Recentemente assisti um vídeo-documentário sobre o surfista Christian Fletcher. Embora já conhecesse o cara e sua fama de surfar com uma base bem aberta, ou mandar aéreos em tempos de cutbacks e batidas, fiquei impressionado com a modernidade e estilo de seu surf, sobretudo, em se tratando de imagens registradas nos anos 80 e início dos 90.
O mais chocante foi perceber que toda aquela história de que o cara surfava com uma base feia, por ser extremamente aberta, é algo que um jovem surfista, dos dias atuais, sequer entenderá, pois a base que CF utilizava, em seus anos dourados, é extamente a base do surf atual, permitindo aos atletas voar cada vez mais alto e completar aéreos inimagináveis nos anos 80!
Escolhi este tema porque sempre tive como meus principais ídolos, no mundo do surf, atletas como Tom Curren, Occy, Tom Carroll, Derek Ho, entre outros.
Sem querer desmerecer estas verdadeiras lendas vivas – inclusive alguns ficaram fora do tour por um tempo –, todos estes foram surfistas que dedicaram sua carreira com o objetivo de conquistar de títulos mundiais. Consequentemente eles treinaram e evoluiram de acordo com os padrões e conceitos prestigiados pelos juízes da época, trazendo mais força e técnica às manobras já existentes, o que fez com que se eternizassem na história do esporte, com todo o merecimento, diga-se.
O que trago à reflexão, entretanto, é o seguinte: Quem deixou um legado maior para os surfistas atuais e para o surf, em geral, os grandes heróis do World Tour ou rebelde Christian Fletcher, que, na época, não tinha muita aceitação dos juízes, embora tenha participado de muitas competições?
Em minha modesta opinião, o legado de Christian Fletcher é infinitamente maior do que o deixado pela maioria dos campeões mundiais (estou evitando comparações com Kelly Slater), uma vez que ditou uma nova forma de o surfista olhar a onda e suas possibilidades.
Sem saber, mas inspirados na revolução iniciada por CF, os surfistas do novo século enxergam longas rampas de água e com suas bases, que em outros tempos foram consideradas abertas e feias, sobrevoam os picos, mundo afora, com aéros cada vez mais altos. Tem moleques no Leblon mandando aéreos antes de ter uma linha de onda bem feita.
Aqueles que tiveram a oportunidade de ver o documentário Dog Town and Z-boys, filme que exibe o início do skate vertical, influenciado pelo surf, entenderá minha comparação, às avessas, com Christian Fletcher, quando fez o contrário e trouxe as manobras radicais do skate vertical (esporte que também pratica) para dentro da água!
Por isso, e que me desculpem meus eternos ídolos, acima citados, considero Christian Fletcher o surfista mais influente e que mais contribuiu para a evolução (revolução) do surf moderno, ditando, verdadeiramente, um novo estilo e abrindo novos horizontes. Sabe-se lá o que neguinho estará fazendo sobre uma pranchinha, em 2025!
Clique aqui para ver a introdução do documentário I, against I, Christian Fletcher.