Arre égua, macho! A primeira etapa do Brasileiro Master da CBS em Fortaleza foi massa! Pense em um calor da bexiga, vento maral e onda atrás de onda! A praia do Futuro apresentou condições um pouco difíceis, no entanto satisfatórias, com 1 metro forte no domingo, dia das finais, que aliás teve Jojó de Olivença fazendo “baião de dois” na Grand Master e Kahuna, já que o bicho agora atravessou mais esta idade e é claro, recebe mais respeito.
Não sei se foi o novo cavanhaque do negão ou alimentação balanceada que disse estar fazendo, mas de fato o bicho estava conectadíssimo e com bastante disposição. Arriscaram a dizer que ondas divinas vinham até Jojó, mas o faro de campeão funcionou. O surfista mais veloz do evento sem dúvida era Fabio Silva, mas outro conterrâneo seu pregou-lhe uma peça e venceu a Master, principal categoria, no finalzinho. Rogério Dantas era o nome da fera e as quatro pauladas de backside lhe trouxeram ao primeiro posto.
Se tem um cara com idade avantajada, surf no pé e consistência, esse é o potiguar Edú Elias. Cara, o bicho é Grand Kahuna! Surfa da mesma forma desde a época em que o via no Performance, clube de surf natalense na década de 80. Os locutores não paravam de enaltecer as duas caídas diárias regularmente nos “treinos” de Edú, que claro, foi o campeão entre os cinquentões.
Praia do Futuro estava uma festa para o surf e até uma apresentação de surf noturno rolou. Não havia holofotes direcionados para o oceano, e sim pranchas iluminadas com led! Aquela lá da Pukas, que aliás traziam o shape de Johnny Cabianca, fera braba, atual shaper do Medina.
As pranchas estavam meio pesadas devido à estrutura, no entanto, a dificuldade maior era pegar a onda. Aquela coisa “alumiando” me deixava encandeado! Acho que era mais legal para o público do que realmente pra nós que estávamos ali. Mas a brincadeira era legal, quando furávamos uma onda o visual embaixo da água era totalmente psicodélico!
Eu, Fabio Silva, Saulinho Carvalho e Teco Padaratz nos divertimos durante a apresentação. Nesta mesma noite, que aliás estava bastante iluminada pela lua cheia, rolou um som de duas bandas,A banda local Tow-in arrebentou primeiro e depois foi a vez da importada de Floripa: Teco Padaratz e os Cinco e Onze.
Teco não competiu, pois tinha um show agendado para o domingo em Salvador. Meu parceiro de longas datas competitivas estava em turnê, já tinha passado por Maceió e Recife (Porto de Galinhas). A diversão foi garantida na “Guarderia”, badalado pico da praia do Futuro perto do palanque do evento. Como dizem os cearenses: “coisa fina”.
Não fiquei até o final do show, pois tinha bateria no dia seguinte, mas as músicas de própria autoria e alguns covers tocados por Teco e os 5’11’’ que escutei deram conta do recado. Aliás, Teco melhorou bastante, com certeza vai se dar bem. Carreira de músico realmente é mais difícil que no surf, mas a áurea competitiva que lhe pertence, seguirá. O novo nome da banda segundo Teco, é ilusório ao tamanho de prancha mais usado pelos surfistas em geral. Mas os integrantes eram maiores, ou seja, se fosse jogar uma medida correta pra turma seria 6’2”.
As pranchas hoje em dia estão diminuindo e arrisco a dizer que 5’9” é um tamanho básico, mas para nossa geração a 5’11” perpetuou e neste contexto, o nome da banda está bem divertido.
A Grand Master foi a primeira categoria a ser premiada e fiquei triste, em quarto. Não ter achado as ondas não era consolo. No pódio, discurso prolongado de Geraldo Cavalcanti, no entanto, convincente. O presidente da Associação Nordestina relatou as dificuldades de organizar os eventos, de se conseguir apoios necessários.
O presidente da CBS também foi lembrado. Adalvo Argolo estava na China, acompanhado a seleção brasileira de surf. A premiação teve uma ligeira melhora, duas passagens Recife / Noronha, pranchas e blocos para os primeiros colocados. Na CBS não existe premiação em dinheiro, mas uma maior recompensa com certeza deixa a turma mais animada.
Turma essa que segue as etapas com amor ao surf, com amor a pátria, já que nestas etapas, soma-se a classificação para o mundial de times que rolará este ano no Equador. E por falar em times ,sabe onde fui correndo logo depois de descer do pódio da Grand Master (por isso não vi o resto da premiação)? Para o novo Castelão! Cheguei atrasado para assistir ao meu Sport contra o Fortaleza. Inauguração do estádio ,depois ainda haveria outro jogo, Ceará e Bahia.
Lembrei do formato Kelly Slater no WCT. Trânsito complicado, rodovia de acessos ao estádio ainda inacabadas. Quatro torcidas no mesmo local. Imaginei “vai ter porrada!” O público esperado era maior, talvez um possível confronto de torcidas tenha afastado outros tantos. Mesmo assim, faltaram comidas e bebidas nas lanchonetes. Era uma partida experimental. Tiveram os transtornos, mas aquela era pra turma se alinhar. Que estádio magnífico, me senti na Europa.
O jogo estava ruim, os times estavam ruins, mas quando escutava um; “fio de uma égua, bota esse pé na forma,seu baitôla”, aí a ficha caía e me acabava de rir. A disputa era grande entre Fortaleza e Ceará para ver quem faria o primeiro gol no novo estádio. Provocações à parte, nenhum nem outro e nem meu Sport. Sobrou para o Bahia a honraria.
No momento do gol, liguei para Armando Daltro, torcedor do time baiano e que no momento estava com Teço em Salvador para o último show da turnê. Antes que me esqueça, agradeço ao Amélio Junior por ter levado eu e minha esposa ao jogo e também ao Dunga Neto por ter me levado ao Pecém, pico ao Norte de Fortaleza.
As ondas estavam pequenas, pois ainda era a quinta-feira antes do evento. Mas estavam divertidas quando surfei de biquilhas. Dunga estava conectado, o surf ali para ele é habitual. Muitos perguntavam se ele iria correr o evento Master. A resposta era imediata: “ainda estou correndo o Profissional, macho!” E escutei muito sobre o Dunga durante minha viagem a Fortaleza e sobre o quanto ele é profissional.
De fato, o cearense acorda cedo todos os dias e segue dando suas duas quedas diárias acrescidas de uma preparação funcional em academia. Deste jeito vai estar em grande forma na Grand Kahuna, com certeza, quando for um cinquentão.
E no meu voo de volta, quem encontro no aeroporto cheio de pacotes de castanhas do pará e de caju? Jojó de Olivença! Desta forma, combatendo os radicais livres, ninguém segura o negão nem depois dos 70. Dá-lhe “Grampa Grand Kahuna” no Futuro!