Espêice Fia

SUP em ordem crescente

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Renato Wanderley, da pranchinha para o SUP, talento em duas moldalidades. Foto: Silvia Winik / FMA Notícias.

Coisa mais engraçada é quando escuto falar que o praticante de Stand  Up Paddle, o SUP, é chamado de “supista”. Mas, “aportuguêzaiando” o nome da modalidade, não poderia ser diferente. E quem vai pegar ondas de SUP, vai “supá”… Vamos dar uma “supada”?

 

Pratico o Sup há cerca de quatro anos, não com tanta frequência e mais durante o verão, principalmente ao voltar das temporadas havaianas, quando o resquício do desejo de surfar com pranchas grandes continua.

 

E as remadas se dividem em pequenas e longas distâncias, como também nas ondas, quando estas estão menores, pois como “surfista” que sou, quando o mar sobe gosto mesmo é de ter minha velha amiga prancha de surf.

 

Mas o Stand Up Paddle é bom, muito bom e muito divertido, tanto nas ondas quanto nas longas ou curtas remadas, nos passeios… Podemos chamar assim, passeios! Muitos surfistas torcem o nariz para a modalidade, mas já faz tempo que o SUP veio pra ficar.

 

Mas isso muito além das ondas, pois já faz tempo que gente de várias faixas etárias vem praticando em tudo quanto é lugar. Seja no lago Paranoá, na Lagoa da Conceição, no Rio Capibaribe e até mesmo no “vellho Chico” (rio São Francisco), entre outras localidades.

 

Recentemente participei de um evento de Sup Surf patrocinado pela Mormaii na praia Brava, Florianópolis, a convite do amigo e organizador Otoney Xavier, que contava com a ajuda também do surfista profissional Tânio Barreto, agora candidatando-se na política, entre outros organizadores.  

 

O evento teve pouca divulgação, mas ali havia grandes feras do esporte do Brasil, e fiquei extasiado com o nível da turma. Renato Wanderley, ex–integrante do WT na temporada de 95, se não me falha a memoria, é dono de muitas vitórias no surf e performances de arromba no filme “Cambito”.

 

Passou-se algum tempo desde a última vez que eu havia encontrado Renatinho trabalhando em uma surf-shop  em Santos. E o nosso reencontro foi justamente no evento de SUP. A categoria está atraindo mais novos adeptos e alguns desses, ex-surfistas profissionais.  

 

Renatinho me impressionou muito na forma de surfar. Sua radicalidade era extrema. Pra quem o viu surfar muito na pranchinha e sabe do seu potencial e estilo, sua pegada no SUP atual lembra muito seu auge, quando pancadas e derrapagens controladas, aliadas à velocidade, eram uma constante.

 

Outro excelente ex-surfista competidor e agora praticante da modalidade SUP nas ondas é Evandro dos Santos. Catarinense da Barra da Lagoa, ele manobra com estilo e radicalidade. Aliás, radicalidade é uma palavra que me deixa de boca aberta quando se trata do SUP, pois nego tá fazendo de tudo.

 

Batidas mais que verticais, rabetadas e derrapagens, aéreos e até mesmo 360 “estrelinha”. Nego brinca com aquilo ali. Se bem que o tamanho das pranchas vem cada vez mais diminuindo, de 10 passaram pra 9 pés. De 9 pra 8 e agora tem nego usando até prancha menor que 7 pés.

 

O equilíbrio fica bem mais  difícil ,a atenção e a condição física têm de ser redobradas. Eu que o  

diga. Como meu SUP era um 9’4, consegui um bem menor emprestado com Alzair Russo, fera braba na fabricação das “embarcações”.

 

Nunca tinha usado uma prancha menor. Gostei, mas tenho de treinar muito pra chegar ao nível da “supista”. E só o tempo dirá se irei praticar mais ou não, pois se já acho um saco carregar prancha pequena, imagina prancha gigante! 

 

Se depender dos relatos de Renato Wanderley, ele começou como quem não queria nada e quando viu, tava totalmente dentro.

 

Uma coisa legal no evento era que todos os praticantes davam muitos toques aos menos experientes. Minha esposa, que vem remando com certa frequência, caiu na curtição e participou da primeira bateria junto aos demais.

 

Seu relato ao sair da água foi de que os outros participantes estavam bem atentos em dar os toques, já que nas ondas ela estava tendo certa dificuldade pelo tamanho da prancha, uma 9’6 bem  

trambolho.

 

Em outra ocasião, recebi conselhos de outro atleta que me explicou melhores posicionamentos para o remo na hora das manobras. E é claro que absorvi. Nas próximas ondas já irei usar os experimentos, pois por mais que a experiência nas ondas ajude, tem muita artimanha que só praticando SUP nas ondas o indivíduo vai conseguir.  

 

Com mais esta categoria no surfe, o lineup ganhou um parceiro à altura do longboard. Já vi um bocado de confusão, principalmente no Hawaii, onde pela facilidade de haver canais para adentrar-se ao mar, sem levar uma única onda na cabeça, muitas vezes atrai todo o tipo de praticante.

 

Leia-se, sem muita experiência. Muitos já usam pranchas menores e tendo bem mais controle, mas vale a dica pra os que tem menos comando pra guardar certa distância dos demais, pois se um negócio daquele pega na cabeça, ”mata”!

 

No geral,é legal manter uma boa postura no lineup, pois a facilidade que se tem para pegar uma onda de Sup é maior. Geralmente quando pratico nas ondas, procuro ficar um pouco mais  

afastado dos demais, ou então, em raras ocasiões em que parmaneço mais próximo, procuro pegar ondas que os outros não iriam pegar devido à falta de remada etc.  

 

Mas não sou um esportista do SUP, logo para os reais adpetos, isso não deve ter nexo, já que a turma vai mesmo é querer pegar onda. Logo, vale uma vez mais o respeito e sensibilidade de todos  

no outside para que impere a paz e alegria.

 

Muita saúde e um feliz 2012 para todos!

 

 

 

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.