Segurança aquática

Big riders debatem no Hawaii

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Risk Assessment Summit reúne big riders renomados em Turtle Bay, Hawaii. Foto: Rusty Russel.

Brian Keaulana orienta a galera na água. Foto: Rusty Russel.

Os recentes acidentes envolvendo surfistas, como a morte do californiano Kirk Passmore, na bancada de Alligator’s, em Oahu, e o susto com Maya Gabeira, em Nazaré, Portugal, reacenderam o sinal de alerta daqueles que caçam as ondas gigantes mundo afora.

 

Mas bem antes disso, o big rider brasileiro Danilo Couto, há 15 anos radicado no Havaí, já se preocupava com a segurança na água.
Pelo terceiro ano, ele promoveu o Fórum de Avaliação de Risco em ondas grandes, visando a educação e a preparação para salvar vidas, sobretudo entre os ‘big riders’.

 

Realizado nos últimos dias 19 e 20, no hotel Turtle Bay, em Oahu/Havaí, o encontro teve dois dias de duração e contou com a importante presença do lendário Brian Keaulana, comandando um treinamento na água. Também foram discutidos temas como técnicas de regaste com jet ski, ocorrências passadas e treinamento de respiração cardiopulmonar (RCP).

Um evento histórico, que vem ganhando força e quer transformar o esporte. “Ao longo dos últimos dois anos, aprendi que precisava fazer algo como este fórum. Tudo isso faz parte do movimento de segurança que vem acontecendo. Ele já ajudou a salvar atletas como a Maya (Gabeira) e Greg (Long). Tivemos diferentes gerações, desde os grommets até a velha guarda e houve muita troca de conhecimento e experiências. Este é apenas o começo e é obvio que precisamos seguir treinando, para estarmos prontos para agir rápido e corretamente em caso de acidente”, disse Danilo.

“A maior satisfação são as vidas salvas, pois essa é a missão: tentar buscar algo positivo de um acidente trágico. Mais do que um evento, é uma mensagem onde a preparação e o treinamento são fundamentais e não apostar que tudo sempre vai ocorrer bem. Estar preparado para salvar o próximo”, comentou o bicampeão do Prêmio XXL Global Big Wave Awards – o Oscar do surf de ondas grandes.

Ele reforçou que a ideia é gerar um alerta, despertar a atenção de todos para esse assunto, e que estejam preparados para um salvamento, se necessário. “Os antigos eram muito mais conectados com o instinto de sobrevivência. A geração atual pensa completamente diferente. Não estamos tentando reinventar a roda, mas lembrar como os originais, os pioneiros faziam, uma comunicação e interação entre diferentes gerações”, relatou.
O atleta da equipe Pena reuniu nomes de destaque no encontro, como os irmãos Josh e Seth Moniz e Nathan e John John Florence, Darrick Doerner, Mark Healey, Jamie Sterling e Koa Rothman. Entre os brasileiros, Yuri Soledade, Marcio Freire, Lapo Coutinho, Caio Ibelli, Diego Silva, Alessandro Costa, Cesinha Oliveira, Kona Oliveira, Keale Lemos, Juan Gomez e o fotógrafo especializado em ondas gigantes, Fred Pompermeyer.

“A corrida pela foto, pelo prêmio, pelo sucesso, muitas vezes tira o foco. E nas ondas grandes, a sintonia e respeito com o mar são fundamentais. É preciso olhar o line up de uma maneira mais ampla e não apenas naquela onda gigante que queremos. Pensar no coletivo e todo ambiente também”, argumenta Danilo Couto, que junto com o patrocínio da Pena tem os apoios de HB Sunglasses e Rhyno Foam.

Idealizado e iniciado por Danilo, o movimento tem a organização do havaiano big rider, Kohl Christensen, Liam e Jodi Wilmoot. “E o mestre Brian Keaulana, que ensina e dá as lições de água e vida. O Brian é o cara”, elogiou o surfista baiano, que teve a ideia do encontro depois de presenciar a morte do havaiano Sion Milosky em Maverick’s e de remar em picos nunca explorados.

“Na mesma época, ganhei o prêmio XXL com uma onda em Jaws, o Sion estava numa fase incrível e também era um favorito ao título. Aquela perda me incomodou muito. Fiquei inquieto, batalhei para mudar algo, vi que faltava comunicação entre a galera. Falta de preparo para lidar com acidentes. Então falei com várias pessoas do meio e o fórum começou a ganhar força quando conversei com o meu amigo pessoal, Kohl Christensen, e fizemos um treinamento de massagem cardiopulmonar na garagem da sua casa, logo em seguida”, lembrou Danilo.

 

Segundo ele, há uma onda de conscientização sobre segurança entre os big riders e um mês antes do acidente com Aldemir Calunga, em Puerto Escondido, um grupo de atletas, incluindo o próprio Danilo, se juntou para comprar equipamentos importantes para a torre dos salva-vidas, como cilindro de oxigênio e desfibrilador. Em Cortes Bank, na Califórnia/EUA, o jovem D.K. Walsh – irmão do big rider Ian Walsh – foi fundamental no resgate de Greg Long. O surfista tinha feito o treinamento de apnea e mergulho livre, também divulgado por Couto.

Carlos Burle, que fez o resgate de Maya Gabeira em Nazaré, também aprendeu a aplicar as técnicas de ressuscitação no Fórum. “Felizmente, a Maya e o Greg,que são muito bem preparados fisicamente, sobreviveram a essas situações de extremo risco, principalmente em função do preparo físico, associado a técnicas de resgate dos colegas. Mas também temos fatalidades, como o Kirk Passmore, em Alligator’s. Ele não tinha o colete de flutuação e  não teve a mesma sorte”, revelou Danilo.

Segundo o big rider baiano, a ideia é manter o fórum firme e forte, evoluindo de acordo com as necessidades e com a resposta dos surfistas. “Temos uma nova geração de atletas nas ondas grandes e é importante a criação de organização, de protocolos, de procedimentos básicos, de uma base a ser seguida É importante que seu parceiro nas ondas grandes esteja preparado para te salvar, se necessário”, finaliza o baiano, que agora aguarda a chance de poder participar do 28º Campeonato em Memória de Eddie Aikau, onde é um dos alternates.
Para conhecer mais sobre Danilo Couto, acesse facebook.com/danilo.couto39.