Billabong Eco Festival

Surf feminino à deriva

0

Gabriela Leite lamenta número reduzido de atletas no Billabong Eco Festival. Foto: Fabriciano Jr. / SurfBahia.com.br.

Das cinco inscritas, quatro subiram ao pódio em Salvador. Foto: Fabriciano Jr. / SurfBahia.com.br.

Carol Fernandes é uma das promessas da nova geração brasileira. Foto arquivo: Pedro Monteiro.

Encerrado na última quarta-feira em Salvador (BA), o Billabong Eco Festival 2011 definiu duas vagas para o Mundial Pro Junior Feminino e coroou Gabriela Leite como campeã sul-americana sub-20 desta temporada.

 

Organizada pela ASP South America, a competição foi realizada na praia de Jaguaribe e terminou com a vitória de Gabriela sobre Juliana Meneguel, resultado que confirmou as duas no Mundial da categoria.

 

Mas foi o número reduzido de inscritas que chamou a atenção no evento. Além de Gabriela e Juliana, participaram da etapa apenas a pernambucana Monik Santos, a carioca Carol Fernandes e a paulista Natali Paola.

 

“Fiquei chateada. Tem muito talento no Brasil e é lógico que eu queria competir contra mais meninas. Tem várias surfistas boas, mas falta o apoio de empresas para elas estarem aqui. Gostaria de fazer um apelo para as marcas investirem mais no surf feminino”, lamentou Gabriela Leite.

 

“Foi vergonhoso, deu para ver pelo número de inscritas que o surf feminino no Brasil está abandonado. Dá para contar nos dedos quantas surfistas têm patrocínio aqui”, resumiu a terceira colocada Monik Santos.

 

Para se ter uma idéia, o campeão da categoria Masculino Filipe Toledo precisou enfrentar nove atletas e avançar seis fases para conquistar o título. Já Gabriela Leite só precisou derrotar Natali Paola na semifinal e Juliana Meneguel na decisão para subir ao lugar mais alto do pódio.

 

Klaus Kaiser, tour manager da ASP South America, acredita que o trabalho de base está sendo mal feito no país. Ele ressalta que a entidade fez quatro etapas da seletiva para tentar levantar a categoria.

 

“É um mistério esse número de inscritos, porque a gente oferece todas as condições para que o surf feminino evolua. Acredito que deva faltar um trabalho maior na base, nas escolinhas de surf. Talvez não devessem cobrar inscrições para meninas de 12 a 14 anos para que elas possam competir os circuitos locais e aparecer para o cenário nacional”, opina Kaiser.

 

Diretor técnico do circuito municipal santista e Head Judge da ASP na América do Sul, Sergio Gadelha também critíca a falta de trabalho na base. Para ele, as federações, associações e clubes precisam repensar o modo de ver a categoria feminina.

 

“Acompanho algumas escolinhas na minha cidade (Santos) e vejo que tem muitas meninas surfando. Tem que ir atrás dessas garotas, criar uma divisão só para elas nos campeonatos amadores. Assim, em um período de médio a longo prazo a categoria voltará a ser bem representada em número de atletas. E da quantidade podemos tirar a qualidade”, explica Gadelha.

 

Já o jornalista João Carvalho, assessor de imprensa da ASP South America desde 1995, apresenta outro motivo para a falta de atletas na Bahia. Carvalho lembra que a última etapa da seletiva é no Nordeste e a maioria das atletas vêm do Sul / Sudeste do país.

 

“É uma pena. Mas o circuito neste ano teve 15 atletas no total, um número normal a nível de Brasil para essa categoria. Além da falta de incentivo das marcas e da pouca renovação, há também a questão de que essa é a última etapa e muitas atletas já não tinham chance matemática de classificação. Como a maioria vem do Sul, muitas desistiram por ser no Nordeste”, relata João Carvalho.

 

Na contramão desta estatística está a jovem Carol Fernandes, 16, campeã do Rip Curl Grom Search desta temporada e atual vice-campeã carioca sub-18. A surfista de Saquarema deu trabalho às atletas mais experientes na única bateria que participou do Billabong Eco Festival.

 

Carol diz que viajou do Rio até Salvador com o objetivo de conhecer os eventos Pro Junior. Irmã do ex-top da elite mundial Pedro Henrique, campeão mundial sub-20 em 2000, a atleta ressalta a importância de ganhar experiência e participar de competições como esta.

 

“Realmente tem poucas meninas. Por pouco todas não foram para o pódio logo de cara, sem precisar disputar uma bateria. A nova geração não está aparecendo, mas eu acho super importante pegar esta experiência. Ainda tenho cinco anos de Pro Junior pela frente e já estou fazendo frente com atletas mais velhas e experientes nesse circuito. Quase passei minha bateria de ontem (terça-feira)”, conta Carol, quinta colocada no evento e uma das poucas caras da nova geração que apareceu para competir em Salvador.

 

Resultado do Billabong Eco Festival 2011

 

1 Gabriela Leite (Bra)

2 Juliana Meneguel (Bra)

3 Monik Santos (Bra)

3 Natali Paola (Bra)

5 Carol Fernandes (Bra)

 

Ranking final do sul-americano Pro Junior 2011 depois de quatro etapas

 

1 Gabriela Leite (Bra) – 875 pontos*

2 Juliana Meneguel (Bra) – 829*
3 Monik Santos (Bra) – 719
4 Kaena Brandi (Bra) – 610
5 Natali Paola (Bra) – 493

6 Carol Fernandes (Bra) – 315     
7 Alana Pacelli
(Bra) – 263  
8 Nathalia Mello
(Bra) – 211   
9 Rafaella Cavalheiro
(Bra) – 211     
10 Valeria Sole (Per) – 211     
11 Barbara Müller
(Bra) – 197  
12 Barbara Orsi
(Bra) – 158  
13 Bruna Lopes
(Bra) – 158  
14 Larissa Pereira
(Bra) – 158        
15 Livia Guimarães
(Bra) – 92

 

*Classificadas para o Mundial 

 

Leia mais

 

Filipe descobre a América