Ainda se acostumando à nova condição de ídolo internacional e aprendendo a conviver com os compromissos que a fama gera, o surfista Gabriel Medina, da equipe Rip Curl, viveu um dia de astro no último dia 27, durante a inauguração oficial da loja que leva o seu nome, em plena praia de Maresias, São Sebastião, litoral Norte de São Paulo, lotada pelo final de ano e início de verão.
Em meio a concorrida sessão de autógrafos reunindo um bom público, entrevistas para emissoras de TV, reencontro com amigos, o novo fenômeno do surf mundial demonstrava alegria por estar “em casa” e atendia a todos com um grande sorriso.
Junto ao bonito troféu, simbolizando o globo, erguido na etapa da Califórnia, no Rip Curl Search, Gabriel falava com mais desenvoltura, superando a famosa timidez, sobre a sua ascensão meteórica. No World Tour, a elite mundial, chegou no meio da temporada, mostrando toda a sua força, com nada menos que duas vitórias em quatro etapas disputadas, em Hossegor (França) e San Francisco (EUA), e ainda um excelente quinto lugar no Pipe Masters, no Hawaii.
“É bom ser reconhecido pelo seu trabalho e a galera está gostando”, afirmou Medina, que em San Francisco ainda “carimbou” a faixa do agora 11 vezes campeão mundial, Kelly Slater, superando o ídolo nas quartas-de-final.
Ele comprovou já figurar como futuro astro mundial, terminando o ASP Men’s World Ranking 2011 em quarto lugar, atrás apenas de Slater, Joel Parkinson e Taj Burrow. No WT, somando apenas seis dos 11 resultados foi o 12º colocado.
Além da inauguração da nova loja, prestigiada pelo presidente da Rip Curl no Brasil, Felipe Silveira, o evento que também comemorou o aniversário de 18 anos de Medina, contou com uma recepção no Morocco Dinning Club, também em Maresias. O encontro, organizado por Simone Medina, mãe de Gabriel, Vitor Nastari e Caio Umehara, do marketing da Rip Curl, foi um presente especial para o novo fenômeno.
Recebeu das mãos de Felipe Silveira as chaves de um carro. Não um simples veículo, mas um Renault Rip Curl, modelo que será lançado em março no Brasil, voltado ao público que curte surf.
“Pensamos como presentear o Gabriel e o que um garoto que faz 18 anos pode esperar? O sonho é ter um carro. E não quisemos dar um simples carro, mas um do patrocinador dele, customizado para o surf”, afirmou o presidente da Rip Curl.
“Irado. Vai ser show”, festejou Gabriel. “Ele já está na auto-escola e terá o primeiro modelo do Renault Rip Curl no Brasil”, acrescentou Felipe, explicando que a parceria com a montadora já existe na Europa há anos e o modelo é customizado, com logo e acessórios exclusivos da Rip Curl. “Teremos toda uma campanha de marketing para o público do surf, simpatizantes do esporte e os fãs da Rip Curl”, comentou Felipe Silveira.
Nova loja A Rip Curl Gabriel Medina fica localizada à Av. Dr. Francisco Loup, 901, Centro da Praia de Maresias. Segundo Felipe Silveira, a ideia é se aproximar um pouco do que os esportes mais populares fazem. “De capitalizar em cima do atleta, toda essa fama, essa expressão que ele vem obtendo. A conta fica mais cara e temos de achar a forma de remunerá-lo adequadamente como grande estrela do surf mundial”, destacou.
“Os produtos que levam o nome Gabriel Medina são feitos em parceria com ele e essa loja com o seu nome, estamos fazendo junto com a sua família. Já existia a loja, remodelamos e transformamos em Rip Curl. Além de estar prestigiando o Gabriel e proporcionar uma nova forma de remuneração para ele e a família, o objetivo é dividir mais o fenômeno com o público. Uma forma de o Gabriel estar mais próximo dos fãs”, explicou.
Segundo o presidente da Rip Curl, o sucesso de Gabriel Medina na elite mundial não foi surpresa. “A forma rápida como alcançou essa posição é que talvez surpreendeu quem não estava próximo a ele. Acredito que o surf mundial está numa fase de mudanças, os critérios de julgamento e o surf do Gabriel se encaixa, está de acordo com essa modernidade”, comentou Felipe Silveira, que já foi competidor profissional.
“Acho que ele foi o cara certo, na hora certa, e isso tudo está acontecendo pelo momento que o surf está vivendo de reformulação. O Gabriel teve a competência, o mérito de estar lá e fez acontecer com a vontade dele de vencer. É um competidor nato. Surpreendeu o mundo, mas nós já o acompanhamos desde os 13 anos ainda no Rip Curl Grom Search e sabíamos do seu potencial”, disse.
O presidente da Rip Curl no Brasil lembrou que a marca tem tradição em revelar novos talentos e futuros campeões mundiais. Tanto que realiza o Rip Curl Grom Search, campeonato exclusivo para jovens com até 16 anos, com a proposta de formar novos valores, destacando os valores mais nobres do surf. “Já realizamos esse evento há 12 anos e o Gabriel é fruto do Rip Curl Grom Search. Foi campeão em diversas categorias e, com certeza, está alcançando o sucesso que já vinha galgando desde o tempo de amador”, completou Felipe.
Outra ação incluindo Gabriel Medina em parceria com a Rip Curl é a nova linha de roupas e acessórios levando o nome do surfista. Nos produtos, já disponíveis nas lojas Rip Curl e nas melhores surf-shops do Brasil, destaque para a bermuda Mirage Funk 21, o melhor boardshort do mundo, com tecidos superleves e extremamente flexíveis, de secagem rápida e muito mais conforto, tecnologia STL (cortado a laser e soldado eletromagneticamente, evitando assaduras) e cós anatômico. E o diferencial, com a estampa escolhida por Medina.
O mesmo desenho também é apresentado na mochila Dome Medina, integrando o programa Volta às aulas, com capacidade para 15 litros, clássica para o dia-a-dia.
Completam a coleção o boné e as camisetas. Para saber, acesse página oficial da marca no Facebook e o site oficial da Rip Curl.
Entrevista Gabriel Medina ingressou no World Tour (WT) como uma das grandes promessas e logo mostrou seu grande potencial ao faturar duas etapas (Hossegor e San Francisco), em quatro disputadas, ainda aos 17 anos. Os resultados não foram por acaso e ainda nesta temporada chegou ao importante quinto lugar no Pipe Masters, Hawaii.
As conquistas começaram cedo. Em 2009, faturou uma etapa seis estrelas na praia Mole, Florianópolis, sendo o mais jovem da história a vencer uma prova deste nível, com apenas 15 anos. No ano seguinte, comprovou que o resultado não foi acaso, ao garantir o terceiro lugar no mesmo evento.
A lista de conquistas conta com outros três campeonatos emblemáticos da nova geração: o King of the Groms International 2009 (com duas notas 10 na decisão), na França; o mundial Júnior no ISA World Surfing Games 2010, na Nova Zelândia; e o Rip Curl Grom Search International 2010, na Austrália, disputado em paralelo ao evento tradicional do circuito profissional, o Rip Curl Pro Bells Beach.
Com contrato de patrocínio com a Rip Curl até dezembro de 2016, Gabriel nasceu em São Paulo e iniciou no surf aos 9 anos, num dos melhores picos de onda do país, a praia de Maresias, onde mora, incentivado por Charles, seu padrasto, que ele chama de pai e até hoje seu grande orientador, ao lado da mãe, Simone. Seu próximo compromisso, ou seu próximo show, será em águas brasileiras, a partir de 7 de fevereiro, na etapa prime Hang Loose Pro, Fernando de Noronha (PE).
Leia a seguir o depoimento deste grande talento da nova geração. (Colaborou Felipe Fernandes)
Já está se acostumando com essa fama?
Mais ou menos. Acho que dei uma acostumada agora. Isso é legal, eu gosto disso, a galera reconhece o seu trabalho e estou representando bem o Brasil lá fora e o pessoal está aprovando.
Você esperava uma ascensão meteórica? Terminar o ranking da ASP 2011 como o quarto melhor do Mundo?
Foi algo que não esperava. Estou ali do lado do Kelly Slater, dos caras que assistia nos vídeos quando era pequenininho e hoje estou competindo contra eles. Graças a Deus está dando tudo certo. Venho treinando bastante com o meu padrasto e queria muito entrar no WT, ter a chance de competir contra o Kelly, Joel Parkinson. Quando tive a oportunidade não quis desperdiçar, aproveitei ao máximo e, graças a Deus, está dando tudo certo. Tive bons resultados e estou amarradão.
Como é competir contra Kelly Slater, Joel Parkinson, Mick Fanning, que são seus ídolos, enfrentando-os em condições de igualdade, até mesmo carimbando a faixa do Kelly?
É muito louco. Como falei, não esperava tudo isso. As coisas aconteceram muito rápido na minha vida e é um orgulho estar competindo diretamente com eles, bater de frente, vencer. Estou orgulhoso de mim mesmo, saber que posso fazer isso.
Já conversou com Kelly, Mick? Eles falam sobre o seu surf?
Já falei com o Kelly, mas não sobre bateria. A gente conversa sobre prancha, sobre onda, brinca, às vezes, sobre a mulherada (risos). É divertido.
Você ainda é bem novo, primeiro ano. Como foi esse início? Muita pressão ou deixou rolar, se divertiu?
Deixei rolar. Todo mundo estava cobrando, porque era o meu primeiro ano de Tour. Eu não ligo muito. Sempre quando estou num campeonato, procuro fazer o meu melhor, sou muito competitivo. Tentei me divertir e deu certo.
Em 2012, você já vai enfrentar ondas mais poderosas. Em Pipeline, não tremeu. Como está se preparando? O que espera?
Minha expectativa é a melhor possível. Vai ter Teahupoo (Tahiti), antes de Pipe (Hawaii). Acho que essas duas ondas são as mais difíceis de surfar no Tour. O que tiver de vir, tenho de enfrentar. Estarei lá, então terei de representar.
Já surfou Teahupoo?
Não, mas é uma onda que parece divertida, pelo que vejo em filmes, pela internet. Espero fazer bem, vou treinar, vou antes para ver como é e vai dar tudo certo.
O que esperar do Gabriel em 2012, agora que terá o Tour inteiro e na condição de surfista que já venceu duas etapas, chegando com respeito. É outra história, já pode pensar no título mundial?
Não sei. Quando estou numa competição, não entro para perder, porque sou muito competitivo. Quero sempre ganhar. Vou continuar treinando, com foco, e procurando fazer o melhor possível. Espero que consiga me dar bem e trazer os melhores resultados.
Tem alguma etapa especial, para você?
Quero competir na Gold Coast (Austrália). É uma onda irada, água quente e é de backside.
Você tem só 18 anos, o que espera para o futuro?
Espero ganhar muitas etapas, representar bem o Brasil e quero ser o primeiro brasileiro a ganhar o título mundial.
E essa estrutura que a Rip Curl está oferecendo para você competir com tranquilidade no Tour? Até loja com o seu nome, linha de produtos.
É irado. Agora tenho minha loja, minha família me ajudando, minha mãe e meu pai trabalham aqui. Tenho de agradecer muito para eles, porque é uma segurança a mais. O que eles fizeram com a gente todos esses anos foi muito bom, me ajudou bastante e só tenho a agradecer.
Você está feliz com a homenagem que a Rip Curl fez para você com a loja?
Com certeza. Estou muito feliz de ter uma loja com o meu nome, ainda mais sendo aqui em casa.
Podemos ver que a Rip Curl está bem animada com os seus resultados este ano. Você tem algum projeto para 2012 como barcas de free surf e gravação de filmes?
Ano que vem vou apenas correr as etapas. Acho que vou viajar para Teahupoo e para Fiji antes das etapas para treinas naquelas ondas.
Este ano você foi campeão de três etapas de WQS, um Pro Junior e duas etapas do WT e recebeu muitos elogios. Como lida com as críticas?
Eu uso isso como motivação. É irado receber esses elogios de pessoas importantes e muitos falaram bem de mim. Eu uso isso em meu favor e tento aprimorar o que eu tenho de melhor e fico com mais vontade de chegar onde eu quero.
Este ano você ganhou do Kelly duas vezes e muitos surfistas do tour não conseguiram isso até hoje. Qual o segredo para não sentir-se pressionado em uma bateria homem-a-homem com o 11 vezes campeão do mundo?
É bem difícil, mas eu tento manter a tranquilidade. Penso que é apenas mais uma bateria e está dando certo. Eu sempre quis competir contra o Kelly e agora que consegui não posso desperdiçar minhas oportunidades.
Com um cronograma de viagens tão apertado, como você faz para cuidar do condicionamento e preparo físico?
Costumo fazer treinamento físico, natação e yoga para me preparar. Este ano vou começar o treinamento agora em janeiro, porque preciso estar pronto para o WQS de Fernando de Noronha em fevereiro.
Vimos você muito emocionado quando ganhou o WQS da praia da Vila, em Imbituba. Qual foi a vitória mais importante e a mais difícil do ano para você?
Imbituba foi onde tudo começou. Foi o inicio do meu caminho até a entrada no WT e ela me deixou com muita vontade de competir na elite mundial. E a etapa mais difícil de vencer foi contra o Julian Wilson na França. Consegui virar nos últimos instantes de bateria.
Este ano foi muito importante para o surf brasileiro e a nova geração chegou com tudo. Você acha que o Brasil vai continuar em ascensão de talentos nos próximos anos?
A nova geração tem muitos moleques bons que ainda nem saíram do Brasil. Acho que eles vão sendo revelados.
Este ano, você comentou que nas suas visitas ao Hawaii não costuma surfar Pipeline por conta do crowd e que usou pranchas pela primeira vez nas baterias do WT. O que você achou do seu rendimento e daquela onda?
Eu gostei da onda. O mar estava um pouco grande nos primeiros dias e eu fiquei um pouco ansioso, nem consegui dormir direito. Eu estava muito ansioso para ver como eu ia me comportar naquele tipo de onda e graças a deus deu tudo certo. As pranchas funcionaram muito bem e fiquei muito feliz com a quinta colocação.
Todos sabem que entre os atletas do WT existe um desconforto entre surfistas de diferentes nacionalidades. Viu isso internamente? Você acha que foi bem recebido no tour?
Existe uma rixa sim, mas fui tratado normal. Nada de mais, mas não me trataram mal.
O que você gosta de fazer no seu tempo livre e o que gostaria de ter mais tempo para fazer?
Gosto de surfar com os amigos, jogar tênis e fazer churrasco. Acho que faço tudo que gosto.
Muitas pessoas não conhecem a experiência no surf do Charles Saldanha, seu padrasto e técnico. No que ele mais te ajuda e qual a importância dele para você?
Ele deu minha primeira prancha com 8 ou 9 anos e sempre me apoiou, me treinou e viajou comigo. Ele acreditou em mim e no meu surf, então ele foi fundamental na minha vida. Se não fosse ele, eu não estaria aqui.
Você acha que os brasileiros podem sonhar com o inédito título mundial em 2012?
Podem, por que não? Temos muitos representantes bons no tour.
Para completar, falam que você é o Neymar do surf, por ser jovem, ter ousadia e alegria ao competir. É isso mesmo?
É o que falam. É o meu estilo. Ser novo e ir para cima de todos, os mais velhos, não ter medo. Acho que é bem parecido mesmo.
Resultados de Gabriel Medina na temporada 2011
Campeão WQS Prime de Imbituba/SC
Campeão Pro Júnior de Lacanau/França
Campeão WQS 6 estrelas de Lacanau/França
Campeão WQS 6 estrelas de Zarautz/Espanha
Campeão WT de Hossegor/França
Campeão WT Rip Curl Pro Search de San Francisco/EUA
Campeão Sul-americano profissional
5º lugar no Pipeline Masters/Havaí
4º colocado no ASP Men’s World Ranking
12º colocado no ranking World Tour