Campeão do Billabong XXL Global Big Wave Awards em 2011, com uma “bomba” domada de forma audaciosa em Jaws, Hawaii, o baiano Danilo Couto volta a ser forte candidato ao prêmio, desta vez na categoria Biggest Wave, destinada ao atleta que surfar a maior onda da temporada. A nova onda gigante dropada foi na Irlanda, em meio a um mar congelante.
Ele já ficou entre os cinco finalistas do prêmio em nove ocasiões. A única categoria na qual nunca brigou pela vitória foi a de wipeouts mais especulares. Em 2001, o prêmio veio na categoria Ride of the Year – onda mais impressionante do ano.
De olho em uma ondulação pesada na Europa, Danilo embarcou para a Irlanda no dia 18 de janeiro. Os primeiros dias na Irlanda foram de muitos tubos pesados na rasa bancada de Mullaghmore, conhecida como Teahupoo europeia, devido à semelhança com as ondas do pico taitiano.
Porém, na Irlanda, as adversidades são ainda maiores. As pedras da rasa bancada formam várias bolhas e dificultam o percurso do surfista. A água congelante e o tempo frio, muitas vezes com neve e chuva, aumentam o desafio. Quando já estava na Irlanda, Danilo e seus amigos notaram que um novo swell se aproximava no fim de semana seguinte, junto com a maior tempestade dos últimos cinco anos.
Como a Irlanda seria o lugar que receberia as maiores ondas na Europa, ele optou por permanecer em Mullaghmore, mesmo com sob clima totalmente desfavorável. Já outros surfistas que chegaram para o primeiro swell não quiseram permanecer na costa irlandesa e foram embora antes da tempestade e das ondas brutais.
A atitude corajosa de Danilo Couto, Kohl Christensen, Eric Rebiere e Alain Riou foi recompensada com uma sessão de big surf inesquecível. Depois de muita espera, ansiedade e incertezas, o swell chegou furioso. O tempo amanheceu nebuloso, com tempestade. As ondas estavam pesadas e eram as maiores já vistas naquele país.
O vento era muito forte, as rajadas quase derrubavam os surfistas ao chão. As esquerdas tubulares estavam meio tortas, explodindo na bancada de pedra. A temperatura do ar chegava a zero grau; da água, 6 graus. “Um ambiente tão hostil, quase impossível de surfar, mas muito prazeiroso por realizar a missão e finalizar o dia com uma cerveja gelada e um caldinho de peixe fervendo, no extremo Atlântico Norte”, comemora o surfista, que tem o apoio da HB.
O mesmo swell atingiu outros países da Europa, como Portugal. Em Nazaré, na praia do Norte, os havaianos Garrett McNamara e Keali Mamala desafiaram as ondas lusitanas ao lado de alguns portugueses. Uma foto de Garrett rodou o mundo através das redes sociais e criou-se uma especulação de que o havaiano teria quebrado seu próprio recorde no Guinness Book, surfando uma onda ainda maior que a de 2011, quando entrou para o livro dos recordes ao pegar uma bomba estimada em 78 pés (aproximadamente 25 metros).
Apesar de muitos veículos da imprensa exaltarem a nova onda de Garrett, alguns especialistas em big surf contestaram o real tamanho da onda e sua participação no prêmio XXL. O conceituado jornalista norte-americano Marcus Sanders, editor do maior site especializado em surf do Mundo, escreveu que a onda cria grande volume, mas não chega a quebrar na profunda bancada.
E questionando sobre a medição de uma onda, que não quebrou, a polêmica fez com que muitos surfistas passassem a comparar as ondas de Portugal às da Irlanda. Em Mullaghmore, a pouca profundidade da água faz com que as ondas explodam sobre a rasa bancada, proporcionando extremo perigo.
O período de dezembro a janeiro foi muito especial para Danilo Couto. Antes de pegar ondas gigantescas na Irlanda, o baiano destacou-se em sessões de surf extremamente pesadas em Cortes Bank e no Hawaii.
As excelentes atuações de Danilo Couto na temporada o credenciam ainda a brigar por outros prêmios do XXL: o de melhor performance entre todos os big riders e o de maior onda surfada na remada, com uma bomba em Cortes Bank, Califórnia (EUA), bancada inóspita situada a 160 quilômetros da costa de San Diego, repleta de tubarões, pedras, correnteza e ondas consideradas verdadeiras avalanches.
O XXL distribui US$ 50 mil para o surfista que pegar a melhor onda da temporada – Ride of the Year. As outras categorias em disputa são Paddle Award (melhor onda na remada), Tube Award (maior tubo), e Girls Performance (feminino).