Depois de passar suas primeiras baterias no World Tour, o saquaremense Raoni Monteiro tem um novo desafio pela frente.
Ele busca seu primeiro resultado positivo em casa, diante da torcida. “Em todo campeonato que disputo aqui em Saquarema, penso nisso. Tenho que quebrar esse tabu mesmo. Nunca me dei bem em nenhum campeonato aqui, nem SuperSurf, nem nada, e sou meio decepcionado com isso”, diz Raoni.
“Já vi meus amigos ganhando – Leo (Neves), Neco (Padaratz), que inclusive estava hospedado em minha casa. Eu tenho vontade de vencer aqui e este ano eu quero vencer de qualquer jeito. Coloquei isso na minha cabeça desde o evento do ano passado, quando eu estava com o pé machucado. Eu pensei ‘No ano que vem o meu pé vai estar bom, vai estar tudo certo e eu vou pra vencer o campeonato'”, revela o atleta.
A pressão sempre foi um dos principais adversários do surfista de 29 anos. “Por ser em casa e eu nunca ter me dado bem, sinto aquela pressão de a galera vir falar comigo e dizer ‘Pô, você é local, tem que se dar bem, tem que ganhar!’. Fica uma pressão na minha cabeça de a cidade inteira estar esperando minha vitória e eu não conseguir me dar bem”, analisa o top da elite mundial.
“Não sei se fico muito à vontade por estar em casa ou se a pressão é muito grande. Este ano quero esquecer um pouco isso, chegar na água e me sentir como se estivesse no free surf, quando sempre entro, pego as melhores ondas e saio da água feliz. É assim que quero fazer na bateria”, fala Raoni.
O local de Saquarema não teve um bom início no Tour este ano. Perdeu de primeira nas etapas da Gold Coast e Bell’s Beach, mas teve ótimos momentos no Rio e barrou o bicampeão mundial Mick Fanning na terceira fase.
“Nada funciona quando a pessoa não está com a cabeça boa, quando nada está bem. Estava em um momento muito difícil da minha vida e muitas coisas pessoais acabaram influenciando na minha vida profissional”, admite Raoni.
“Foi um momento muito difícil. Eu achava que estava tudo bem, tudo certo, mas havia uma coisa na minha cabeça me incomodando e que não deixava eu ir pra frente. O fato de voltar pra casa e estar com a minha família novamente fez recarregar minhas energias. Consegui botar minha cabeça no lugar de novo, consegui direcionar o foco para a minha carreira e os campeonatos”, continua o atleta.
“As pessoas podem até falar que foi apenas um evento, que tive sorte e me dei bem, mas para mim não foi isso. O que significou para mim foi eu chegar lá e estar bem comigo mesmo, todo mundo esperando uma coisa boa de mim, esperando eu conseguir fazer o certo. Fui lá e passei as baterias, que é o que eu mais gosto de fazer e sempre soube fazer a minha vida inteira. Estou mais aliviado, mais confiante e com a cabeça melhor para poder trabalhar melhor”, desabafa o top.
