David Nagamini

Conexão Pico Alto

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No começo de abril, fiquei monitorando o swell no Pacífico Sul por meio de um site americano de navegação.

 

Com o reforço das palavras de Luisito – big rider da nova geração peruana -, me joguei de ultima hora. 

 

Cheguei à Punta Hermosa a tempo de pegar o primeiro swell.

 

Hoje em dia, vou ao Peru para surfar em Pico Alto. Lugar onde encontro paz até nos caldos.

 

Na primeira queda, a formação era muito boa, com sol e ondas de até 4 metros.

 

Peguei a 9`6“e fui pra água. No momento que cai, havia só mais seis peruanos e a galera do jet-ski saindo. 

 

Pude avistar uma série em minha direção e, como estava posicionado sozinho, remei para minha primeira onda. 

 

Aos gritos, sai voando do lip ainda tentando completar o air drop. Tomei o caldo e o resto da série na cabeça.  

 

Quando achei que estava tudo sob controle, a cordinha saiu. Tinha um cara do meu lado que saiu nadando também. Jaime Venegas, experiente local do pico, passou ao meu lado e ficou no apoio.

 

Depois de uma natação muito longa, sai pelas pedras e recebi a minha prancha intacta.

 

Agradeci e fui para casa consciente de que sem um jet-ski não tinha mais condição física para remar tanto.

 

Cheguei à pousada e encontrei Pedro Calado, que me chamou para cair à tarde, mas acabou indo sozinho.

 

Foi em Pico Alto que tive o prazer de assistir pela primeira vez o drop de Calado. O garoto mostrou que não foi à toa a revelação do big surf com apenas 17 anos. 

 

Parabéns a iniciativa do Felipe “Gordo” Cesarano, que promoveu Pedro Calado por merecimento.

 

No dia seguinte, ganhei um presente: surfar em Punta Rocas, com ondas de até 3 metros. Meu colega Oscar Devittta registrou tudo.

 

Até gravei um vídeo sobre a condição clássica. No Brasil, com aquelas ondas, iria ficar bem complicado para o surf.

 

Na sexta, chegou o Gordo, acompanhado de Pedro Manga e Carlos Burle. Eles levaram na bagagem o big rider Pedro Scooby e uma equipe de produção de vídeo de um canal de TV. Fiz uma parceria com o pessoal, emprestei minha câmera e fui pegar onda.

 

A previsão acertou novamente e durante todo o dia de sábado rolaram altas ondas de 4, 5 a 6 metros. O sol ajudou bastante no visual e tivemos incríveis finais de tardes.

 

Domingo, o mar baixou com séries de no máximo 3,5 metros e parti no meio minha 9`6“ logo na última onda. Procurei, mas não achei a outra parte. 

 

Às vezes, passamos por uma tempestade e nada acontece. E, quando estamos na sombra, cai um coco na cabeça. Acontece.

 

Agradeço a Deus e a todos que participaram da trip. O surf ao lado do Pedro Manga depois de tanto tempo, ao treinamento e palestra que fiz com Karoline Meyer – dona de oito quebras de recorde mundial em apnéia.

 

Estou desenhando um mapa de Pico Alto e aqui segue algumas dicas básicas depois de muitos caldos e alguns posicionamentos perigosos na bancada. 

 

Se for surfar à tarde, saiba que mesmo não estando sozinho, a natação é longa (mais de 1 km) e o máximo que teu amigo pode fazer é te acompanhar e emprestar a prancha para descansar – no caso de não ter um jet pra resgate. 

 

É recomendável que ao sair nadando você siga em direção às duas pedras “cabeçudas”. A ideia é sair no meio delas evitando o canal e a corrente de retorno.

 

Certeza de que está com o condicionamento físico e mental em perfeito estado. Um caldo neste lugar é bem pesado.

 

Busque um ponto em terra firme para ter um bom posicionamento no outside. Esse ponto pode variar conforme o tamanho e a direção do swell. 

 

Respeite a galera local, eles são amigáveis. Em ondas grandes não existem grandes rivalidades, são grandes parcerias. 

 

No mais, quando a série bater no horizonte reme com confiança e tranquilidade. 

 

O freesurfer e fotógrafo David Nagamini é correspondente do Waves e tem apoio da Fluel Wetsuits em Garopaba (SC).