A triagem do SuperSurf ASP World Masters 2011 começou na manhã desta segunda-feira em ondas de meio metro e boa formação na praia do Arpoador, Rio de Janeiro (RJ).
Atletas que dominaram o cenário do surf brasileiro nos anos 70, 80 e 90 iniciaram a luta por duas vagas na categoria Master (36 a 49 anos) e outras duas na categoria Grand Master (50 anos ou mais).
Nomes como Pedro Müller, Piu Pereira, Nelson Ferreira, Ricardo Tatuí, Ricardo Toledo, Fred D’Orey, Dadá Figueiredo, entre outros, batalham pela chance de enfrentar ex-campeões mundiais como Tom Curren, Shaun Tomson e Mark Occhilupo nas tradicionais esquerdas da praia localizada na zona Sul carioca.
Ricardo Toledo, campeão brasileiro em 1991 e 1995, foi um dos primeiros a cair na água nesta segunda-feira. Ele avançou às quartas-de-final da triagem para a categoria Master e não escondeu a satisfação em participar como convidado do evento.
“É um orgulho enorme ser convidado, pelo menos para fazer parte da triagem. Rever a galera também é sempre muito bom. Estou super feliz, passei a primeira bateria e deu aquela aliviada. Vamos ver se eu consigo pelo menos uma vaga para competir contra estas estrelas do esporte”, comenta Ricardo, pai do atual campeão mundial Mirim Filipe Toledo.
Quem também avançou às quartas e provou que continua em plena forma foi o carioca Sérgio Noronha, radicado na Barra da Tijuca e competidor dos primeiros eventos internacionais de surf no Brasil, como Waimea 5000 e Hang Loose Pro Contest. Noronha abusou dos ataques de backside e arrancou aplausos da galera no Arpex.
“Esse reencontro é demais. Vou tentar fazer minha parte para tentar a vaga no evento principal. Receber ex-campeões mundiais aqui no Rio é maravilhoso, estou muito feliz de ver de novo essa galera do passado e do presente”, diz Noronha.
O sempre irreverente Fred D’Orey é outro brasileiro que representou bem o país em campeonatos da ASP nos anos 70 e 80. Pouco antes de entrar na água, o pioneiro do soul surf carioca e local do Arpoador revelou sua expectativa em participar da triagem do ASP World Masters.
“Minha expectativa é zero! Não tem onda! Infelizmente o campeonato teria tudo para ser alucinante, porque tem pessoas que ainda pegam muito bem e fizeram a história do surf brasileiro. Mas as condições estão lamentáveis. Os atletas não vão conseguir mostrar o melhor surf”, diz o atual colunista da revista Fluir.
“Não tenho nenhum problema com campeonatos de surf. O problema é que tratam estes campeonatos como um evento de massa. Acho que o surf nunca pode ser tratado como um esporte de massa. Não é futebol, não é basquete, você não pode fazer quadras novas. Há uma quantidade limitada de ondas e, se você dá um tratamento de esporte de massa, está matando a alma do esporte. O campeonato é uma coisa muito legal, mas não pode ser só isso”, finaliza D’Orey.
Também conhecido pela irreverência dentro e fora da água, Dadá Figueiredo é outro carioca que participa da triagem do ASP Masters. Pioneiro do surf progressivo nos anos 80 e 90, ele possui uma escola na Barra da Tijuca e atende cerca de 500 crianças. Com surf no pé e um visual bem mais comportado, ele avançou às quartas-de-final ao lado do ex-top da elite mundial Piu Pereira em uma bateria de alto nível no Arpex.
“É o maior barato rever toda essa galera. O melhor é que está todo mundo pegando bem ainda. Como dou aulas de surf, estou sempre dentro da água. O mar pode estar ruim ou bom, não importa, estou sempre lá pegando onda”, conta Dadá, que aponta o stand up paddle como responsável pela boa forma e relembra o cenário radical que o inspirou no final dos anos 80.
“O stand up ajuda muito em dias que não tem ondas. É essencial para me manter em forma. Em relação a ser um dos pioneiros da radicalidade é verdade, mas não era só eu que fazia isso. Comecei a investir nessa linha, de dar rabetadas, 360º e floaters gigantes, que mais pareciam com skatistas descendo de um corrimão. Coisas que a gente vivia na época, uma parada mais radical”, completa Dadá.
Os brasileiros Teco Padaratz, Guilherme Herdy, Victor Ribas, Jojó de Olivença, Renan Rocha e Peterson Rosa já estão garantidos na primeira fase da categoria Master. Na Grand Master, o Brasil só conta Daniel Friedman por enquanto.
O SuperSurf ASP World Masters distribui premiação recorde de US$ 220 mil no total e tem janela de espera até este domingo no Arpoador.
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