Paulo Diego

Imbica mas não breca

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“Imbica? Mas isso lá é nome de Big Rider? Mas precisa ter nome para dropar ondas grandes agora?”, esta foi a conversa de dois grandes nomes do surf de ondas gigantes. 

 

Há exatamente um ano, eu preparava um almoço na cozinha da pousada do brasileiro Vandielli em Puerto Escondido, México,  quando vejo a chegada de mais um hóspede. 

 

Eu estava no pico havia quase dois meses e curtia muito sentir a vibe e a expectativa de quem chegava a Zicatela, principalmente pela primeira vez. 

 

Geralmente, neguinho chegava cheio de vontade, mas com pranchas erradas, depois se apavorava só com o barulho das ondas quando elas passavam dos 2,5 metros.

 

Mas, aquele moleque de cabelo queimado e típica malandragem fluminense, tinha algo diferente da maioria.

 

Do seu imenso “sarcófago”, ele começou a tirar as pranchas. Eram várias, dava para ver que estava preparado como poucos. 

 

Mas, quando saiu aquela gun 9’10’’ “Picoaltera”, ele disse: “Vim aqui para pegar a maior e que se dane”.

 

Naquele momento, vi que ele era muito mais maluco do que aparentava. 

 

Paulo Diego Ferreira Vieira do Nascimento, local de Itacoatiara, Niterói (RJ), é mais conhecido como Imbica, apelido dado anos atrás por amigos, muito tempo antes de imaginar que algum dia droparia alguma onda grande de verdade. 

 

Ele mesmo diz que tinha o maior medo de ondas grandes, tanto que era muito mais fã de Itapuca (conhecido point de marolas perfeitas) do que de Itacoatiara. 

 

Na adolescência, Imbica se dedicava bastante às competições e até conseguiu alguns bons resultados em Niterói e arredores. 

 

Mas, chegou uma hora em que os troféus de terceiro e de quarto lugar já não satisfaziam mais o atleta e isso o desanimou bastante.

 

Ele ficou quase três anos afastado do surf.

 

Depois deste tempo conturbado, ele se dedicou aos treinamentos e passou a ouvir conselhos de ídolos como Beg Rosember, Guilherme Herdy e Bruno Santos. 

 

A partir daí, ele criou gosto pelas ondas pesadas de Itacoatiara, considerado um dos beach breaks mais perigosos do mundo, e não parou mais. 

 

Em 2011, junto com mais alguns amigos bodyboarders malucos, Imbica surfou o maior mar de sua vida em uma “Itacoa” de responsa. Inclusive, sendo destaque em uma matéria no site Waves, fato que o pilhou muito.

 

Bem preparado, fechando alguns apoios e muito confiante, ele se mandou para o Peru na intenção de dropar Pico Alto. 

 

Superando seus próprios limites, tomando muitas vacas, tendo uma atitude positiva e pegando na remada ondas grandes em vários swells, Imbica conquistou o respeito e a admiração dos locais de Punta Hermosa, onde morou por quase um ano. 

 

Tempo que ajudou muito no desenvolvimento do garoto de Niterói no big surf.

 

Em Punta, ele conheceu e teve algumas belas sessions com alguns dos melhores big riders do Brasil e do mundo, como Danilo Couto e Marcos Monteiro.

 

Depois do Peru, ele passou mais alguns meses matando as saudades de Itacoatiara, já com “pinta” de big rider, e não demorou muito para cair na estrada novamente.

 

Chile e México, onde eu o conheci, foram suas trips seguintes, lugares onde aprimorou muito a técnica em tubos largos e vacas pesadas. 

 

De volta ao Peru, onde vivia com sua namorada, nosso amigo começou a pensar seriamente no Hawaii, onde teve seu visto de entrada negado um ano antes.

 

Visto batalhado e conquistado, lá foi ele para sua primeira temporada havaiana com apenas US$ 500 no bolso. 

 

No Hawaii, ele foi recepcionado pelo amigo Lapo Coutinho e, como já diz o ditado, “diga com quem tu andas e eu direi quem tu és!”. 

 

As bombas eram o caminho e Imbica pegou suas melhores ondas em Waimea e Pipeline.

 

Em Pipe, em uma das maiores ondas que dropou, foi rabeado já dentro do tubo, vacando feio e tomando uma série de sete ondas na cabeça. 

 

Chegou ileso à praia. Mas, ainda vendo estrelas, deitou-se na areia e por ali ficou alguns minutos. Alguns amigos, inclusive, soltavam gritos de incentivo, principalmente pelos locais que estavam na casa da Volcom e assistiram seu perrengue.

 

Porém, nada se compara à experiência em Jaws, maior desafio do surf na remada da atualidade. 

 

Imbica se uniu a Felipe “Gordo” Cesarano, Pedro Manga, Diego Silva, Rodrigo Coxa e mais alguns “Brazilian Nuts” para arriscar seriamente o pescoço por puro prazer. 

 

Ele dropou sua bomba logo na primeira investida, tomou sua vaca e foi para casa com a sensação de dever cumprido. 

 

Recentemente, Imbica voltou de uma trip na Indonésia, onde refinou ainda mais seu surf e a técnica nos tubos. 

 

E, para quem algum dia duvidou do potencial deste garoto, segue uma sequência tubular em G-Land, digna de capa dupla em qualquer revista do mundo, comprovando que seu talento não se resume apenas às ondas grandes.

 

Paulo Diego Imbica conta com o importante apoio da Pro Lite Surf e da Joca Secco Surfboards.

 

O surfista ainda está sem patrocínio principal, o que dificulta muito a busca pelas maiores ondas do mundo, seu maior objetivo.