Eraldo Gueiros

Intimidade com ondão

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Infowaves é o boletim em áudio do site Waves, com direção de Fernando Gomes. O programa entra no ar a qualquer momento e traz algumas das principais notícias veiculadas no site.

 

Por enquanto o programa vai ao ar em caráter experimental, assim como o Conexão Hawaii e o Wavescheck. Em breve, o usuário terá novos programas disponíveis em áudio.

 

Nesta edição, uma entrevista com Eraldo Gueiros, big rider pernambucano, que fala da relação com as temidas ondas de Mavericks e Jaws.

 

Para enviar notícias ao podcast Infowaves, envie mensagem para Fernando Gomes no endereço [email protected].

 

Radicado na cidade do Rio de Janeiro, o pernambucano Eraldo Gueiros é um dos nomes mais respeitados do surf de ondas grandes em todo o mundo.

Além de encarar a adrenalina das gigantes na remada e no tow in, Gueiros administra na Barra da Tijuca a loja Extreme Club, especializada em roupas e acessórios para esportes radicais.

No dia 21 de novembro de 2001, ele surfou um dos maiores mares já registrados em Mavericks, Califórnia (EUA), com ondas maiores de 20 metros. Neste mesmo dia, entrou para a história ao rebocar seu parceiro Carlos Burle em uma onda com cerca de 22 metros.

 

Os dois foram recompensados com U$ 50 mil e uma caminhonete no título do Nissan XXL, que premiava a maior onda do ano.

São mais de 20 temporadas havaianas e Eraldo traz no currículo destaques como finais do Billabong XXL nas categorias Tubo e Remada, terceiro colocado no World Cup Tow In de 2002, além de outras grandes conquistas.

Na entrevista abaixo, Eraldo Gueiros, ainda adaptando-se à rotina de empresário, conversa sobre a temporada havaiana e a morte de Sion Milosky em Mavericks.

No Hawaii, por que escolhe Jaws como quartel general ao invés do North Shore?

 

Há uns anos já andava um pouco cansado da rotina do North Shore. Como o tow in crescia muito, fiz a opção de me dedicar a Jaws e conhecer o máximo desta onda. Para mim, ela é a mais sinistra do planeta, pois é grande, muito afetada pelos ventos e tubular.
 
Como foi a temporada em relações às outras? Boa ou deixou a desejar?

 

Acho que a temporada foi boa para a remada. Ondas medianas, boas condições de vento, mas não houve muitas ondas gigantes como se esperava. Todas as temporadas são boas, mas todas são diferentes. Importante é estar presente. Respirar aquele ar e surfar aquele mar azul já é bom demais, mas é claro tem temporadas bem mais intensas que esta.

 

O melhor dia para mim foi um swell que não colocaram muita fé, pois seria muito de ‘North East’ e ruim para Jaws. Mas quebrou altas. Surfei altas ondas sem crowd. Só eu, Jorge Pacelli e Daniel Goldberg.

 

Como um surfista experiente em Mavericks, na sua opinião a morte de Sion Milosky poderia ser evitada?
 
Conheci o Sion durante um campeonato de tow in em Haleiwa. Acredito que se tivesse uma galera profissional fazendo resgate de jet-ski e tivessem visto ele vacar talvez pudesse ser evitado. Mas é muito complicado tirar um cara de um caldo no meio das ondas. Por isso que sempre falo: na hora do caldo você está sempre sozinho, não dá para se garantir com os outros.
 
Os surfistas de ondas grandes da nova geração estão bem preparados para encarar estas ondas? Estão calculando os riscos corretamente?

 
Acho que existe um limite para a remada e o corpo humano. O que acontece é que estão pegando pesado e forçando um pouco a barra da remada, o que vai colocar muita gente em perigo. Se for para forçar os limites, é preciso alguns equipamentos como um colete flutuante que pode ser até dos mais finos, e ter sempre um suporte de jet-ski para resgate. Sem essas precações básicas, é imprudência cair na remada num lugar como Mavericks.
 

Essa entrevista foi concedida à repórter Marcela Pimenta, da assessoria Mídia Bacana.

 

Foto de capa Tracy Kraft