaianos – que nos contam as suas histórias. Vamos conhecer um pouco da nossa história também.
Vou legendar o filme em inglês, porque queria que os gringos conhecessem um pouco desta história, já que ela é universal. Em todo lugar do mundo há pessoas assim (como o Cupim), totalmente envolvidas com o esporte. E contar uma história nossa, nativa, de um cara açoriano, dirigido por um cara daqui, também nativo e estritamente ligado a esse universo.
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Fonte Surf & Cult