Todos os prognósticos de quem vive ao redor das pranchas – do mais otimista torcedor brasileiro ao cético analista australiano – apontavam resultados mais consistentes para a chamada Brazilian Storm, a elite do surf nacional, na temporada de 2013.
As previsões pareciam se confirmar com o show em Bells – além da vitória da Adriano de Souza, vimos o brilho do novato Filipe Toledo, do experiente Raoni Monteiro e do wild card Willian Cardoso em ondas exigentes, para quem sabe desenhar arcos.
Na etapa seguinte, o rolo compressor brasileiro seguiria firme, com Adriano em segundo, Gabriel Medina em terceiro e Filipe Toledo em quinto. A vitória de Jordy não atrapalhou.
Mas, desde então, os surfistas brasileiros amargam, se não a pior, uma das piores sequências de resultados negativos da última década. Foram três etapas, só em ondas de sonho: Fiji, Bali e Taiti. Quem chegou mais longe foi Adriano, com um tímido nono lugar na balinesa Keramas.
Acumulamos potes cheios de 25º e 13º lugares, e muitas, muitas derrotas por décimos.
O que houve, então? Não acredito que os resultados sejam o prenúncio do fim da tal tempestade brasileira, que marcou os últimos anos. Parece, para mim, um período de instabilidade, como o que acontece à vera em fenômenos realmente meteorológicos. Um surfista machucado, outros perdendo baterias difíceis, uma onda que não veio, essas coisas.
Mas o mundo real é feito de resultados. Enquanto o time brasileiro não exercer um domínio consistente – e não apenas com alguns resultados pontuais – nos melhores tubos oferecidos à elite do mundo, vai ter gente achando que nossa força ainda é restrita a areia e onda pequena.
Depois das trágicas três etapas de sonho, o Brasil tem espaço para se recuperar em searas mais conhecidas, como Trestles, os beach breaks franceses e Peniche. Nessas ondas, como no mundo real, raios caem, sim, no mesmo lugar. Várias vezes.
A fama de super freaks dos surfistas de Pindorama em ondas de aéreo torna um bom resultado nas próximas provas quase uma obrigação. É aquela história de brigar com bêbado – mesmo sabendo que os cachaceiros à sua frente são os melhores surfistas do mundo.
Acredito – sem exageros de otimismo – que a elite verá mais uma vitória brasileira este ano. Mas também tenho certeza de que o Brazilian Storm precisa seguir na luta, com todas as armas, para ser mais contundente, mais incisivo, nas melhores ondas do circuito mundial.
Pipeline está logo ali, no fim do ano. É um ótimo palco para a recuperação.