Um dos maiores surfistas de ondas grandes do mundo, o baiano Danilo Couto “quebrou” mais uma barreira e, novamente, foi pioneiro em mais um grande desafio.
Ele encarou as ondas de Cortes Bank, uma bancada inóspita na Califórnia (EUA), nos últimos dias 21 e 22 de dezembro, sendo o único brasileiro na expedição que contou com campeões mundiais de países como África do Sul, Austrália e Estados Unidos.
O grupo surfou em ondas de até 20 metros, equivalentes a um prédio de sete andares, e fez história ao encarar as maiores ondas já registradas em alto-mar e “domadas” por pouquíssimos surfistas até hoje.
Localizada a 160 quilômetros da costa de San Diego, a mística
onda de Cortes Bank é conhecida por sua imensa força e aos diversos perigos existentes no lugar.
O cenário é composto por navios afundados, os temidos tubarões brancos, correnteza, mar aberto e uma ilha submersa.
“Cortes é o ápice do surf em ondas grandes”, festejou. A viagem de ida e volta, saindo de San Diego, Sul da Califórnia, durou 10 horas por trecho. Os iates tinham aproximadamente 100 pés, com cinco jet-skis a bordo e equipes com dez pessoas.
“É o maior desafio possível surfar uma onda oceânica sem a ajuda de jet-skis na remada. As pranchas, que medem entre 3
e 4 metros, mais pareciam palitos de dente no meio daquele turbilhão de água”, relacionou o atleta.
Para o surfista brasileiro, é definitivamente um outro território, muito diferente dos locais onde os big riders costumam atuar ao redor do mundo.
“Uma vasta área, equivalente a uns dez campos de futebol, na qual os surfistas, remando, têm a tarefa de posicionar-se perfeitamente nesta imensidão, com objetivo de usar a força da remada para encarar essas ondas gigantescas. Um erro no posicionamento pode fazer uma avalanche aquática te engolir e te matar”, contou Danilo.
Em contato com a guarda costeira norte-americana, paramédicos e equipe de resgate aquático monitoraram os surfistas na água e reduziram os riscos da ação nas ondas gigantes.
O sistema de segurança foi fundamental para salvar a vida do renomado californiano Greg Long. Ele sofreu uma sucessão de ondas que o engoliram e quase se afoga. Também ingeriu um pouco de água e ficou inconsciente por cerca de um minuto.
Graças à equipe, Long foi resgatado a tempo e teve os cuidados necessários. Em seguida, o helicóptero da guarda-costeira o levou a um hospital em San Diego.
Seu estado de saúde é bom. “Fico muito feliz com a recuperação de Greg Long, um grande amigo e parceiro de expedições”, afirmou Danilo.
“Conversamos nas horas em que antecederam a viagem e nos comunicamos no que dizia respeito ao que estava disponível para a nossa segurança na viagem. É bom ficar claro que, antes de tudo, o que o salvou foi o seu preparo físico e mental, em primeiro lugar. Isso o fez resistir ao grande impacto. Depois, a equipe de segurança entrou em cena e finalizou o salvamento com êxito”, destacou o surfista baiano, que mora no Hawaii há mais de uma década.
Para ele, a segurança no esporte vem evoluindo muito nos últimos anos. Ele é uma das vozes mais ativas no cenário e vem organizando encontros e fóruns anuais para que os big riders tenham acesso às informações e treinos específicos.
“A força e a velocidade da onda são únicas. A violência com que ela quebra em alto-mar e o fluxo de água circulando na bancada representam, definitivamente, um outro patamar. É muito diferente das outras ondas grandes que surfamos perto da costa. O caldo também é proporcional ao tamanho e à força das ondas”, revelou Danilo, que, em 2011, venceu o XXL Big Wave Awards, maior prêmio de ondas grandes do Mundo.
A tecnologia dos equipamentos tem sido de extrema importância para a evolução da performance dos atletas, desde novos modelos de pranchas, pesos e medidas e, principalmente, o colete inflável. Quando o surfista é jogado em grandes profundidades e aciona o mecanismo, cartuchos de gás carbônico são ativados e o colete o auxilia de volta à superfície.
O desafio em Cortes Bank reuniu quatro barcos diferentes e 20 dos melhores surfistas de ondas grandes do mundo, todos especialistas em previsão oceânica.
Com a confirmação de ventos fracos e ondas gigantes, eles se deslocaram de diversas partes do globo e se encontraram no porto de San Diego para a expedição de suas vidas.
Para Danilo, foi um dia muito especial para todos os big riders. “Uma expedição em alto-mar, com muitas variáveis, uma condição extrema, que esperávamos há muito tempo e finalmente aconteceu”, comemorou o surfista de 37 anos.
“O clima de êxtase e satisfação depois das sessões era coletivo. Missão cumprida, todos sãos e salvos. Vivemos e nos preparamos diariamente para dias como este. Parece que acabo de retornar da lua ou algo assim”, completou o atleta.
Jaws Vale lembrar que Danilo Couto é também um dos brasileiros convidados ao Red Bull Jaws, Paddle at Peahi, que será disputado nas temidas ondas de Peahi, ilha de Maui, Hawaii, e está em alerta, pois um grande swell se aproxima para os dois últimos dias do ano.
Também conhecido como Jaws, o cenário das disputas reunirá 21 atletas de alto nível, como Kelly Slater, Shane Dorian, John John Florence, Jamie O’Brien e outros nomes de peso do surf mundial.
Em 2011, Danilo Couto conquistou US$ 50 mil ao vencer o maior prêmio de ondas grandes do mundo, o Billabong XXL Global Big Wave Awards. Na ocasião, ele surfou a onda mais impressionante da temporada para faturar a categoria “Ride of the Year” (Onda do Ano).
A montanha aquática foi domada em Jaws, mesmo lugar que sediará o “Red Bull Jaws, Paddle at Peahi”, e estabeleceu um novo parâmetro entre os surfistas que encaram ondas grandes na remada, sem auxílio do jet-ski. Desde então, o palco da competição transformou-se no maior desafio para os big riders.
Para conhecer mais sobre Danilo Couto, acesse a página do atleta no Facebook.