Ainda em meados do ano passado, iniciei uma conversa com o amigo e shaper Adriano Nunes, o Gula. Falávamos da ideia de se produzir pranchas que combinassem os aspectos visuais das pranchas antigas com conceitos de shape evoluídos.
Tudo isso surgiu pelo fato de eu ser um atleta de longboard e ter a possibilidade de conhecer e conviver com alguns surfistas que me despertaram o interesse no surf de linhas mais suaves, sem pretensões performáticas.
Não que eu seja contrário à progressividade. Diferente disso, acho que ela faz parte do processo evolutivo da modalidade, e no caso do longboard brasileiro é uma característica forte dos nossos surfistas.
Alguns que acompanham a minha carreira devem estar se perguntando: mas o Leco não faz pranchas com os irmão Bartoli? Sim, a Board Inc. Longboards é minha patrocinadora oficial de longboard. Aliás, há alguns anos os irmão Daniel e Eduardo Bartoli focaram todas as atenções nos longboards, desenvolvendo modelos de alta performance aos modelos clássicos, sempre feitos à mão e valorizando o acabamento diferenciado e artístico dos longboards.
Porém, não cometi o erro de surfar com apenas um tipo de prancha. Para desfrutar de tudo o que o esporte dos reis oferece é preciso abrir a mente e se divertir com diversas pranchas ou até mesmo sem pranchas.
Ano passado comecei a buscar parceiros para desenvolver pranchas específicas. A Board Inc. está focada nos longboards. O Adriano Nunes, da Progression Session, apesar de produzir todos os tipos de pranchas, aposta muito nas pranchas alternativas e retrôs. Claro que esse conjunto de parcerias não daria certo se não houvesse amizade, conversas abertas e um sentimento alinhado sobre o surf.
Acho que poucos surfistas têm essa oportunidade de trabalhar com fabricantes diferentes, sem criar “mal estar” entre as partes. Espero conseguir dar vida longa a essa ideia e já planejo agregar um shaper de SUP´s ao grupo.
Junto com o desenvolvimento da primeira prancha, venho tratando de uma lesão no tornozelo, que já está durando mais que o esperado. Infelizmente o tratamento ainda não apresentou bons resultados e estou fora da água há alguns meses. Em contra partida, pude acompanhar de perto a produção da prancha. Filmamos e fotografamos boa parte do processo de produção. O resultado final é animador, mas ainda não pude testá-la devido à lesão.
O Gula é um shaper novo, mas com uma grande bagagem dentro da água e na sala de shape, e está sempre atualizado sobre as mais variadas técnicas de produção de pranchas. Nesta primeira pranchas, utilizamos um bico diferente, quilhas de madeira, laminação pigmentada, uma grande rabeta reta. Este é um modelo que promete muita diversão em ondas médias e pequenas.
