Espêice Fia

Casa de surfista

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Foram alguns anos na estrada do surf. E, como já dizia uma amiga de minha mãe (mãe de dois surfistas ídolos em João Pessoa): “não deixe seu filho viajar, senão depois ele nunca mais para”. Dito e feito, quando somos mordidos pelo “bichinho” da busca às ondas não conseguimos mais parar.

Pode até diminuir de intensidade, mas o termo parar, não existe, é sempre finalizando uma trip e já pensando em outra. Depois dos tempos no tour, as viagens passam a ser mais esporádicas, no entanto a vida permanence agitada.

O lado bom é que em casa acaba-se pegando as boas ondulações que aparecem. Por motivo de contusões, perdi duas boas ondulações no mês passado, no entanto, venho surfando constantemente nestas do mês de agosto.

Nada muito grande, no entanto algumas muito perfeitas e divertidas – com cerca de um 1,5 metros – tal como um fim de tarde na Joaquina, onde paredes extensas corriam atrás da “Careca” até o meio.

Destaque para Fabrício Machado (com suas longas passadas, rasgadas e batidas), surfista local e estrela do documentário Pegadas Salgadas, de Luciano Burin. Em uma session gravada na Joaca, ele achou as melhores do dia e em uma delas teve a cena gravada por quatro ângulos diferentes. Um tubo para a direita.

Acordar cedo é a pedida, pois quase sempre fortes ventos entram no meio da manhã. Mesmo com as previsões locais, vale a máxima que eles mesmos pregam, ou seja, vá ao pico e faça sua “visão”.

Quase sempre faço os dois, escuto a turma dos surf-repórteres e checo alguns picos mais próximos da minha casa, sendo assim, também dá para quase sempre surfar nos melhores locais e horas. E é aquela coisa, acordar na matina aqui no Sul tem seus benefícios visuais.

“Sunrises” de sonho e com direito a baleias em seus balés matinais. Destaque para a vista no Morro das Pedras, onde algumas mamães relaxam com seus filhotes a poucos metros do costão. Outro dia foi assim, trégua na friaca e o sol estendendo-se por mais de uma semana.

Com céu azul camuflado com ligeira névoa, visual também de aeronaves riscando tudo, uma pintura. E se tudo é bonito, as ondas que o digam, picos perfeitos para a alegria da galera.

Venho surfando constantemente com o fotógrafo James Thisted que, aliás, vem gravando muito em vídeo. Algumas boas imagens com certeza irão surgir em breve no Waves, já que junto ao James uma galera está sempre revezando nas sessions.

Nestas empreitadas já surfei com Marcio Farney, Diego Rosa, Marco Polo e uma variedade de hot grommets como os “Wood brothers” Cauê e Luan. Aliás, Cauê foi premiado com seu bambino Caíque. De apenas 6 meses, já acompanha o pai nas praias catarinenses, mesmo algumas delas sendo em trilhas com exóticas caminhadas de até uma hora de duração. Será que o moleque vai ser surfista?

Em uma destas praias entocadas, surfei na compahia de Julio Terres, que sem patrocínio, está quebrando tudo. Incrível, o moleque da Barra da Lagoa está afiado, mandando muitos aéreos!

Igualmente voando, mas já com um “patrô” no bico, Yago Dora também distribuiu ótimas performances nestes dias de inverno, seja nos tubos de backside ou em aéreos de front.

Para finalizar, em casa de surfistas todo mundo surfa. Sou felizardo de ter a compania da família na água. Além de Igor e Ian, neste mês minha filha estigou de novo e já deu algumas caídas. Sem falar de minha esposa, que mesmo com algumas sessions de stand up esporádicas, sempre está dentro da água filmando algumas sessões da galera no backyard.

Então só posso afirmar que está bom, uma curtição só, neste litoral abençoado. Muito obrigado e abraços para a turma! Assim diz o amigo e fotógrafo Christian Herzog, outra fera que costuma fazer clics mágicos da ilha.

Fábio Gouveia
Campeão brasileiro e mundial de surfe amador, duas vezes campeão brasileiro de surfe profissional e campeão do WQS em 1998. É reconhecido como um ícone do esporte no Brasil e no Mundo. Também trabalha como shaper.